domingo, 29 de agosto de 2010
Jornalistas brasileiros preocupados com Angola
Um caso de polícia particularmente grave

As informações publicadas este fim-de-semana pelo semanário "O País" são de facto muito graves para quem teve a reponsabilidade de gerir a RNA durante vários anos.
Estas informações não podem deixar ninguém indiferente e muito menos quem tem responsabilidades políticas e judiciais neste país.
Nos armazéns dos Mulenvos (Cazenga) foram encontradas provas que falam por si e que nos dão a imagem real de uma gestão que tem de ser avaliada e responsabilizada em toda a sua dimensão, do topo à base, para se chegarem a conclusões e se agir em conformidade.
De uma empresa que já foi modelo de gestão e fonte de inspiração a nível nacional, a RNA é hoje uma referência das práticas mais negativas e predatórias que se tem memória na história do pós-independência em matéria de gestão da coisa pública.
sábado, 28 de agosto de 2010
47 anos depois o sonho continua por realizar
"Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado da sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais"- MLK
Conforme tinha prometido, este ano decidi assinalar o 28 de Agosto.
Para mim esta data é da maior importância histórica na vida de todos nós, habitantes do planeta Terra.
Foi neste dia, há 47 anos, em 1963, que um cidadão negro, chamado Martin Luther King Jr (MLK) proferiu em Washington DC, diante de um milhão de presentes, o mais importante discurso da nossa época sobre a liberdade e a igualdade entre os homens, contra a discriminação e a segregação.
Vale certamente a pena voltar a ler e a ouvir o "I have a dream".
Vale, obviamente, assinalar esta data, com uma tal referência, deixando todas as outras, mais domésticas ou mais regionais, de lado, diante da sua dimensão e profundidade planetárias.
O sonho universal de Martin Luther King continua por realizar nos EUA, com todos os progressos que já foram feitos de lá para cá na luta contra a discriminação, pela afirmação do homem negro.
Mas o mesmo sonho também ainda não está realizado em Angola e noutras partes do mundo.
As barreiras contra a igualdade e a liberdade entre nós não são as mesmas que existiam no tempo de MLK nos States, mas não deixam de ser igualmente poderosos obstáculos a afirmação da plena da cidadania em Angola, a afirmação dos angolanos como pessoas livres, prósperas e independentes, com a possibilidade de pensarem pela sua própria cabeça e agirem em conformidade, sem outros bem conhecidos receios, que permanecem e nos ameçam como espadas invisíveis.
De uma forma geral os angolanos continuam a sonhar com um país bem diferente daquele que temos hoje, no meio de insuportáveis pesadelos que tardam em abandonar-nos, que tardam em deixar-nos em paz.
Pelos vistos, a guerra apenas mudou de armas...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010
MPLA entre os valores e os interesses (2)
Há muito que estou convencido que neste MPLA nem todos afinam pelo mesmo diapasão.
Mas haverá mesmo um diapasão dominante?
Qual será a sua forma e o seu conteúdo?
Caso exista este diapasão, quais serão então os outros menos dominantes? Como é que eles se manifestam?
Estou também convencido que todos aqueles que no MPLA não alinham pelo mesmo diapasão (o dominante), por sinal são a sua esmagadora maioria.
Trata-se, contudo, de uma maioria silenciosa e por vezes mesmo medrosa das consequências de algum "barulho" mais dissonante da "melodia" do Maestro.
Marcolino Moco protagonizou o mais recente caso com a utilização deste tipo de "barulho", por isso foi enconstado às boxes, enquanto aguarda que lhe façam a folha.
Os membros desta maioria raramente assumem em público a sua discordância com o diapasão dominante, embora os estatutos do MPLA permitam a existência do chamado "pluralismo de opinião", que consagra o direito dos militantes assumirem "posições diferentes sobre objectivos comuns do Partido, admitindo a possibilidade de harmonização entre os militantes".
Internamente as coisas já começam a ser diferentes, mas ainda sem outras consequências mais fracturantes, o que também seria normal num partido que preze pela sua democraticidade.
Dificilmente o "MPLA silencioso e bem comportado" dos dias de hoje se vai aguentar na sua actual versão, caracterizada por uma elevada dose de cinismo.
Também é por aqui que passa a "maka" dos valores vs interesses.
Para sermos mais claros nesta equação algo temerária, pois ainda podemos ser acusados de estar a meter a foice em seara alheia, embora os partidos sejam instituições tão públicas como as demais ( com todas as suas especificidades), diremos que a maioria dissonante do MPLA está com os valores mais estruturantes, enquanto que os que alinham pelo diapasão dominante parecem funcionar mais com a óptica dos interesses conjunturais.
Neste "fogo cruzado" está, quanto a nós, a principal referencia para se procurar entender melhor a dinâmica interna do EME, para além dos megafones.
Se quiserem um conselho da parte de alguém que acreditou piamente nas boas intenções revolucionárias do MPLA, já lá vão cerca de 36 anos, diria que este partido tem de começar a pensar e a discutir de forma mais aberta os problemas da altamente desequilibrada e injusta sociedade angolana.
