quarta-feira, 29 de julho de 2009
(Flashback/Julho-2008) Nós, os contínuos do Sr. Keirós
terça-feira, 28 de julho de 2009
Em memória de Joaquim Pinto de Andrade
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Estranhas preocupações jornalísticas
Projecto-Terra ganha visibilidade como referência na luta contra a exclusão
terça-feira, 21 de julho de 2009
SOS PRESILD!
(Flashback/Julho 2006) Sou um homem feliz: Nunca andei de candongueiro em Angola!
- Subsídios para a história dos transportes públicos em Luanda
Gosto muito de gabar-me junto dos meus amigos que uma das grandes proezas, sem aspas, da minha vida, ao longo destes primeiros trinta anos de independência tem a ver com o facto de - para além de jamais ter empunhado uma arma de fogo - nunca ter andado de candongueiro.
Eu que até já figuro como personagem real de um livro de contos do vigário onde o seu autor revela (?!) que eu fui contratado, no âmbito de uma vasta conspiração interna, para o matar, se um tal de golpe pegasse.
Os que conhecem esta história, já estão a ver qual é o filme e quem é o artista.
De facto é verdade. Acreditem que é verdade, embora eu acredite também que não seja muito fácil acreditarem em mim pelo menos no que toca a esta passagem da minha vida. Não a do golpe, mas a do candongueiro.
De facto e de jure nunca pus os meus pés dentro de um candongueiro em Angola, porque lá fora não tenho qualquer problema em utilizar este “processo”, com o qual me movimento bastante bem, como é o caso da África do Sul e mais particularmente da cidade do Cabo que já conheço relativamente bem.
Ao lado dos nossos, os candongueiros de Capetown até são pessoas muito bem-educadas, pelo menos para quem tem a experiência de lidar com os “nossos parentes” cá da banda.
Tudo isto, entretanto, é um bocado aparente, pois volta e meia, os candongueiros de Capetown envolvem-se em cenas de grande violência, que implicam o recurso à armas de fogo.
Não se trata contudo de violência contra os passageiros. São problemas criados pela delimitação de zonas de trabalho entre os diferentes sindicatos de transportes que operam na cidade. Aí as coisas ficam muito feias, havendo por vezes mortos e feridos a lamentar.
Mas deixemos a bonita cidade sul-africana do Cabo para voltarmos à nossa dura realidade, onde eu acabo por ser um privilegiado, por nunca ter andado de candongueiro.
Nos tempos em que não possuía viatura própria, até meados da década de oitenta, os candongueiros ainda estavam longe de ocupar o actual espaço no mercado dos transportes públicos luandense.
Nessa altura andava bastante a pé e de boleia quer do carro do serviço, quer de amigos, conhecidos e desconhecidos.
Mas também andava de autocarro e muito bem, sem qualquer problema de espécie alguma, logo eu que cresci cruzando esta cidade de machimbombo, incluindo o famoso “muiungú” e aqueles de primeiro andar iguais aos de Londres. Os anos foram passando e com eles os vários carros que então fui adquirindo, tendo começado como muito boa gente que hoje anda com os últimos gritos da BMW e da Range-Rover, pelas sucatas de Roterdão ou de Bruxellas, onde a viatura que mais se comprava era o célebre Volvo-244.
A saudosa ANGONAVE (que Deus a tenha) fazia-nos depois o favor de colocar as nossas viaturas em Luanda ao preço de uma grade de gasosa do cabaz complementar.
Foi por estas e por outras que a empresa foi a falência e os seus marinheiros tiveram depois de dormir cinco anos consecutivos ao relento, a beira da estrada, na mais longa vigília laboral de protesto que a História Universal tem conhecimento. Esta classificação é da nossa inteira responsabilidade.
O advento em força dos hiaces encontrou-me já bem abastecido em matéria de transporte próprio, pelo que nunca precisei de andar de candongueiro. Felizmente.
Das poucas vezes que, por motivos de força maior, fiquei sem o meu carro e tive de andar a pé por esta cidade, recusei-me sempre a entrar num candongueiro.
Primeiro porque não conheço as linhas, nem sei como elas depois se cozem no meio dos percursos para se chegar aos diferentes destinos.
Segundo porque a minha recusa já era o resultado de um trauma, por ter ouvido todas aquelas histórias das peripécias porque passam todos quantos são forçados a ter de utilizar o candongueiro.
