"Os gangs que se multiplicam por Luanda são uma dor de cabeça para a Policia e exigem de nós mais profissionalismo, mais eficácia e mais eficiência..."- pontualizou o responsável policial.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Policia reconhece (finalmente) criminalidade pesada em Luanda
Quando em Abril 2007 o sociólogo Paulo de Carvalho alertou o país para existência de violentas gangues criminosas compactas devidamente organizadas, com o envolvimento de várias dezenas de jovens, a polícia não levou muito a sério a sua pesquisa apresentada no 1º Seminário sobre a Criminalidade e a Delinquência Juvenil em Luanda.
“Os gangues são compostos por um número que varia entre 40 e 70 membros, havendo ainda a assinalar o facto de alguns deles integrarem também crianças que, não sendo realmente membros do grupo, são seus auxiliares.
Os membros dos gangues têm idades compreendidas entre 14 e 35 anos, havendo também crianças com idades entre 7 e 13 anos que actuam como auxiliares.
Cada grupo possui uma área de actuação pré-estabelecida, não se tolerando qualquer invasão por parte de grupos de áreas vizinhas.
Há grupos organizados que se formaram a partir dos anteriores grupos compactos de jovens(…)”
Ao que julgamos saber terá havido mesmo, em matéria de avaliação da situação operativa, uma discordância (choque) entre o sociólogo e um oficial da polícia presente no encontro para quem os nossos “gregos” em matéria de organização estariam ainda muito do inicio da sua “carreira profissional” com pequenos grupos de amadores que não ultrapassavam os 4 elementos cada um. A semana passada, em entrevista ao SA, o Comandante da Polícia de Luanda, Joaquim Ribeiro deu de algum modo a mão à palmatória ao reconhecer que um dos grupos que actuava no Sambizanga, já desmantelado entretanto, era composto por cem acólitos e que tinha denominação de “Cem Tropas”. Era apenas mais um.
O grupo chegou a utilizar mecanismos coercivos parecidos com os do recrutamento militar para o preenchimento dos seus “quadros”, sempre que se registasse uma “vaga” por qualquer motivo, nomeadamente por prisão ou morte.
Joaquim Ribeiro admitiu claramente que o grande problema que a sua corporação enfrenta é a "facilidade espantosa" com que os grupos de jovens e não só, associados ao crime, se renovam.
Com a crítica situação social prevalecente agravada pelas recorrentes medidas de exclusão social adoptadas pelas administrações, uma parte muito substancial do “espanto” manifestado é explicada sem grandes dificuldades, como se pode depreender.
Por acaso já aqui nestas colunas muito recentemente o escriba de serviço tinha produzido a mesma constatação, ao considerar altamente preocupante o facto de termos as cadeias a abarrotar, com o surgimento todos os dias de novos grupos.
O "Cem Tropas" fala bem dos contornos da "nova guerra" que já estamos com ela, por mais que a Policia, de quando em vez, se esforce por nos tranquilizar como também é sua função, mas não até ao ponto de querer tapar o sol com a peneira.
Na entrevista ao SA, Quim Ribeiro voltou a fazê-lo ao considerar que “Luanda é uma cidade segura”, apesar dele próprio ter escapado recentemente a uma tentativa de assassinato, como também acabou por confirmar.
Em quê que ficamos Comandante?