
terça-feira, 30 de junho de 2009
Na televisão (e não só) todos podem ser jornalistas

Zango- Uma arrepiante noção de humanidade

Domingo passado (21/06) participei num debate a três na TPA (Semana em Actualidade) sobre o conteúdo da interpelação que a Governadora de Luanda, Francisca do Espírito Santo, foi objecto no parlamento, numa iniciativa da UNITA.
Em termos de produto final (editado) o resultado deste debate, por se ter afastado demasiado do original, foi muito pouco perceptível para algumas pessoas que o acompanharam e que me conhecem e que depois me questionaram sobre as minhas ideias e opiniões a respeito do tema proposto.
Como acho que nunca é tarde para se prestarem os necessários esclarecimentos, começarei por dizer que achei, no decorrer do debate, bastante oportuna a iniciativa da bancada parlamentar da UNITA, pois teve a ver com o diagnóstico e tratamento de um gravíssimo problema de saúde social que nos afecta a todos, enquanto habitantes desta cada vez mais problemática e caótica metrópole em que está transformada a capital de todos os angolanos.
Manifestei alguma decepção pelo debate não ter produzido de imediato um compromisso entre o Parlamento e o Executivo, pois apenas se acordou em elaborar uma resolução com base nas 15 perguntas formuladas pela UNITA.
Esta resolução, que poderá nem vir a conhecer a luz do dia, será uma boa oportunidade para o Parlamento se posicionar em relação as questões mais sensíveis que preocupam actualmente Luanda e os luandenses. Com base nela estará disponível uma referência para a opinião pública e a imprensa avaliarem de agora em diante o desempenho do GPL.
Luanda inspira sérios cuidados e não parece haver soluções à vista diante da magnitude das necessidades da sua população, que cresce exponencialmente, com destaque para as habitacionais, que já são neste momento o rastilho de futuras convulsões sociais que se anunciam todos os dias com as demolições, despejos, expulsões e realojamentos forçados.
Achamos que a reacção demasiado defensiva dos deputados do MPLA no decorrer da interpelação parlamentar não foi a melhor atitude na abordagem da problemática luandense, como se ela tivesse sido inventada pela Oposição apenas para retirar dividendos políticos de uma crise social que existe e que se vai aprofundar.
Sabe-se que antes desta interpelação e na sequência da polémica expulsão dos descamisados da zona do Benfica da Ilha de Luanda para o deserto do Zango, a Governadora foi chamada ao Comité Provincial do MPLA onde o seu desempenho terá sido muito criticado.
No debate parlamentar a Governadora mostrou-se, entretanto, muito mais a vontade e aberta às criticas que os tensos deputados do maioritário, ao ponto de ter sugerido uma nova interpelação para se voltar a discutir a situação de Luanda numa próxima oportunidade.
Mais do que isso, a Governadora, num tom dramático, disse que estava sem saber o que fazer, por não ter soluções aceitáveis, com as mais de 20 mil pessoas (ou famílias?) que precisa de retirar das actuais zonas onde se encontram a residir, por estarem a bloquear as obras de macro-drenagem nas valas do Senado da Câmara e do Cazenga.
Estou preocupado com a concentração de centenas de milhares de pessoas no Zango sem condições de sobrevivência dignas da espécie humana, por achar que aquela zona se está a transformar num barril de pólvora que já emitiu sinais muito concretos que pode explodir a qualquer altura.
Mais preocupado estou ainda com a lentidão com que estão a ser equacionadas pelo GPL as soluções ao nível da auto-construção dirigida, a começar pelo loteamento dos terrenos que vão ser entregues aos “zangados”, cada vez mais desesperados com a sua sorte madrasta.
Não é possível manter indefinidamente as pessoas nos vários zangos que vão sendo criados ao sabor das necessidades pontuais da requalificação da cidade. A repressão, que é a única solução disponível de imediato, já não funciona como no passado recente. E cada vez, vai funcionar menos. Se não estamos diante de um conflito de classes, também não estamos com o romano Terêncio quando, na sua Antiguidade, pôs em relevo toda a sua humanidade ao afirmar que “nada do que é humano me é estranho”.
No Zango há qualquer coisa de muito estranho, de arrepiante mesmo, para a nossa noção de humanidade, particularmente num país que tem os recursos do nosso, parte dos quais acaba por desaparecer misteriosamente pelos conhecidos caminhos do despesismo e da corrupção.