São histórias aterradoras e humilhantes, onde a falta de respeito dos motoristas e dos seus cobradores, são o pão-nosso de cada dia.
São histórias para esquecer.
Por tudo isto nunca andei de candongueiro em Angola.
Por tudo isto e depois de tomar conhecimento da morte na passada terça-feira de uma senhora que viajava de candongueiro, muito provavelmente vítima de uma síncope cardíaca provocada pela barulheira da aparelhagem sonora da viatura, sinto-me um homem feliz, lamentando profundamente a sorte da vítima.
Como se apercebem não é assim tão difícil ser-se feliz em Angola, apesar dos pesares.
Só espero, sinceramente, que este bocado de felicidade que conquistei com o meu esforço e as minhas economias, seja eterno, enquanto por aqui andar.
Mas se algum dia me virem andar de candongueiro, façam como o poeta: Não acreditem nos vossos olhos!
Tou paiado!
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Será que ninguém entende onde é que está o segredo de Angola?
Foi com a interrogação em epígrafe que terminei a última crónica que publiquei nesta coluna a semana passada.Eu há muito que sei qual é o segredo e acredito que a maior parte dos angolanos, incluindo os da nomenklatura, também o saiba.
Só não sabia é que o “longínquo” Barack Obama também já estava a par do nosso segredo, que acaba de “desvendar” em Accra, Gana, onde esteve a semana passada a pregar para todos os peixes trungungueiros de África e arredores. Disseram-me que o sermão, afinal de contas, já tinha começado à porta fechada em Aquíla (Itália) durante o G8.
Estamos a falar do segredo para fazer Angola acontecer sem mais problemas complicados, para além daqueles normais e aceitáveis que decorrem da própria maturação (que é sempre lenta) dos processos que nos conduzirão ao tão almejado equilíbrio mínimo. A referência é o Índice de Gini que actualmente nos coloca no ranking dos países mais injustos do mundo do ponto de vista da distribuição do rendimento nacional.
As consequências desta disparidade estão à vista de todos.
Para além da repressão, o alcance do tal equilíbrio é a única solução realmente estruturante que temos para evitar o colapso a médio prazo (cf Nigéria) que se adivinha todos os dias nas aterradoras estatísticas da criminalidade que finalmente a polícia decidiu assumir como sendo realmente preocupantes para a própria segurança nacional.
Li no último relatório da UCAN que Robert Bosh, (fundador do império empresarial Bosh, conhecido em todo o mundo), afirmou: “não pago bons salários por ter muito dinheiro; tenho muito dinheiro porque pago bons salários”.
Quando Bosh está convencido que foi assim que conseguiu a sua fortuna, que é real, o quê que nós estamos à espera para desvendarmos o segredo deste país?
Agora em Accra, Barack Obama ao desvendar o segredo do nosso e dos outros países africanos que ainda não se libertaram da pobreza e da exclusão social disse que os passos numa tal direcção “implicam mais do que simples números de crescimento num balanço financeiro”.
Obama estava, certamente, a referir-se a cantiga do crescimento do PIB que já nos cansamos de escutar por estas bandas em todas as frequências do discurso oficial e dos seus megafones de serviço.
Para o “nosso” Obama muito mais importante que andar com o PIB às costas em tudo quanto é propaganda, é saber “se um jovem com formação consegue um emprego que lhe permita sustentar a família; se um agricultor pode transportar os seus produtos para o mercado; ou se um empresário que tem uma boa ideia pode formar uma empresa”.
Os passos propostos por Obama “têm a ver com a dignidade do trabalho. Têm a ver com a oportunidade que deve existir para os africanos do séc. XXI.”
Tudo o resto é demasiado abstracto para quem tem fome ou está desempregado.
A maior parte dos angolanos e dos africanos ainda está a procura dos passos que os levem a ter o mínimo.
Em Angola e para sermos ainda mais frontais a solução do problema, nesta altura, passa pela capacidade do Estado em distribuir um prato de sopa. A chamada sopa dos pobres, para que ninguém mais neste país passe fome.
Em Angola a própria lei de bases da segurança social obriga o Estado a garantir um rendimento mínimo a todas as famílias que, por qualquer motivo, deixem de ter possibilidades de se auto-sustentar.
Em Angola não há subsídio de desemprego.
Estados com muito menos recursos do que o nosso garantem isso e muito mais aos seus cidadãos pobres.
De facto assim estamos muito mal e vamos ficar ainda pior.
