quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Papa Bento XVI devia visitar Cabinda
O Sumo Pontífice visita-nos em Março mas já avisou que para ele Angola é só Luanda.
De facto, ele não disse bem isso, mas deixou entender.
Por favor, não me processem.
Já é, contudo, ponto assente que nesta sua primeira deslocação ao nosso país, Bento XVI só estará disponível para abençoar os santinhos dos caluandas. São sempre os mesmos privilegiados, estes calcinhas.
É pena, porque o maior problema que neste momento a Igreja Católica enfrenta em terras angolanas está localizado na Diocese de Cabinda, onde a crise prossegue dentro de momentos…
A presença de Bento XVI naquela província poderia ser a chave para a solução definitiva de uma crise que se arrasta há já bastante tempo.
Sabemos que os cabindas revoltaram-se contra o Vaticano ao não aceitarem a nomeação de D.Filomeno Vieira Dias.
Não aceitaram o poder papal, o que para a Igreja Católica é um crime de lesa-pátria.
Mesmo assim eles não deixaram de ser católicos, querem continuar a sê-lo numa das terras que mais vocações tem dado à Igreja em Angola.
Seria pois uma boa oportunidade para, com toda a sua teologia, Bento XVI convencer os cabindas desavindos a voltarem a acertar o passo com a sua autoridade.
É evidente que haveria antes alguns problemas preliminares por resolver o que, estamos certos, seria conseguido com a graça de Deus.
Agora em Luanda é que ele não vai conseguir fazer chegar a sua voz a Cabinda.
Na capital angolana talvez consiga convencer as autoridades a resolverem um outro problema da Igreja que tem a ver com a extensão do sinal da cinquentenária Rádio Ecclésia a todo o país.
É, sem dúvida, neste momento, o problema político mais bicudo que a CEAST tem na sua agenda para resolver com o Governo.
Até que ponto é que o antigo Cardeal Ratzinger vai saber colocar esta questão às autoridades angolanas é o que resta saber.
O Papa começou a preparação desta digressão com uma “bandeira”* ao dizer que vem a Angola celebrar os cinco séculos da Evangelização.
De imediato o Cardeal Nascimento corrigiu (será possível uma tal atitude?) o Papa ao esclarecer que a efeméride já foi assinalada em 1992 por João Paulo II.
Em que é que ficamos?
A confirmar-se a "bandeira" papal, estaremos diante de uma gaffe monumental que alguém vai ter de esclarecer em Roma.
Ao que parece, o Papa está igualmente equivocado ao querer canonizar o seu antigo “colega” um tal de Pio XII, tido como um dos responsáveis da igreja que mais fechou os olhos ao holocausto praticado pelos nazis na Segunda Guerra Mundial.
Onde todos se deverão encontrar nesta altura, os seis milhões de judeus estarão certamente a tentar ajustar contas com o silêncio de Pio XII.
* "bandeira" é um termo do calão luandense que significa gaffe
Nome de nascimento:
Joseph Alois Ratzinger
Nascimento
Marktl, Baviera,16 de abril de 1927
Eleição
19 de abril de 2005
Entronização:
24 de abril de 2005
Fim do pontificado:
Predecessor:
João Paulo II