Se chegar a esta conclusão é estar do lado da irresponsabilidade, então o "conselho" dado deveria ser um pouco mais claro, deveria dizer-nos abertamente que devemos a partir de agora fechar os olhos a todos os abusos e violações dos direitos humanos em Angola quando estiverem em causa projectos públicos (?!) de requalificação das nossas cidades.
Como é evidente, não nos é possível aceitar este "conselho"e muito menos o "convite" a auto-censura que com ele vem associado.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Flashback(Junho 2008)- O Estado, o Monopólio e a Concorrência
terça-feira, 23 de junho de 2009
O "regresso" do Dr. José Cerqueira
segunda-feira, 22 de junho de 2009
O OGE, o controlo, a falta de transparência e a corrupção
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“O Conselho de Ministros, cuja reunião foi orientada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, adoptou um sistema de monitorização electrónica do Plano Nacional, como instrumento que permitirá aos órgãos decisórios acompanhar a evolução do cumprimento dos programas, disponibilizando informação adequada, objectiva e em tempo real”.(Angop)
Este compromisso governamental na área da transparência, mais um aliás, é apenas o mais recente de uma já longa lista de promessas, não ou muito mal cumpridas, feitas pelo Executivo.
Não sabemos de que sistema se trata, se tem a ver com o actual SIGFI ou se estamos diante de uma nova proposta.
Parece que há novidade.
O que sabemos e estamos convencidos é que a transparência das contas públicas neste país só será possível com o envolvimento de todos, do executivo ao parlamento, do judicial à sociedade civil, numa cruzada aberta de controlo e vigilância, contra o despesismo, o descaminho e a corrupção.
O governo há muito que deixou de estar em condições de vigiar sozinho os seus decisores e gestores, na hora de se alocarem e de se aplicarem os fundos públicos. Os resultados desta incapacidade são conhecidos e visíveis no desvio de bateladas de recursos para bolsos privados, restando apenas apurar a percentagem do PIB que por esta via desaparece da circulação pública. É assustadora, não temos qualquer dúvida.
A fazer fé na notícia da Angop de muito pouco adiantará termos um
“sistema de monitorização electrónica do Plano Nacional” se ele apenas estiver dirigido para os “órgãos decisórios”.
O problema está exactamente aí, o problema está no controlo em tempo real destes órgãos, que é de facto a única forma que o país tem de saber como é que o seu dinheiro está a ser utilizado e de pressionar quem tem a responsabilidade política e técnica de o fazer, a fazê-lo como deve ser, o que não está a acontecer.
De outra forma, vamos continuar a brincar com coisas sérias e a apostar nos habituais “show-offs”, com a repetição das promessas anuais, sempre que tivermos o OGE a ser aprovado ou revisto.
Se os tais “órgãos decisórios” forem confrontados com outros olhos de ver o seu desempenho, é claro que eles serão forçados a alterar o seu perdulário comportamento.
Entre estes olhos, estarão certamente os olhos da imprensa que não está apenas atenta ao que se diz, mas está mais preocupada com o que se faz e como se faz, pois a pratica é que é o critério da verdade e a verdade é o que interessa ao jornalismo.
As duas imprensas, a que olha para o que se diz e a que quer ver o que se faz, teriam assim um espaço interessante de debate em torno do que é realmente o interesse público, considerando que uma das suas traves mestras é a promoção “da boa governação e a administração correcta da coisa pública”, de acordo com o que está definido na Lei de Imprensa.
Para se ter uma ideia das promessas que, neste âmbito o Governo faz e não cumpre, citaremos apenas a não elaboração da Conta Geral do Estado, que é apenas o mais importante instrumento que o país tem para saber às quantas andamos em matéria de gastos anuais por parte do Governo.
Sem esta Conta, que é uma exigência legal, não há como auditar realmente o desempenho financeiro do Governo e muito menos de pedir responsabilidades aos seus decisores e gestores diante das monumentais “derrapagens” que todos os anos se repetem.
A última promessa que o Governo fez em relação a apresentação desta Conta aconteceu o ano passado, no decorrer da Conferência Internacional sobre “Sistemas de Fiscalização do Orçamento Geral do Estado de Angola” organizada em Luanda pela Open Society, a Friedrich Erbert e o Observatório Politico-Social de Angola (OPSA).