Como país e depois das armas se terem calado, temos agora tudo (potencialmente) para dar certo, mas podemos deixar novamente tudo a perder.
As tendências actuais são preocupantes e ameçam a médio prazo a estabilidade da sociedade angolana, tendo como principal referência a forma como o rendimento nacional está a ser gerido e distribuído.
A concorrida "mesa redonda" do passado sábado foi apenas um tímido ponta pé de saída que precisa de muito mais para marcar a viragem que se pretende.
Resgatar valores tem de ser um exercício consistente com a dura realidade deste país e de pouco adiantará seguirmos o conselho estratégico da avestruz.
Por exemplo, o MPLA não pode ficar indiferente ao devastador impacto socio-político que representa a destruição do Roque Santeiro para a vida de centenas de milhares de famílias luandenses que sobrevivem graças a actividade daquela "grande superfície".
A solução Panguila é uma quimera, é uma miragem, é uma fuga para frente.
Não se trata aqui de estar contra ou a favor. Não é este o ponto.
Um partido que tem as responsabilidades do MPLA não pode ignorar este impacto e tem em consequência que produzir uma reflexão pública muito profunda sobre as suas consequências.
De outra forma...
(cont)
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Um história muito mal contada...
A ascenção e a queda do Hospital Geral de Luanda- Uma história muito mal contada
Aqui temos de facto (e de jure )uma história muito mal contada, mais uma, aliás, das muitas que nos têm vindo a ser impingidas ao longo de todos estes anos.
É por todas estas patranhas que temos estado a engolir, que sentimos cada vez mais a falta do chamado jornalismo investigativo, outro dos grandes "desparecidos em combate" do nosso teatro de operações.
Antes de mais e contrariarmente ao que ficou dito, não parece ter havido em todo este processo nenhuma falha mais grave ao nível da fiscalização, conforme ela deve ser feita por quem tem esta responsabilidade.
Esta parece-nos ser a questão mais sensível a carecer de algum esclarecimento oficial, que dificilmente algum dia será feito, na melhor tradição do comportamento institucional angolano, onde a doutrina prevalecente é aquela que tem como referência o ditado segundo o qual "os cães ladram e a caravana passa".
Soube agora que é um ditado de origem árabe, mas que, na sua essência, tem muito pouco a ver com a preversa interpretação que algumas vezes lhe é dado, sobretudo por quem não quer ou não gosta de prestar contas a que está obrigado pelas suas funções públicas.
A história do Hospital Central de Luanda, tb conhecido como Hospital da Camama, remonta ao tempo do Governador Simão Paulo (2002-2004), que foi o 14º responsável pelos destinos da capital angolana após a independência.
A estrutura que se viria a transformar em Hospital Central era na sua origem apenas um Centro Materno-Infantil, tendo o seu projecto sido elaborado e edificado em conformidade com a designação.
Também e contrariamente ao que ficou dito, o Governo angolano não gastou um tostão a construir esta infra-estrutura, pois a mesma foi-lhe oferecida pela República Popular da China no âmbito da parceria então estabelecida e que teve como arranque a assinatura do primeiro crédito bilionário ($usd-2bi) concedido pelo Eximbank chinês ao nosso país, tendo como contra-partida o petróleo.
Sendo uma doação, os chineses não viram com bons olhos a intervenção da imprescíndivel fiscalização na obra.
Mesmo assim o GPL contratou um fiscal para obra que acompanhou todo o projecto, mas sem capacidade para exercer legalmente o seu papel activo devido a não concordância/obstrução dos chineses.
A fiscalização funcionou assim mais como um observador que ia reportando pontualmente ao GPL o andamento da obra e os problemas técnicos detectados, que se iam avolumando, pois o empreiteiro não respondia às sugestões que iam sendo feitas, mantendo de pé as suas opções.
Com o afastamento de Simão Paulo do GPL, surgiu a Comissão de Gestão liderada por Higino Carneiro que depois deu lugar à nomeação de Job Capapinha como Governador.
Não parece ter sido por acaso que o primeiro Director do HCL fosse exactamente o irmão
do Governador, tendo ficado a dever-se a ele a elevação do Centro Materno-Infantil a categoria de um Hospital, com todas as insuficiências e debilidades que depois viriam a ser constatadas.
Em conclusão diremos que o GPL sempre esteve a par de todos os problemas técnicos com que o HCL se foi confrontando, não tendo em tempo oportuno feito as intervenções que lhe foram solicitadas para evitar problemas futuros que se anunciavam e que se vieram a concretizar agora com a sua retirada da circulação.
O silêncio do GPL é sintomático de alguma coisa.
Para já a história fica por aqui, mas não quer dizer que tenha terminado.
Pelo que sabemos há muito mais para contar...
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
MPLA entre os valores e os interesses
Elogiei na ocasião o CPL pela escolha do tema, porque acho que tudo quando diga respeito a resgate de valores estruturantes é da maior importancia para uma sociedade à deriva como a nossa, em que os interesses da conjuntura são agora aqueles quem mais ordena.