As diferenças entre o topo e a base da pirâmide social são tão grandes que, a manter-se um tal gap, muito dificilmente o país irá algum dia acontecer como todos desejamos.
Será que é para lá que estamos a caminhar?
Parece que sim, que é para o lado da impossibilidade, do abismo, que nos estamos a orientar, quando temos tudo para ir pelo outro lado, quando temos tudo para dar certo.
Será que ninguém nos ouve?
quinta-feira, 16 de julho de 2009
(Flashback/Julho 2007) Em defesa da Taag, a nossa companhia (que dá) bandeira
Há pouco mais de um mês numa das mais obscuras e abandonadas cidades de Angola, Mbanza Congo, um avião da TAAG despistou-se. Morreram cinco ou seis pessoas. Dezenas de passageiros feriram-se. Uma casa ficou destruída.
Esta semana no aeroporto de Congonhas, na maior cidade da América Latina, São Paulo, uma aeronave da TAM despistou-se igualmente. Morreram carbonizadas cerca de 200 pessoas. Um edifício da empresa no qual o avião embateu ficou todo partido.
Na sequência do infausto acontecimento de Mbanza Congo, no dia em que os franceses conseguiam os seus objectivos estratégicos junto da União Europeia, a TAAG foi crucificada pela opinião pública e pela imprensa local.
Quase em uníssono os nossos escribas gritaram, “Abaixo a TAAG e o Ministério dos Transportes!” por entre rios de tinta e fel que encharcaram editoriais, colunas, análises e reportagens.
1-Do Ministro, um dos acepipes mais procurados pela nossa vigilante imprensa, nem adianta falar, pois o homem já deve estar curtido de tanta porrada apanhar.
Foi mais uma, que contou desta vez com o sonante pedido de demissão formulado aos microfones da Ecclésia pelo Kota Mendes.
Afinal, a Emissora Católica de Angola (ECA) sempre vai servindo para alguma coisa, sempre vai tendo alguma utilidade política e pública, mesmo para os seus mais assumidos críticos e detractores, que até hoje não lhe permitem a expansão do sinal a todo o território nacional.
E não permitem, apenas porque têm medo de um quarto poder que lhes escape completamente do controlo, como é o caso da ECA, embora a própria Ecclésia também não seja um bom exemplo de independência editorial, devido a sua subordinação ao “império da religião”, comandado a partir do Vaticano.
Para quem não o conhece, diríamos que o Kota Mendes é um famoso ancião cá da banda, que já não tem qualquer problema em utilizar a língua das palavras ou de ser politicamente queimado, pois segundo a sua própria auto-avaliação, ele já se transformou em cinza.
De facto não é fácil queimar a cinza, embora o fogareiro angolano seja especial tal como é o seu povo, na avaliação de um outro Kota ainda mais famoso que o Ti Mendes, pelo que talvez o mais aconselhável fosse não ser tão taxativo.
Por outras palavras - e sem querermos assustar o Kota Mendes, porque o outro é “inasustável”- é de admitir que em Angola a cinza ainda pode vir a ser queimada.
Só restará encontrar depois um nome de consenso para o novo produto resultante da queima da cinza.
2-O pobre do Quidó, como é conhecido entre nós o Vice Prezas, levou tanta pancada, que receio bem que ele tenha perdido os dentes e a língua algures num dos semanários desta Capital.
De uma coisa estamos quase certos: não será tão cedo que ouviremos Hélder Prezas colocar a boca no trombone, o que, pelo menos, evitará que lhe coloquem algumas palavras, gestos ou intenções no seu discurso.
De tudo quanto lemos a propósito do que ele terá dito, não vimos uma única citação das suas palavras, onde ele afirmasse preto no branco que Angola iria retaliar.
Continuo a pensar que retaliação e reciprocidade, embora possam ser convergentes nas consequências que produzem, não têm a mesma origem ou motivação.
Que eu saiba, nenhum acordo entre pessoas ou entidades civilizadas (não me perguntem agora pelo tipo de civilização) contempla o recurso a actos de retaliação. Retaliação tem a ver com a aplicação da Lei de Talião. O tal olho por olho, dente por dente. Coisa de bárbaros.
Já não diria o mesmo do recurso ao princípio da reciprocidade, que é praticamente contemplado em todos os acordos onde as partes tenham negociado direitos e vantagens, de modos a salvaguardar-se os interesses dos signatários.