“ Hoje, já se apresentam os Relatórios de Execução
Financeira e Patrimonial do Estado. Mas, nunca se
apresentou ao Parlamento a Conta Geral do Estado. Isso
impede uma correcta aferição da actividade financeira do
Estado, assim como as diversas responsabilidades, o
inventario do património do Estado, a evolução da divida do
Estado, a execução dos programas de acção, investimento e
financiamento das empresas publicas, etc. Contudo, o
representante do Ministério das Finanças confirmou nesta
Conferencia a sua apresentação, pela primeira vez, já no ano
de 2009. Recomenda-se, por fim, a um maior estreitamento das
relações entre os diversos órgãos do Estado e a Sociedade
Civil, como forma de se garantir uma caminhada mais
rápida e mais segura para uma sociedade prospera, pacifica,
mais transparente, mais equilibrada e mais justa, a bem de
Angola.”
Este extracto das conclusões saídas da referida Conferência confirma a promessa feita e também o seu não cumprimento um ano depois, a não ser que estejamos completamente enganados ou mal informados.
As nossas sinceras desculpas, se for o caso.
Sem Conta Geral do Estado, o Tribunal de Contas não pode desempenhar a sua principal e mais importante competência em nome de todos nós.
Só por esta razão é fácil concluirmos que em matéria de transparência ainda estamos na pré-história, de nada adiantando todos os sistemas de auto-controlo que venham a ser aprovados e implementados pelo Governo.
Uma outra conclusão da mencionada Conferência recomendou que Governo devia “permitir o cadastramento dos deputados
para que eles possam ter acesso directo aos instrumentos de
registo e administração financeira. Desse modo, haverá uma
melhor monitoria da execução orçamental. Só assim
estaremos, também, seguros de haver uma verdadeira
transparência na gestão da coisa pública”.
Já agora e se de facto há realmente interesse do Governo, nesta conjuntura de crise, em apresentar-se aos olhos da opinião pública com um outro perfil, enquanto gestor da coisa pública, porque não integrar esta componente no seu sistema que acaba de ser aprovado nos últimos dias?
Aqui fica pois esta questão colocada a quem de direito, com o direito que assiste aos cidadãos de quererem saber um pouco mais em relação ao paradeiro dos seus recursos, para além das indicações que nos são dadas no tocante a alocação das verbas por entre os múltiplos projectos que vão sendo aprovados.
O Estado da Nação , segundo Riquinho

Onde andavam os Cunhavaz, a Codisa e outras empresas estrangeiras?
Em função das injustiças, nunca me vou calar. Ou me matam, ou me prendem, mas nunca me vou calar.
Não sou contra o poder, sou do MPLA.
(...)
Querem me fazer vida negra. É retaliação. Eles justificam a vinda da empresa Cunhavaz por ter feito o Campeonato Europeu, em Portugal. Se for o caso, temos de mandar vir também a polícia portuguesa para fazer o asseguramento no CAN, assim como o presidente da comissão organizadora do Euro. Que venham todos e ficamos a assistir.
(...)
Nunca fui o menino bonito como as pessoas pensam. Tudo que consegui até hoje foi arrancado. Nunca me deram nada, absolutamente nada. O que tenho foi graças a financiamentos dos bancos. Até hoje, tenho débito e crédito no BPC. Desafio alguém que me vier dizer que me deu dinheiro. Quando veio o Roberto Carlos, o que recebi foi forçado. O ministro da Cultura, no caso o actual Governador de Malanje, influenciou negativamente para o Presidente da República para não me dar apoio financeiro. Com apoio do BPC consegui trazer o músico e depois andaram a pedir-me convites. Depois de ter ido ver o espectáculo, o Presidente autorizou um apoio financeiro para mim mas chegou tarde e num valor muito reduzido comparativamente as necessidades. Ao invés de um milhão de dólares, acabei por receber 400 mil dólares. Ando a ser sacrificado estes anos todos.
(...)
Pretendo tirar isso a limpo. Há vozes no COCAN que dizem haver uma orientação superior do Presidente da República para que eu fique de fora. Pretendo uma informação oficial do Presidente ou do gabinete dele. Temos que deixar de ser cobardes. Senão há nenhuma orientação superior, a direcção do COCAN terá que me dar explicações. Vão se ver comigo! Me usaram no CAN de Andebol, me usaram no Afrobasquete, agora querem me deitar? Vão ter que me matar.
