Com um intervalo pelo meio, estive ligado ao Angolense como colaborador regular desde a sua 3ª refundação em 1997, tendo o Américo Gonçalves como Director. Depois da "crise dos farináceos", o AG continuou à frente do projecto (4ª refundação), mas já sem a presença dos seus antigos companheiros , até que também se afastou do mesmo, o que foi acontecendo de forma paulatina, que quase ninguém deu conta.
O Marcos que se casou sábado com a Vanda na Igreja da Nossa Senhora do Pópulo, tem-se destacado pela qualidade dos seus trabalhos sobre a realidade daquela provincia. Apesar da sua juventude, é já uma referência muito positiva do jornalismo que se faz naquela provincia.
Foi pois com muito gosto que acedi ao seu convite, tendo viajado de carro para Benguela sábado de manhã, o que não me permitiu gravar com o Ismael Mateus o Semana em Actualidade da TPA, que é conduzido habitualmente pelo Antunes Nguange.
Na altura em que escrevo este apontamento ainda não sei quais foram os temas que animaram o debate de domingo, estando a minha curiosidade concentrada na destruição do Roque Santeiro e na guerra de Maputo, que foram, quanto a mim, as duas referências mais marcantes em termos de actualidade da semana transacta e que têm a particularidade de se relacionarem mesmo na distância.
A minha breve breve estada em terras de Ombaka por cerca de 48 horas, permitiu-me, uma vez mais, perceber que a sociedade benguelense, é do ponto de vista da preservação dos valores, como a amizade, a consideração e a solidariedade entre as pessoas, independentemente de tudo o resto que possa separar os seus autóctones, muito mais saudável que a sua congénere luandense.
Tive a oportunidade de constatar esta realidade domingo de manhã duarante uma valente sopa que me foi servida no terraço de um negócio familiar de restauração, nas imediaçoes do novo Hotel Praia Morena, onde estavam presentes algumas conhecidas figuras da cidade de Benguela, unidas apenas pela boa disposição e pela necessidade de partilharem alguns momentos na galhofa e na estiga.
Em Luanda já é dificil os nossos actuais e petulantes novos ricos juntarem-se aos seus amigos, velhos pobres do passado, do bairro (antigamente não havia condomínios, lembram-se?), apenas para conversarem num sábado ou num domingo de manhã ao sabor de uma sopa ou de um caldo, sem outras preocupações.
Em Luanda os novos ricos bafejados pela sorte madrasta do OGE e dos seus chorudos sacos azuis, para além de recearem o contacto com os seus amigos cada vez mais empobrecidos do passado, até já contam anedotas sobre o tempo em que também eles eram pobres.
Desse tempo longínquo, dizem-nos sorridentes, já nem sequer têm saudades.