Como é evidente o MPLA, por razões óbvias, tem uma grande responsabilidade política pelo actual estado de coisas, estando por isso (também) nas suas mãos, a responsabilidade de inverter as tendências mais preocupantes que actualmente infernizam a vida dos angolanos, sobretudo com a adopção de políticas públicas mais consentâneas com as prioridades sociais, o que passa necessariamente por uma melhor distribuição do rendimento nacional, tendo como referência principal o emprego e o salário e o combate contra a má gestão do erário público.
A perspectiva geral da mesa redonda organizada pelo CPL não teve exactamente em linha de conta a dicotomia entre valores e interesses que eu fiz questão de destacar nas breves considerações que teci como moderador da prelecção de Luís Kandjimbo que abordou o papel da sociedade civil perante os imperativos do resgate dos valores culturais.
Estou convencido que a crise de valores que hoje vivemos também é o resultado da forma como este país tem estado a ser governado pelo MPLA, num processo que já leva mais de três décadas e que já conheceu várias etapas distintas do ponto de vista dos objectivos a alcançar.
Claramente esta última etapa, que tem a ver com a implantação da economia de mercado, tem sido muito má para a preservação dos valores estruturantes da nossa sociedade, da nossa dignidade e da nossa angolanidade.
O individualismo, o egoísmo, a ganância, a insensibilidade, o salve-se quem puder, a truculência, a corrupção são os novos valores que têm estado a corroer o nosso tecido social e de que maneira, contribuíndo para a completa fragilização das relações humanas com base no respeito pelo outro e na solidariedade humana.
Mesmo dentro da mais elevada hierarquia do MPLA, sente-se que as pessoas agora só se movimentam com alguma determinação, se os seus interesses, pessoais ou de grupo, estiverem em causa, ou se houver mais alguma vantagem para amealhar no cofre das poupanças pessoais ou para alocar ao pacote dos investimentos patrimoniais.
A administração pública transformou-se na principal arena das disputas de interesses que integram a colorida manta de retalhos ou enchem o saco de gatos em que se está a transformar o MPLA, com todas as consequências conhecidas.
Foi pois muito bom que o CPL tenha inscrito na sua agenda a questão do resgaste dos valores, mesmo se a sua perspectiva não tenha tido em devida conta o peso negativo e preponderante dos interesses da conjuntura, que são alimentados sobretudo pela superestrutura e que acabam depois por esvaziar os discursos politicamente correctos e recheados de boas intenções.
O CPL que já deu sinais claros que não está de acordo com algumas intervenções mais musculadas do GPL, pode ir muito mais longe e aprofundar este debate em torno dos valores vs interesses, chamando a atenção da hierarquia para a sua importância e para a sua assumpção.
Nesta campanha, o CPL não se pode esquecer que, muito dificilmente, a sociedade irá acreditar nos seus propósitos moralizadores, se o exemplo não partir de cima, do topo da hierarquia que nos governa, mas que tantas vezes nos ignora ou nos hostiliza.
Identificadas que estão as fragilidades e os desvios na base da nossa sociedade, é mister que se olhe com muita atenção para o topo da pirâmide, de onde os exemplos que nos chegam também não são nada animadores e acabam, muitas vezes, por justificar todos os outros atropelos.
(cont)
domingo, 22 de agosto de 2010
Procurado vivo ou morto
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
E os outros infernos do pós-independência?
Tarrafal não era, certamente, um paraíso, como não era Roben Island onde Mandela purgou a maior parte dos 27 anos que esteve preso pelo apartheid. Conheci as duas cadeias apenas como turista.
Mas conheci também uma outra e ouvi falar de outras tantas em Angola, já depois da independência.
Desta feita já não foi como turista.
Foi como preso ilegal de uma sinistra e tenebrosa policia política que marcou a ferro e fogo os primeiros anos da nossa dipanda.
Só os que, entretanto, estiveram presos nas duas épocas poderão fazer a comparação com a devida propriedade entre os dois tipos de cadeia.
Muitos deles estão aí, bem vivinhos da silva, e ainda têm bem conservadas as respectivas memórias em relação ao tratamento e a qualidade do serviço prestado pelos dois estabelecimentos prisionais: O do opressores colonialialistas e o dos nossos camaradas libertadores.
Da memória, por sinal bastante fresca, que conservo da minha passagem pelas "nossas" cadeias, não tenho qualquer dúvida em afirmar que, na Angola do pós-independência, o inferno também esteve aqui e pelos vistos continua bem presente no péssimo atendimento que continua a ser prestado pelos estabelecimentos prisionais angolanos.
Há um pormenor fotográfico que me chama a atenção nesta comparação entre o passado e o presente, entre o colonialismo e a independência.
O meu já falecido pai que passou pela cadeida da PIDE de São Paulo em Luanda, onde com a minha mãe o ia visitar com seis anos idade (longe de imaginar o que se viria a passar comigo), deixou-me fotografias da sua estada naquele local ao lado dos seus companheiros, por sinal todos muito bem vestidos, com alguns deles a exibirem mesmo sorrisos.
