segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Angola e a crise financeira internacional:Cibernauta responde ao novo Minstro das Finanças

(Transcrição do fac-simile) "Angola não tem aplicações em produtos de risco no mercado financeiro internacional, garantiu o ministro das Finanças, Severim de Morais. O titular da pasta das Finanças acrescentou que a maior preocupação de Angola reside na queda dos preços do petróleo. “É evidente que temos boa parte dos nossos depósitos em bancos correspondentes no exterior, mas não estão aplicados em produtos de risco. Pode haver uma ligação indirecta com a crise, mas no preço do petróleo”, disse o ministro. (...) O ministro desdramatizou os receios quanto à relação entre os bancos angolanos e a crise internacional. Explicou que o sector financeiro angolano é ainda bastante insípido, com uma bancarização da economia na ordem dos 6,5 por cento. “Isto, até certo ponto, funciona como uma certa protecção contra possíveis crises que surjam no mercado financeiro”, afirmou Severim de Morais, sublinhando que o Banco Nacional de Angola tem exercido forte intervenção no mercado interbancário, através de acções do Departamento de Supervisão Bancária. Português Lx - finzar@gmail.com escreveu o seguinte no www.angonoticias.com: "Entendo estas afirmações como uma forma de tranquilizar as pessoas, mas seria interessante saber quais são os bancos correspondentes estrangeiros e em que produtos investiram esses bancos, porque é notório que os principais Bancos de Investimento estão em grandes dificuldades e por essa razão estamos a assistir intervenções estatais nesses bancos. Além disso ainda ninguém conseguiu determinar a real magnitude do buraco e das ramificações que os produtos derivados geram no sistema financeiro, aliás são conhecidas situações de investidores que investiram em produtos financeiros sem saber que estavam a investir em produtos estruturados ligados ao sub-prime devido a grande complexidade como estes produtos foram construídos. Neste contexto de crise seria importante questionar a politica económica de Angola, principalmente, qual a utilidade de adquirir participações financeiras qualificadas em empresas estrangeiras sem ter possibilidade de exercer o controlo efectivo sobre a sua gestão? A titulo, de exemplo, qual a utilidade do investimento da Sonangol no BCP? Alguém sabe dizer quanto dinheiro se perdeu nessa participação financeira? (Refiro-me à sua desvalorização) Alguém sabe qual foi o benefício deste investimento na economia real angolana? Será lógico investir milhões de euros numa participação financeira só para ter um lugar na administração mas não ter nenhum voto na matéria? Não seria mais interessante, investir o excesso de liquidez de alguns sectores angolanos na aquisição de médias empresas que permitam o controlo efectivo dessas empresas. A titulo de exemplo, qual a utilidade de investir milhões de euros numa Mota-Engil para ter 5% ou 6% do seu capital, quando se pode adquirir uma construtora de média dimensão e ter o seu controlo efectivo, além de que existem muitas empresas médias com um alto nível de know-how, tecnologia e de recursos humanos, tendo essas empresas acesso privilegiado ao mercado angolano em 5 ou 6 anos poderiam ser empresas de grande dimensão e além disso de capital angolano. Não será altura de repensar a estratégia económica num pais excessivamente dependente do petróleo, sem indústria, sem empresas, cuja procura interna é totalmente alimentada pelas importações? Porque esta politica de ter participações financeiras em grandes empresas cotadas apenas vai prolongar a exploração da economia angolana pelas grandes multinacionais, não se vai traduzir em desenvolvimento". (in www.angonoticias.com/full_headlines_.php?id=21348)