Como se sabe, a Taag negociou com as suas congéneres europeias, como a TAP, British Airways, Air France e Sabena, acordos, onde de facto e de jure, está contemplado o principio da reciprocidade, por razões óbvias para todos.
3-A minha kamba Agnela Barros foi pura e simplesmente vaiada, enxovalhada e, finalmente, desclassificada por incompetência e má figura.
Por alguns “experts” da nossa comunicação social, ela foi mesmo aconselhada a mudar de posto e a voltar para a cabine dos aviões da empresa que agora serve como porta-voz.
Numa iniciativa que tem a nossa chancela pensamos organizar proximamente um concurso dirigido apenas a jornalistas para eleger o melhor e o pior porta-voz desta cidade.
É claro que se o concurso for para o ar este ano, a Agnela está pura e simplesmente feita ao bife.
No meio de todas estas cacetadas, pauladas e coices, os nossos escribas esqueceram-se certamente, ou não se quiseram lembrar, (Angola é um país com gravíssimos problemas de memória) que durante mais de trinta anos consecutivos, que é o tempo que a Taag voa para a Europa, nunca a nossa companhia de bandeira matou um único “branco alheio”.
A simpática expressão “branco alheio” é idiomática do português falado em Angola, não possuindo qualquer conotação mais ou menos negativa ou pejorativa.
De difícil tradução para o “português da metrópole”, só quem domina perfeitamente a nossa língua sabe exactamente o que ela significa.
Desde que “viola” o espaço aéreo da Europa comunitária, é bom que se diga, a TAAG nunca teve um acidente fatal.
Em termos de segurança, esta estatística, da maior importância e significado, não pode, nem deveria ser ignorada por ninguém, quando chegar a hora de se analisar o perfil de uma determinada empresa que se movimenta no espaço aéreo.
Esta hora para a Taag já chegou.
Estamos aqui desta vez ao lado da nossa companhia de bandeira, não para defendê-la cegamente, mas tão-somente para fazermos este exercício com todo o relativismo que o mesmo exige.
Estamos convencidos que não existem neste segmento do mercado empresas cem por cento seguras, ou que observem com o necessário rigor todas as normas previstas nos manuais que rondam ou ultrapassam mesmo os mil “items”.
Nada disso. Qualquer inspector conhecedor destas normas se estiver interessado em fazer a “vida negra” a uma companhia de aviação pode facilmente conseguir os seus objectivos.
Para além dos seus próprios “azares”, que já são mais do que muitos, a Taag teve ainda um outro grande azar chamado SAFA, entenda-se, inspecção aeronáutica francesa.
Tudo isto e muito mais para dizer, tendo agora por pano de fundo a tragédia de Congonhas, que a Taag, com todas as falhas que se lhe possam apontar -que as tem efectivamente - continua a ser uma companhia viável do ponto de vista dos procedimentos de segurança.
Em Congonhas ficou uma vez mais provado que tudo pode acontecer quando desafiamos a força da gravidade e os elementos da natureza.
Em Congonhas, enquanto se aguarda pelos resultados do inquérito, também havia edifícios próximos da pista e também pode ter havido falhas por parte da torre de controlo.
Estamos igualmente convencidos que, à semelhança de Mbanza Congo e de São Paulo, haverá por este mundo afora muitas outras pistas que têm ao seu redor obstáculos que, se calhar, não deveriam lá estar por razões de segurança.
Enfim…
Mbanza Congo e São Paulo fazem agora parte da mesma interminável lista negra que não tem parado de somar vítimas.
É o preço que a Humanidade está a pagar por ter desafiado os deuses.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Homenagem a Júlio Guerra com um recado a um cafajeste
terça-feira, 14 de julho de 2009
O caso Mingota e o exemplo do Ministro
O actual Ministro da Saúde, de seu nome completo José Vieira Dias Vanduném, corre o sério risco de ficar na história deste país por ter feito o que prometeu em tempo recorde. Pouco menos de uma semana. Uma verdadeira proeza no país real dos dois discursos e da propaganda como solução ideal para o que está mal.
Da pobre Mingota, como não foi a primeira, nem será a última, poucos se lembrarão dela dentro de mais alguns meses, embora aquela imagem das suas derradeiras convulsões que a TPA transmitiu quase em directo, dificilmente alguém que a viu poderá esquecer.
O Ministro da Saúde pode de facto a partir de agora introduzir no “modus operandi” das nossas instituições oficiais uma dinâmica que lhes é completamente estranha quando se trata de apurar responsabilidades e de punir os culpados.