Eu, que cerca de 15 anos depois, viria a passar pela mesma cadeia, mas já sob a apertada e musculada gestão dos nossos camaradas, não tenho uma única prova fotográfica para deixar para os meus filhos.
E não tenho, porque fotografias e papéis escritos eram rigorosamente proibidos pelos nossos guardiões. Eles sabiam bem porquê. Nós na altura também já imaginavamos.
O que estavamos a viver naquela época não devia deixar muitos rastos para o futuro.
Qualquer dia, ainda alguém me vai pedir provas sobre a existência dos nossos infernos carcerários nos "paraísos" criados pelas nossas independências.
O que os jornalistas não devem fazer (nunca)
Nós percebemos as aspas, mas mesmo com aspas os jornalistas não devem nunca caçar com a polícia, seja quem fôr. Os jornalistas só podem "caçar" notícias. A notícia por principio deve evitar o julgamento sumário e a condenação, mesmo quando a situação é de aparente flagrante delito.

Os jornalistas podem aceitar um convite da polícia para participar numa "caçada", mas já não podem "caçar".
Ao aceitar acompanhar a polícia numa "caçada", o jornalista deve ter todo o cuidado em reportar os factos com todo o rigôr e distanciamento crítico possível em relação a operação em curso.
Nestas "caçadas" há sempre muitas coisas complicadas que podem acontecer, onde se inclui a detenção de inocentes ou mesmo a sua morte, para além de outros excessos.
Por tudo isto e por muito mais, recomenda a ética da responsabilidade jornalística, que o profissional faça dos factos que foi convidado a cobrir apenas a matéria prima de uma reportagem muito sensível, onde deve observar todos os protagonistas com igual cuidado e atenção e não ter receio depois de apontar o dedo à própria polícia por algum facto que considerar menos positivo ou menos transparente na sua actuação.
Este blog é contra todos os bigbrothers deste mundo
(ATT: Esta fotografia é referente ao primeiro BBA em que TD participou, no ano de 2007, onde acabou por ser derrotada pelo Richard, o jovem tanzaniano com que protagonizou esta e outras tórridas cenas)
["Popularidade, ousadia, astúcia e coragem suficiente para se manter entre os brothers não lhe faltam, pois defende que cada um deve lutar pelos seus sonhos, ainda que os seus actos não possam agradar os demais. A também apresentadora de televisão definiu-se como uma pessoa tranquila, autêntica, feliz e ousada, assegurando que os amantes do BBA verão uma concorrente mais forte e determinada"- In http://www.revistaplatina.com/rockettheme/5197-tatiana-durao-volta-big-brother-africa-]
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Recadastramento ou abertura de nova zona de guerra?
Parece tão simples quanto isso, mas o que é facto é que o pânico já se instalou entre os moradores da zona.
Receiam que o pior lhes possa acontecer e têm algumas razões para assim pensarem, com base no "ameaçador" Edital do GPL que anuncia o inicio desta operação, cujo propósito é a "reversão dos terrenos".
Em abono da verdade, tendo em conta o grande número de pessoas abrangidas por este processo e o exíguo tempo concedido para o efeito (15 dias), está-se diante de uma autêntica "blitz", o que só pode agravar ainda mais as desconfianças dos "convocados".
A confusão vai, certamente, instalar-se na repartição do GPL localizada na Chicala, onde a documentação deve ser entregue.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Contratação pública- Um(novo) regime com demasiadas excepções
A EM que já tem mais de dez anos de estrada é um projecto da Executive Center do Nuno Fernandes, tendo nesta altura à sua frente a jornalista Helena Costa que este ano substituíu o veterano Paulo Pinha, que foi o primeiro editor da revista e que se mantém ligado ao projecto, agora noutras funções.
Integro o projecto praticamente desde o seu início, como colaborador regular,tendo para este número elaborado uma matéria sobre o novo regime da contratação pública em Angola a que poderão ter acesso na sua versão integral e não editada, consultando o meu Google docs, através deste link:https://docs.google.com/document/edit?id=10Kq0_gAF2GTxW3hYCt2g4R9boj56cKg7uE8VDHnRmck&hl=pt_PT&authkey=CIrDzvAN
Aqui fica, entretanto, um "cheirinho" do tema abordado.
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Na nova lei chama atenção a existência de um outro regime que é o “regime de exclusão” e que corre o risco de transformar a excepção em regra tantas são as situações previstas que ficam de fora do regime normal.