(...)
Sou invejado pelo poder. Mas eu sei porquê: quando levei o Bonga ao Palácio, muita gente não quis, mas ainda assim levei-lhe com os meus meios. Um dia conto esta história. Em relação ainda a carta aberta, escrevi para denunciar os maus-tratos de que fui vítima durante as eleições por parte do MPLA que não soube agradecer todo meu apoio. Levei uma caravana à Venezuela, dei carros a membros da JMPLA, ao Comité Provincial de Luanda, viaturas no valor de 500 mil dólares. Depois disso me tiraram da campanha sem que me dessem nada. Por isso, escrevi ao Presidente da República
ANG: Havia algum acordo entre à sua empresa e Direcção Central do MPLA para o efeito?
H.M.R.: Mas é preciso haver acordo? Se um responsável do partido liga para si e diz que precisamos de viaturas e que serão fundamentais para vencermos as eleições, o que devia fazer? Não tive outra opção que não fosse entregar.
ANG: Foi isso que aconteceu?
H.M.R.: Claro! Por está razão, penso que 80% da dívida que contraí não é minha, é sobretudo do MPLA. A minha divida junto do BPC é assumida e o valor está registado. A dívida de filhos de muito boa gente não está registada. O dinheiro que tirei do BPC não foi para construir ou criar empresas na Europa, foi aplicado aqui em Angola. Se eu não existisse, a JMPLA não tinha ido ao Festival da Juventude e Estudantes, em Caracas, mas hoje a JMPLA pretende me tirar o véu. ANG: Já esgotaram as possibilidades de se encontrar uma solução junto do seu partido, o MPLA? H.M.R.: Já pedi uma audiência ao Presidente da República. Ele não me recebe porquê? Já recebeu o mano Dibango e o Hélder do kuduro. Será que o Hélder vale mais do que eu? Receba-me também. As pessoas só me precisam quando trago artistas de renome, porquê? Me batem nas costas, aí eu só menino bonito! Agora, que estou em dificuldades, ninguém me procura.
ANG: Em várias ocasiões disse que a Casa Real, na sua pessoa, tem prestado serviços relevantes ao país. O que gostaria de receber como recompensa?
H.M.R.: Gostaria que elevassem a Casa Real a categoria de Instituição de Utilidade Pública, como são os casos da AJAPRAZ, Movimento Espontâneo e Kabuscorp. Tirando o Kabuscorp, nenhuma destas organizações fez mais que a Casa Real. Porquê que eles podem ser Instituição de Utilidade Pública e nós não? É injustiça.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Flashback- É necessário institucionalizar o diálogo com a imprensa privada (Junho 2008)
terça-feira, 16 de junho de 2009
Tchizé dos Santos vs Luísa Rogério: Em defesa da liberdade de expressão
domingo, 14 de junho de 2009
A reestruturação da RNA e da TPA e a independência editorial da média pública
1-Como é evidente e por razões que já são do domínio do óbvio, diante da avalanche de críticas ao seu desempenho, coloco-me, desde logo, na primeira linha de todos aqueles que defendem a necessidade urgente de se reestruturar a comunicação social pública.
Como também é evidente e para não precipitarmos a avaliação, com todos os receios que normalmente se alimentam nestes processos das montanhas parirem ratos ou mesmo ratinhos, ainda nada se sabe do que virá a ser o resultado final do trabalho das comissões criadas para o efeito pelo Ministro da Comunicação Social.
A composição das duas comissões de reestruturação poderia ser um bom indicativo para anteciparmos algum prognóstico, na minha condição de analista do fenómeno mediático angolano por conta própria e sem qualquer formação superior mais específica para me poder apresentar aos olhos da sociedade como sendo um dos mais credenciados para o efeito.
Esta coisa de não gostar muito de estudar e de não ter sabido aproveitar devidamente os meus anos dourados pelos bancos do Liceu Salvador Correia, só podia dar este resultado académico desastroso para a minha actual maquilhagem.
Sobra-nos, contudo, bastante perspicácia, experiência e espírito de abertura que vai faltando a alguns peritos da nossa praça, que hoje nos querem convencer que a história da comunicação social privada começou com a sua entrada em cena.
Assim também não dá, com toda a tolerância que temos disponível para aturar certos egos.
