Para além das suas credenciais académicas, o engenheiro Luís Mira Amaral já foi ministro em Portugal durante os anos dourados do cavaquismo.
É um homem experiente, que fala grosso, que ralha com o Bob Geldof, que agora faz oposição a toda gente, menos ao governo angolano.
Mira está ligado a banca angolana por via do BIC-Portugal.
Ouvi-o nos últimos dias em Luanda, com algum espanto, dizer que a banca angolana está completamente imune ao que se está a passar além fronteiras.
Será que ele já fez as contas com o que pode estar a acontecer às centenas de milhões de dólares angolanos (das reservas do país geridas pelo Banco Central, mas não só) que foram investidos nos mais diferentes fundos e bolsas que andam por aí a colapsar?
Esta referência não seria suficiente para Mira moderar o seu entusiasmo em relação às "imunidades" da banca angolana no seu relacionamento com a actual crise?
Não seria mais aconselhável alertar os dirigentes angolanos para o que realmente se está a passar ou se poderá vir a passar, do que andar por aqui em conferências a dourar a pílula?
É com a melhor das intenções que lhe coloco estas questões. Se me responder ficarei muito grato. Se optar por me ignorar não deixarei de continuar a escutá-lo com a atenção que sempre dispenso aos seus pronunciamentos em Portugal que se destacam pela frontalidade com que aborda as questões.
Que tal transferir um pouco desta frontalidade para a (nossa) banda?