Assim sendo estão excluídos da aplicação do regime da contratação pública, qualquer que seja o seu valor os contratos regidos por regras processuais especiais previstas em acordos ou convenções internacionais celebrados entre a República de Angola e um ou vários Países, ou com empresas de outros Estados; os contratos celebrados por força de regras específicas de uma organização internacional de que a República de Angola faça parte; os contratos que sejam declarados secretos, ou cuja execução deva ser acompanhada de medidas especiais de segurança, ou quando a protecção de interesses essenciais, de segurança ou outros, da República de Angola, assim o exigir, designadamente os contratos relacionados com a defesa e segurança do Estado; os contratos cujo processo de celebração seja regulado em lei especial; os contratos celebrados com empreiteiro, prestador de serviços ou fornecedor de bens que seja, ele próprio uma entidade pública contratante; os contratos de aquisição de serviços financeiros relativos à emissão, compra e venda, ou transferência de títulos, ou outros produtos financeiros, bem como serviços prestados pelo Banco Nacional de Angola; os contratos de aquisição de serviços de natureza iminentemente intelectual, designadamente os relativos a serviços de carácter jurídico, de arbitragem e conciliação.
O “regime de exclusão” diz ainda que as entidades públicas excluídas do regime normal reger-se-ão por diploma próprio, estando igualmente um diploma específico previsto para contratos de aquisição de bens alimentares ou outros que estejam sujeitos a grande volatilidade dos preços no mercado internacional.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
É mesmo verdade! (actualizado c/debate)
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Vum Vum de regresso à banda


(Este texto foi-me solicitado e publicado este fim-de-semana pelo Novo Jornal)
sábado, 14 de agosto de 2010
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Depois da tempestade vem a bonança...

O Jornal de Angola (JA) publicou hoje esta "simpática" notícia sobre a tomada de posse da nova direcção da JURA, a juventude da UNITA.
A notícia segue-se a um verdadeiro bombardeamento com que o JA tratou o recente Congresso daquela agremiação com a divulgação de escaldantes cartas anónimas e a publicação de furibundos editoriais, alertando a opinião pública sobre o carácter perigosíssimo para a segurança nacional das teses discutidas e aprovadas pelos jovens maninhos.
De facto já há algum tempo que não víamos o "nosso Pravda" empenhado numa cruzada em defesa não se sabe bem de quê (para não variar), tão agressiva e tão pouco jornalística.
É caso para dizer que depois da tempestade provocada, vem uma estranha e incongruente bonança, como se nada tivesse acontecido.
Afinal de contas, só agora ficamos a saber pelo JA, o IIº Congresso da JURA decorreu sob o lema "mais forte e persistente na luta contra a exclusão social".
Afinal de contas, onde é que está a "borbulha" que tanto perturbou o recentemente extinto Gabinete Editorial do JA?
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Missombo, o derradeiro testemunho
"Missombo"(Mayamba Editora-2010) é depois de "Dos Campos De Algodão Aos Dias De Hoje" (Setembro 93), o segundo livro de memórias do Dikota Adriano, que nos deixou em Março último aos 87 anos que completaria ontem.
Coube à sua viúva, a Dona Hemengarda, contar-nos uma parte da história que levou o autor em 1962 até ao longínquo Missombo, com uma escala na Colónia do Bié-Capolo, depois de ter sido preso em 1960 na então cidade de Carmona, hoje Uíge.
Luís Neto Kiambata, seu afilhado de baptismo, fez-nos a primeira leitura deste derradeiro testemunho de Adriano Sebastião, que já se havia referido a Missombo no primeiro livro, que é um manancial de informações muito interessantes que nos ajuda a perceber parte da história mais recente de Angola, com destaque para as décadas de 60/70.
Missombo tem a particularidade de ter sido escrito já nos últimos dias da sua vida em condições de saúde bastante adversas para este exercício de memória.
Mesmo assim e com o que lhe restava de energias, Adriano Sebastião foi para a frente com o seu Missombo dando-nos assim, a todos nós, para além da memória, uma lição de coragem, que convém reter e passar, sobretudo para aqueles, os mais kotas, que têm coisas para contar e ainda não se decidiram a fazê-lo, nem têm a certeza se valerá mesmo a pena.
E por vezes não têm esta certeza, porque a memória neste país é um exercício (quando é feito com frontalidade) que ainda não é bem visto, particularmente quando ele põe em causa o estatuto de algumas "vacas sagradas" ou questiona a veracidade/consistência de algumas versões oficiais.
Este não foi o caso de Adriano Sebastião.
Valeu Dikota!
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Morreu o Frei dos Pobres!
Em Angola crescem as preocupações em relação à forma menos transparente e pacífica como uma minoria de angolanos, que se confunde com o próprio poder político, tem estado a acumular riqueza.Esta movimentação está a acontecer num contexto socio-económico marcado pela existência de uma enorme mancha de pobreza, miséria, desemprego e criminalidade que não dá mostras evidentes de estar a recuar.
O mais recente alerta para esta chocante e contraditória realidade foi feito no último fim-de-semana pelo frei dominicano João Domingos na homilia que proferiu domingo numa das igrejas da capital angolana.
João Domingos, de nacionalidade portuguesa, a dirigir neste momento uma das mais importantes instituições educativas da igreja católica em Luanda, tem-se destacado neste tipo de abordagens pela profundidade com que equaciona o problema da riqueza versus pobreza, sobretudo em termos de consequências negativas para o equilíbrio social e a paz nacional.