Enquanto se aguardam por outros desenvolvimentos mais definitivos, no país onde a culpa habitualmente morre solteira, o que o Ministro fez é uma verdadeira heresia para o imobilismo e o marasmo em que está mergulhada a nossa (deles) administração pública.
Efectivamente e sem se pretender “esticar” demasiado a importância do gesto, o Ministro conseguiu provar que é possível, mesmo com todas as gasosas, encobrimentos e salários de miséria, estar-se no sector público com um outro espírito de missão que não é aquele que conhecemos e que de missão tem tudo menos o que deveria ter.
Todos sabemos que não é fácil colocar ordem num circo, onde é melhor não fazer ondas, onde o jogo de bastidores é mais importante do que tudo o resto, onde ser do tal “partido” ainda é um valor moral e uma mais-valia absoluta, onde tudo se resolve deixando tudo como está e onde o que não tem remédio remediado está.
O Ministro com o seu gesto frontal (o único possível aliás) conseguiu os aplausos de toda a sociedade, num país onde o que é normal vira espectacular e o que é condenável é tolerado e mesmo aceite com o argumento de que não somos os únicos ou ainda de que lá fora também é assim ou mesmo pior. As comparações com os exemplos bons evitam-se, como é evidente.
O Ministro conseguiu igualmente arranjar mais uns bons e poderosos inimigos dentro da sua própria família política, que, certamente, não lhe vão perdoar por ter ido tão longe e de forma tão rápida. A intriga palaciana encarregar-se-á de fazer o resto.
A esperança é que o seu gesto faça escola ao nível básico, médio e superior e que a partir de agora uma nova cultura de responsabilidade e da responsabilização se implante nos corredores de todos os hospitais deste país, mas não só.
Esta cultura tem que ser implantada primeiro nos corredores da estratosfera do próprio poder político, pois é sobretudo lá onde todos os dias os cidadãos são mortos lentamente por decisões equivocadas que são tomadas e pelos colossais desvios de fundos públicos que são efectuados pela via do despesismo, da corrupção e de outros malabarismos que só nos empobrecem ainda mais.
Podemos ter uma saúde pública e uma educação muito melhores, podemos ter melhores transportes públicos, podemos ter menos pobreza e menos criminalidade, se de facto os recursos forem melhor aplicados.
É tão simples quanto isso.
Será que ninguém entende onde é que está o segredo deste país?
PS- O Director do Hospital Geral de Luanda acaba de ser demitido pela Governadora Francisca do Espirito Santo na sequência de um estarrecedor caso de violação sexual de uma debilitada paciente que se encontrava a receber cuidados naquela unidade sanitária localizada na Camama.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
A Ecclésia, o “esquecimento” do Governo e os outros projectos
1 comentários: Gil Gonçalves disse... Os Jingola acessavam uma emissão de rádio, onde amiúde proclamavam, desabafavam vicissitudes incomensuráveis. Apesar dos esforçados Politburo para a silenciar, ela resistia bravamente. Era o rumo dos sem rumo, assim divinizavam a Rádio Oráculo. Alguns casuístas comparavam-na a Asterix o Minigaulês, que resistia arrumado, aprumado num cantinho sombreado da mafumeira. Os Politburo rabulavam que a Rádio Oráculo era o seu calcanhar de Asterix. Os circuitos telefónicos mais íntimos da governação, paladinavam que era o calcanhar da função do real. Jingola propagandeava a epidemia de cólera, que militava com muitos aderentes para o interior do reino. Como praga ratada sem navios mercantes. Frechei-me com grande constrangimento: ninguém ousou explicar que a principal causa da cólera… é a fome. A epidemia cadastrou ao infinito de Jingola. A Rádio Oráculo solicitou anuência para implementar o seu feixe hertziano a todos os ouvidos do reino, para que as populações se informassem, acautelassem, sanassem a epidemia. Os Politburo liminarmente recusaram. Cartaram, selaram, pergaminharam para a Rádio Oráculo.Reverendíssimas Excelências da Rádio Oráculo:Havemos um contrato com o barqueiro Caronte. A epidemia da cólera faz as vítimas suficientes, as almas que o barqueiro necessita a contento. Sentimo-nos felizardos.Se o sinal da vossa fé se digladiasse pela rádio e por todo o reino se espalhasse, não cairiam vítimas da cólera. Contamo-nos peremptórios firmados, e esse vosso pretenso vento é, não aceite.Alvejamos a certa