Desconhecemos por completo as habilidades e as competências passadas e presentes da maior parte dos membros que foram “convidados” a fazer parte das comissões que acabam de ser nomeadas, o que de facto não nos permite avançar muito mais em matéria de prognósticos e ao mesmo tempo respeitarmos o nosso compromisso de não precipitar a avaliação.
Devo confessar que este desconhecimento absoluto, não deixa de ser estranho para quem, como eu, tem os mesmos anos de estrada pelos caminhos da informação, da propaganda e do jornalismo, que o país tem de independência, isto é, mais de trinta, que parece ser a idade de alguns dos integrantes deste renovador projecto governamental.
Parafraseando o outro, neste caso , e em nome de uma certa contenção verbal, o mais aconselhável mesmo é deixar os prognósticos para o fim do jogo, evitando deste modo perturbar o normal funcionamento das duas comissões que foram encarregadas de retirar a RNA e a TPA do actual marasmo em que se encontram. Evitar-se-á igualmente o processo judicial, pois nuca se sabe qual é a próxima ameaça.
2- Lamentavelmente e por razões muito difíceis de entender, sentimos que do ponto vista editorial a RNA e a TPA arrepiaram, em termos de abertura, o promissor caminho que estavam a trilhar até Setembro do ano passado.
Estamos a falar do período que precedeu a realização das eleições legislativas que proporcionaram ao MPLA a retumbante vitória que se conhece (a oposição recusa-se até hoje a digeri-la completamente) e que, por muito pouco (cerca de 18%), não retirava da nossa instituição legislativa a representação multipartidária.
Depois de Setembro de 2008 foi notória uma inversão acentuada no rumo dos dois meios de comunicação social públicos, aos quais se associou por inteiro o Jornal de Angola, particularmente ao nível do tratamento da informação mais político-partidária com a não utilização ostensiva de princípios como o contraditório, a equidistância e o tratamento igual mesmo que de forma proporcional.
O mais lógico e com base numa vitória tão folgada do partido no poder, que efectivamente controla a média pública, seria que a abertura em curso se aprofundasse, retirando-se da agenda das preocupações nacionais a gestão dos referidos órgãos, que se mantém deste modo como sendo uma das principais armas de arremesso da oposição e não só.
Por sinal, uma arma bastante eficaz e de muito fácil arremesso, com os seus utilizadores a não precisarem de demonstrar quase nada, para provarem que têm a inteira razão do seu lado.
A lógica da abertura foi efectivamente substituída por uma gestão editorial pouco compreensível e nada transparente para a nova conjuntura politico-partidária, visível no desaparecimento quase total da oposição e de outras sensibilidades mais criticas da sociedade civil dos noticiários principais da RNA e da TPA.
3- Do ponto de vista editorial a reestruturação da RNA e a TPA deverá estar assente no que exige a legislação em vigor da comunicação social e muito particularmente do seu sector público.
Lamentavelmente e por força de todos os incompreensíveis atrasos que se têm vindo a registar ao nível da regulamentação da Lei de Imprensa, não foi aprovado até agora o previsto diploma específico sobre a existência de um serviço público próprio a ser assegurado pelo Estado “com vista a garantir o direito dos cidadãos de informar, se informar e ser informado”.
Neste diploma e caso ele venha a resultar de um certo consenso, teríamos definidas as responsabilidades e os compromissos mais específicos da média estatal, para além dos princípios mais gerais que configuram o chamado interesse público que deve nortear o desempenho de todas as empresas e os órgãos de comunicação social.
Claramente é nosso entender que nenhum projecto de reestruturação da RNA e da TPA fará sentido ou terá alguma possibilidade de vingar se não for assegurada a independência editorial da comunicação social pública em relação ao poder político, cuja interferência permanente na sua gestão tem sido a grande responsável pelos recuos que se conhecem e se lamentam.
Definitivamente e enquanto esta independência não for assumida (e garantida) pelo nosso ordenamento tanto jurídico como político de muito pouco adiantará qualquer projecto de reestruturação, que estará sempre condicionado a factores externos.
O recente caso da suspensão da série que a TPA estava a transmitir sobre os protagonistas do conflito angolano fala bem desta interferência permanente do poder político na gestão editorial da média estatal.