É fácil perceber nas suas palavras a grande preocupação com o que poderá vir a ser a reacção menos controlada das populações mais pobres em Angola diante da ofensiva dos ricos resguardados pelo poder político.
Uma ofensiva que agora tem na ocupação das terras quer urbanas quer rurais, um pouco por todo o país, a sua principal linha de força, de ataque, já com bastante violência à mistura e algumas vítimas a lamentar.
João Domingos, o “Frei dos Pobres” como já foi apelidado por alguma imprensa luandense, voltou no passado domingo a falar da insatisfação dos pobres pela forma como as terras mais produtivas e mais rentáveis têm estado a passar para o domínio da propriedade privada dos novos ricos angolanos.
“Nós estamos a assistir a ambição da grandeza, a ambição da riqueza, que não olha aos pequenos, que não olha aos pobres.É assim que queremos um país em paz?Achamos que assim o povo vai ficar caladinho e feliz?O povo não pode estar feliz, porque ele vê, tem olhos abertos, está a ver…”
No que toca à gestão das terras, Frei João Domingos chegou ao ponto no seu sermão de dar alguns conselhos mais técnicos aos ricos para deixarem alguma coisa para os pobres, algumas migalhas de terra.
“Dizem que só os ricos é que podem fazer produzir as grandes terras. Muito bem, mas por favor deixem a terra perto das aldeias, perto das vilas ao povo, para que ele cultive perto de casa. Não se canse nos caminhos, não ande com pesos às costas tantos quilómetros. A terra junto às populações devia ser respeitada para as populações. E a esses grandes ricos então, outras terras, mais longe, onde eles podem ir de carro, podem ir de tractor. É mais fácil para eles andar longe, do que o povo andar a pé tantos quilómetros.”
Frei João Domingos da Igreja Católica preocupado com o processo de enriquecimento em Angola, tendo como referência principal a forma como as terras urbanas e rurais têm estado a passar para as mãos de uma minoria de angolanos em detrimento dos interesses e direitos da maioria.
(Julho-2007)
Uma Capital sem liberdade de imprensa?
domingo, 8 de agosto de 2010
O confisco de um jornal e o novo modelo de gestãos dos médias públicos

A referida edição acabou por não sair, por razões até agora não apuradas, uma vez que os seus responsáveis evitaram fazer qualquer comentário sobre o eventual incidente que terá determinado a situação.
Os ardinas com quem falámos este sábado disseram-nos que o jornal tinha sido confiscado, "queimado" na sua expressão, pela polícia na hora da sua distribuição, por causa de uma certa notícia.
Desconfiamos, entretanto, que terá havido um engano nesta "operação de silenciamento", pois o jornal a ser apreendido deveria ter sido o "Folha-8" que publicou na íntegra a mais recente investigação de Rafael Marques sobre a corrupção em Angola.
"Kope, Dino e Vicente acusados- Trio presidencial apodera-se do dinheiro do povo"- foi a manchete que o F8 usou para chamar a atenção dos seus leitores para o conteúdo da perturbadora investigação dada à estampa pelo referido semanário.
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Média pública- Que nova gestão teremos?
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O Conselho de ministros aprovou, finalmente, nesta segunda-feira, os novos estatutos orgânicos e as medidas de política dos órgãos de comunicação social públicos com o objecto de ajustar a legislação em vigor à Constituição e garantir melhores práticas de gestão no sector.
1 - Como jornalista, qual é a sua maior expectativa em relação esta matéria?
RS- Ponto prévio: Desconheço completamente o conteúdo do pacote aprovado e uma vez mais lamento o facto da crescente produção legislativa quer do executivo quer do legislativo não estar a chegar ao conhecimento da opinião pública e publicada em tempo oportuno, o que não permite que os cidadãos, onde estão incluídos os jornalistas, exerçam o seu direito constitucional de ser e de estar devidamente informados.
A minha expectativa neste âmbito tem como limite o que define a nova constituição do país no domínio das liberdades de informação, expressão e de imprensa.
Espero pois que o poder executivo (que é cada vez mais legislativo) tenha feito o melhor, o mais abrangente e o mais saudável entendimento, tendo em conta tanto a letra como o espírito, dos princípios fundamentais do nosso Estado Democrático de Direito plasmados neste capítulo da Lei Constitucional.
O meu receio é que ao nível da legislação ordinária, como já tem acontecido com outros diplomas, o resultado seja uma completa “subversão” dos princípios constitucionais, com a colocação estratégica no terreno de um conjunto de “minas e armadilhas”, que acabam por inviabilizar a essência do que defende a Constituição.
No caso vertente as minhas atenções estão particularmente voltadas para a tradução prática do princípio da independência editorial.
Como se sabe, o grande ganho da nova Constituição neste âmbito foi o compromisso assumido pelo Estado de assegurar “a existência e o funcionamento independente e qualitativamente competitivo de um serviço público de rádio e de televisão”.
Mais especificamente a minha expectativa, enquanto se aguarda pela divulgação do conteúdo do pacote aprovado, tem a ver com os mecanismos que serão adoptados pelo novo modelo de gestão dos meios de comunicação social públicos para garantir a necessária separação de águas entre a gestão administrativa e a gestão editorial.