teologia do querem ir mais longe, para além das redondezas, dos limites de Delfos. As distâncias curtas por vezes tornam-se longas.Permitimos que funcionem devido à frequência democrática que nos foi imposta. Encetámo-la no compêndio das contrariedades.Estendemos-lhes um dedo, agora querem a mão, depois o corpo.Para convencer que somos democratas, anunciámos que se realizariam eleições. Notem bem: que se realizariam… em qualquer momento, em qualquer época. Tudo depende da nossa íntima vontade. Não é a claridade de qualquer oráculo que nos leva ao cume solar, datar eleições. Uma coisa é incerta: o principio da incerteza eleitoral.Os nossos insignes marinheiros vigiam atentamente as proas do vosso ecletismo. Pretendem entreabrir a janela da noite escura, para a missa de manhã. Fazer muita luz, para jorrar nos espíritos. Com tanta vela por aí à disposição. Estamos à vela.Abundantes Saudações Revolucionárias.Jingola, Frimário, Ano II.Ano da Vida Incerta.Resposta da Rádio Oráculo:Depois de consultado o Oráculo revelou-nos:Parafraseando o perfume opiado, marxista de Bertolt Brecht, condizemos: Há governantes que são corruptos num dia, e são bons.Há outros governantes que são corruptos durante um ano, e são melhores.Há outros governantes que são corruptos durante muitos anos, e são muito bons.Mas, há outros governantes que são corruptos toda a vida… esses são os imprescindíveis.Mutam-se os climas, mudam-se as tempestades. Tudo é composto de ciclones.Injectadas saudações.
O Directório.Jingola, 9 Termidor.
Ano da emissão da nossa Rádio a todo o Reino. 13 de Julho de 2009 3:31
quinta-feira, 9 de julho de 2009
(Flashback /Julho,2007)-CEIC: Uma voz activa e inteligente a clamar num deserto chamado Angola
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Ary- Nasceu uma nova Estrela!
Michael Jackson, Bernard Madoff e outras tristezas
segunda-feira, 6 de julho de 2009
A polícia está a perder a guerra contra a criminalidade?
domingo, 5 de julho de 2009
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Relatório Económico Anual da Universidade Católica de Angola
Pelo sétimo ano consecutivo, a Universidade Católica de Angola (UCAN) através do seu Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) produz o Relatório Económico de Angola, sendo a presente edição referente ao ano 2008.
Contrariamente ao que vinha acontecendo em anos anteriores particularmente com o antigo Ministro das Finanças, José Pedro de Morais, desta vez e apesar do convite formulado, o CEIC não conseguiu que ninguém do Governo fizesse uma apreciação preliminar do Relatório durante a cerimónia de lançamento do Relatório que terça-feira encheu por completo o auditório da UCAN.
O Relatório Económico de Angola 2008 é assim a reafirmação da vitalidade de um projecto académico independente, único no seu género ao nível da sociedade civil angolana, constituindo a sua existência um importante documento de consulta para quem esteja interessado em aprofundar a sua visão sobre o desempenho da economia nacional.
Para a imprensa da especialidade, e não só, o Relatório é uma sólida e interessante referência na hora de se confrontarem dados, avaliações e perspectivas, sobretudo com a informação e a análise económica que é elaborada e divulgada pelas fontes oficiais.
Infelizmente este Relatório é muito pouco consultado e utilizado pelos jornalistas, não tendo por conseguinte o mesmo, um grande impacto junto da opinião pública e publicada, como seria de desejar.
Com efeito, muito poucos são os trabalhos jornalísticos, com a necessária e recomendável profundidade e abrangência, que anualmente são dedicados ao Relatório Económico da UCAN, o que traduz bem a pouca atenção que, de uma forma geral, a comunicação social dedica às questões mais complexas da vida nacional.
Esta lacuna também se deve, em parte, à pouca acutilância mediática com que os organismos especializados deste país tratam a informação de interesse público que elaboram, não constituindo, propriamente, o CEIC da UCAN uma excepção.
Neste âmbito o Centro tem-se limitado a uma sessão pública de apresentação do Relatório, sem se preocupar muito com outras acções de promoção junto da comunicação social que, certamente, levariam os jornalistas a darem um outro tratamento ao seu conteúdo no âmbito da disseminação de uma informação de reconhecido interesse para o esclarecimento da opinião pública.