Sobre esta problemática, o ano passado em matéria publicada nestas colunas, referia que o mais importante tem a ver com a necessidade de se estabelecerem mecanismos de gestão e acompanhamento editorial que garantam efectivamente a qualidade de um produto jornalístico democrático de acordo com as expectativas de toda a sociedade.Estes mecanismos passariam pela definição de um modelo plural de administração com base em mandatos definidos e com uma componente que ultrapassasse as simples preocupações de gestão empresarial corrente.Já há várias experiências, por este mudo afora, deste tipo de modelo de gestão da comunicação social pública, normalmente assente em Conselhos de Administração abrangentes do ponto de vista da realidade política e social de cada país.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Policia reconhece (finalmente) criminalidade pesada em Luanda

"Os gangs que se multiplicam por Luanda são uma dor de cabeça para a Policia e exigem de nós mais profissionalismo, mais eficácia e mais eficiência..."- pontualizou o responsável policial.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Debate Constitucional: O Cidadão é a grande pessoa de bem
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Ecclésia recorre à censura para "proteger" Tchizé dos Santos
sábado, 6 de junho de 2009
A objectividade e a frontalidade do jornalismo em Benguela
O Memorando foi elaborado em Benguela por uma entidade denominada " Rede das Associações Sócio-Profissionais de Jornalistas" com a data de 25 de Fevereiro de 2009.
Esta rede é integrada pelos representantes em Benguela do Comité de Especialidade dos Jornalistas do MPLA (CEJ), Clube de Imprensa de Benguela (CIB) Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), União dos Jornalistas Angolanos (UJA), Associação dos Jornalistas Económicos de Angola (AJECO) e Associação das Mulheres Jornalistas de Angola (AMUJA).
"Nos dias que correm o salário deixou de ser o principal factor de motivação para qualquer profissional ou trabalhador.
A dignidade pessoal, a possibilidade de melhorar a situação profissional, o tratamento humano recebido, a estabilidade no trabalho com um mínimo de segurança, o sentido do trabalho realizado, a participação no grupo de trabalho, a participação na tomada de decisões, a contribuição para o desenvolvimento da empresa, a instituição ou a sociedade, etc., aparecem como determinantes notáveis do comportamento dos Recursos Humanos e do seu nível de eficácia.
Assim queremos recordar a direcção do Partido o importante papel que os jornalistas desempenharam nas eleições legislativas que culminou com a vitória do MPLA.
Contrariamente ao que aconteceu em algumas provincias, em Benguela a classe não viu recompensados os seus esforços.
Para sermos mais claros, nem que não fossem todos, mas gostaríamos que alguns membros da classe fossem agraciados com viaturas e alguns valores monetários que pudessem ajudar em projectos pessoais.
(...)
A provincia de Benguela conta com um universo de Jornalistas com o curso superior concluído com experiência de gestão.
À luz das alterações no quadro da nomenclatura do governo, pensamos que alguns membros da classe estão disponíveis para exercer cargos a nível do governo Provincial e das Administrações Municipais."
Flashback-Imprensa pública versus privada
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Flashback da semana

Afinal de contas, somos um país de esperanças idosas, onde os grandes problemas, pelo menos enquanto se mantiver a actual mancha de miséria, pobreza e exclusão social, continuam a ser básicamente os mesmos.
A guerra convencional das armas, que está na origem da maior parte dos problemas que vivemos actualmente, felizmente já deixou de enfernizar a nossa vida.
Parece-nos ser, contudo, uma felicidade de pouca duração, pois outras "guerras" como a da delinquência juvenil e da criminalidade violenta, já entraram para o nosso quotidiano com a força da instabilidade que qualquer conflito acaba, inevitavelmente, por provocar e alimentar.
Em recentes declarações ao Semanário Angolense, o Comandante da Policia de Luanda, Joaquim Ribeiro, admitiu claramente que o grande problema que a sua corporação enfrenta é a "facilidade espantosa" com que os grupos de jovens e não só, associados ao crime, se renovam.
Um destes grupos que actuava no Sambizanga, o "Cem Tropas", chegou a integrar cem elementos, como o próprio nome indica, o que fala bem dos contornos da "nova guerra" que já estamos com ela.
"Os gangs que se multiplicam por Luanda são uma dor de cabeça para a Policia e exigem de nós mais profissionalismo, mais eficácia e mais eficiência..."- pontualizou o responsável policial.
terça-feira, 2 de junho de 2009
27 de Maio, 32 anos depois, com uma petição
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