Estou convencido que é fundamental garantir-se a esta última a independência mínima que confere ao produto jornalístico a necessária credibilidade aos olhos da opinião pública que é o que, definitivamente, os “MDMs” não têm nesta altura.
Conhecedor que sou do país real e como não houve qualquer debate sério sobre o assunto, acho que dificilmente a solução adoptada apontará para o que é recomendável em matéria de independência editorial.
Receio, contudo, que o modelo aprovado fique muito aquém das nossas expectativas, a contrariar uma vez mais a letra e o espírito da Constituição, para não variar.
A Constituição consagra a existência de um serviço público de informação e não de um serviço governamentalizado onde a informação, a propaganda e a manipulação praticamente se confundem, que é o que temos tido até agora.
2 - Esta medida vai trazer algo de novo, do quadro funcional e estratégico dessas empresas? Que benefícios os jornalistas vão ter, a partir da aprovação desses diplomas?
RS- Em relação à questão do desempenho editorial, está mais ou menos, tudo dito na resposta anterior, pelo que vamos ter que aguardar mais algumas semanas. Já faltou mais tempo para sabermos o quê que a montanha vai parir.
Quanto à parte administrativa e técnico-material e das condições de trabalho, pior do que os órgãos se encontram nesta altura, como resultado do carácter altamente predatório da gestão registada no consulado anterior, sobretudo ao nível da rádio e da televisão, dificilmente poderiam ficar.
Há pois que apurar o que se passou e responsabilizar quem de direito, pois sabe-se já que os “buracos” são verdadeiras “crateras”, nomeadamente ao nível dos investimentos (não)realizados, mas ainda não se sabe se haverá da parte dos órgãos competentes de fiscalização e do poder político coragem e determinação suficientes para levar as investigações em curso até às suas últimas consequências.
Diante do desastroso quadro herdado, o novo modelo de gestão vai tentar colocar um ponto final no regabofe e inaugurar uma nova era na esteira da probidade pública que esperamos venha a conferir rapidamente aos órgãos uma outra vida, mais transparente, mais saudável e mais a altura da satisfação das necessidades e das aspirações dos seus trabalhadores.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Súbita crispação ou uma inteligente manobra de diversão?
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Aconteceu na derradeira sessão do Luanda International Jazz Festival
Terminou a "guerra" do Luís Fernando em defesa do VK-500?
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Mais um contributo para a nossa história
Os objectivos centrais do trabalho são segundo Lázaro Cárdenas os seguintes:
1 -Dar fé aos elementos da contínua disposição de Angola e de Cuba, a partir de, Abril de 1976, repatriar as tropas internacionalistas
sempre e quando Angola tivesse as condições necessárias de paz e segurança;
2 - Destacar como os contínuos e mantidos esforços Cubano- Angolano fortificaram, no período de 1987-1988, os acordos
de paz de Nova Iorque a partir das mudanças ocorridas no terreno militar no Sudoeste de Angola, a agudização da crise do apartheid, o deteriorar das posições da UNITA e
as mudanças ocorridas no mundo, no marco da distinção internacional;
3 - Analisar os elementos essenciais da política anti-angolana de Washington e o fracasso da sua filosofia do “compromisso construtivo” com a África do Sul juntamente com a sua teoria de fazer depender a liberdade da Namíbia à saída prévia das tropas cubanas de Angola;
4-Demonstrar como a liberdade da Namíbia se acelerou a partir da vitória do Cuito Cuanavale e o contributo do desenvolvimento da ofensiva Angolano-Cubano-SWAPO, até ao Sul de Angola contribuíram para aquele feito;
5-Destacar as singularidades originadas pelo conflito na área e as suas especificações de solução vinculadas, fundamentalmente, no desaparecimento do apartheid.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Ainda a famosa Batalha do Cuito Cuanavale e o papel dos cubanos

Sobre este assunto pode revisitar as minhas abordagens em: http://morrodamaianga.blogspot.com/2010/04/cuito-cuanavale-22-anos-depois.html/
Apesar do autor ser desconhecido (anónimo), ele apresenta-se como um dos soldados governamentais que participou da batalha, sendo a sua versão dos factos particularmente dirigida ao Estado-Maior das FAPLA da época, com o propósito de contrariar frontalmente o discurso oficial que prevalece até aos dias de hoje. Nesta contribuição um dos destaques vai para o papel dos cubanos e de Fidel Castro na referida contenda.
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"(...) Porque é que o Sr. General [Ngongo] não [fala da] falta de visão estratégica demonstrada na altura pelo Estado Maior ( Ndalu, Petrov, e o Sr. ) enviando brigadas ( 16, 21, 47 ) em direcção à Mavinga, sem se preocuparem com a cobertura dos flancos, assegurar a retaguarda e sem preparar planos de recuo, prevendo uma forte reacção do inimigo, como aconteceu.
