quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Kota e o Kanuko

O lendário Sam Nujoma, que agora aos 81 anos de idade (nasceu em 1929) é apenas mais um cidadão namibiano à frente de uma universidade do seu país, esteve esta semana em Luanda onde voltou a abraçar o "puto" José Eduardo dos Santos, que acaba de completar 68. Apesar de ter optado pela via armada com o apoio de Angola, Nujoma chegou ao poder de forma democrática (eleito) em 1990, onde JES já se encontrava desde 1979, por força de uma substitução impossível, mas necessária, de acordo com as suas próprias palavras, quatro anos depois da independência de Angola ter sido proclamada a ferro e fogo.
JES é o segundo Presidente de Angola função que mantém até aos dias de hoje, sem nunca ter sido eleito, mais de 31 anos depois de ter sido nomeado pelo BP do MPLA para substituir Agostinho Neto, que foi o primeiro Chefe de Estado.
Nujoma foi o primeiro Presidente da Namibia, cargo que ocupou de 1990 até 2005, tendo ficado assim 15 anos consecutivos no poder, na sequência de três eleições democráticas que a SWAPO venceu folgadamente. A SWAPO, que ele fundou em 1960 e dirigiu até 2007, perfazendo um total de 47 anos na sua liderança.
A vizinha Nambia, o único país do mundo onde os angolanos não precisam de visto para entrar, é hoje um dos destinos mais procurados pelo nosso pessoal para negócios, turismo, saúde e educação.
A inversa não é verdadeira, a traduzir bem a existência de duas realidades nacionais distintas do ponto de vista do desenvolvimento, com a desértica Namibia a dar-nos um valente "bigode", apesar de não posssuir nem um décimo das nossas potencialidades. Nujoma é hoje mais um cidadão namibiano. É o Reitor da Universidade da Namibia (pública) e tem o título de Mestre em Geologia.
JES ainda não disse o que quer ser no futuro, se algum dia deixar de ser Presidente de Angola, embora tenha dito em 2001 que ele não seria mais o candidato do MPLA às eleições presidenciais.
Constou-nos que ele terá endereçado muito recentemente uma muito sensível missiva aos seus pares do BP, abordando a problemática da sua sucessão, que agora em termos mais concretos só voltará a colocar-se em 2012, por ocasião das próximas eleições gerais.
Como é evidente, uma sucessão deste tipo, nas condições concretas de Angola, caso venha a verificar-se, não pode ser decidida em cima do joelho.