O Sr. senhor, assim como eu (fui da 244 brigada-Comando brigada adstrita ao EMG das FAPLA), sabemos que as brigadas foram bloqueadas na região do Chambinga, e todo o apoio aéreo que se tentou, revelou-se num desastre total, porque a Forca Aerea quase ficou sem Helicopteros ( foram todos abatidos ).
Foi ou não assim, que a brigada 21 (não a 47, entretanto duramente castigada) desapareceu Sr. General?
Recuados até ao Cuito Kuanavale, a mesma falta de visão, continuou a manifestar-se, colocando as brigadas 54, 25, 44 e 47 espaçadas de varios kilometros entre si, mesmo com a advertencia dos Cubanos sobre o perigo deste espaçamento.
Os Sul-Africanos introduziram-se na brecha entre a 25 e a 54, para isolar esta.
Graças a pronta e vigorosa intervenção da Divisao 50 ( forca de elite Cubana) evitaram o pior. Foi daqui que, devido ao descontrolo, acusacoes e recriminacoes que reinava na Dir. De Operacoes devido ao previsivel desastre militar, que FIDEL CASTRO, pediu a JES que o commando de todas as tropas e operacoes passassem para si. E FIDEL comandou as operacoes a partir de CUBA, transmitindo todas as orientacoes directamente ao General POLO.
É verdade que os Sul-Africanos nao tinham outra alternativa senao retirar, quer devido a conjuntura internacional, quer devido a forte determinacao de Fidel em alastrar o conflito até a Namibia se se desse o caso de os Sul-Africanos teimarem em continuar com incursoes constantes em Angola.
Lembro-me que na altura falava-se já na destruicao de RUACANA e OSHAKATY e os MIG’s ja’ sobrevoavam o norte da Namibia."
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Anónimo disse...
Li com imensa atenção as afirmações do oficial em causa:
- Os aspectos de ordem estratégica para a tomada de Mavinga poderão obviamente ser questionadas, nomeadamente a não previsibilidade da intervenção Sul-africana na nascente do rio Lomba, já que no confronto FAPLA/FALA, pelo menos nessa direcção a desproporção era esmagadoramente favorável as forças governamentais.
- Outro aspecto importante e que é necessário igualmente realçar, que nessa batalha as FAPLA retiraram a capacidade da iniciativa estratégica áerea aos sul-africanos com a introdução dos misseis OSAKA nas brigadas em progressão e dos PECHORRA, é que os sul-africanos passaram a bombardear de forma ineficaz a elevadas altitudes, o tipo de baixas sanitárias falam por si, reconheçamos todavia a elevada superioridade da artilharia sul-africana nomeadamente os canhões prepulsáteis G5 e G6 com alcance de quase 45 Km.
- Não acho que alguém de boa fé não reconheça o que aconteceu a famosissima brigada 47 na nascente do Lomba, não isso que transformou o teatro operacional.
O grande factor determinante, foi a incapacidade dos sul-africanos tomarem o Cuito-Cuanavale nessa famosa Batalha por vários factores que acho importante realçar:
1- Os sul-africanos ao aproximarem-se a menos de 30 Km do CC ficaram ao alcance das nossas baterias de artilharia os famosos Mona Caxito como sabemos têm maior capacidade de destruição e obviamente julgo que ninguém de boa fé esconde isso a eficacia dessa artilharia manejada principalmente pelos cubanos e igualmente por angolanos.
2- O Campo minado de mais de 20 km ? onde foram capturados os Cinturions foi igualmente determinante e para lá do Rio CC não estavam cubanos mais a heróica 25ª Brigada Comandada pelo actual T-General Valeriano.
3- O grande problema na Batalha pelo CC é a de que se criou um impasse e equilibrio estratégico, desfeito pelo desdobramento das forças principalmente de artilharia cubanas para o Calueque e Ruacanã, nesse aspecto não endeusemos Fidel pessoa de quem tenho imensa consideração.
Em minha modesta opinião o grande estratego da viragem foi o General Óchôa, ele sim teve a visão estratégica de ter mudado o rumo dos acontecimentos, eu tive a oportunidade de ter visto a sua discussão com o General Constantinov Assessor principal do então ministro Pedalé.
3- Julgo não ser correcto reduzir o papel das Forças Governamentais a meros figurantes na Batalha do CC ,revela uma atitude míope na avaliação dos vários intervenientes,os cubanos tiveram o seu assim como as Fapla tiveram o seu ,ambos determinates para não tomada do CC pelos sul-africanos.
É salutar continuarmos a discutir a Batalha do CC descomplexadamente sem certificado nenhum de menoridade ,e igualmente com pela contribuição dos nossos irmãos e compatriotas que estiveram no outro lado da barricada.
4- Outro dado é que do ponto de vista histórico houve um lado vencedor e este não foi claramente o Apartheid ou há alguma dúvida?
Um abração ao meu amigo dos debates do nosso PREC, pelo teu espaço de debate neste morro da maianga
3 de Agosto de 2010 12:16
domingo, 1 de agosto de 2010
Director do JA tem um novo herói
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