quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Televisões angolanas ignoram confrontos de Maputo

As televisões angolanas, a TPA e a Zimbo, ignoraram olimpicamente os confrontos registados na "vizinha" cidade do Maputo, numa atitude que é jornalísticamente indefensável e reprovável, mas que se entende perfeitamente do ponto de vista dos interesses estratégicos dos proprietários "siameses" dos dois canais. Deste modo e com um tal black-out, as tutelas fizeram de forma ostensiva prevalecer os critérios políticos em detrimento dos editoriais, em mais uma tentativa (atabalhoada) visando tapar o sol com a peneira. Sintomático. No dia em que estoirou a pendenga popular em Maputo contra a carestia de vida e as injustiças sociais em Moçambique, em Luanda (Angola) entrava em vigôr um aumento muito significativo do preço dos combustíveis e dava-se inicio ao processo de transferência forçada para o longínquo Panguila do Roque Santeiro, considerado o maior mercado a céu de aberto de África. Este black-out das televisões angolanas faz-nos regressar ao passado recente da nossa falta de liberdade, que afinal de contas não é tão passado como parece. A Zimbo que se assume como alternativa à TPA, no âmbito do pluralismo informativo, acabou por ser o protagonista deste desenvolvimento a sair mais tremido na fotografia das nossas desilusões, a dar razão a todos quantos encaram o projecto da Medianova com muita desconfiança em relação aos seus reais propósitos.

"A capital moçambicana acordou quarta-feira sob uma grande azáfama, correria, gritos, tiros, pneus queimados, a revolta popular, perante a mais recente medida do governo: os preços vão aumentar, nomeadamente a luz, a água e o pão. Pelo menos seis pessoas morreram e 42 ficaram feridas, quatro das quais em estado grave, nos confrontos entre populares, que iniciaram hoje de manhã um protesto pelos aumentos dos preços dos bens essenciais, e a polícia. Os protestos começaram nos arredores de Maputo, mas estenderam-se ao centro da capital.Populares criam 'novo hino'O recurso às mensagens escritas via celular continua a ser a forma de mobilização da população. Já corre um novo 'hino nacional':"Moçambique nossa terra destruída- Pedra pedra destruímos muitos carros, milhões de braços uma só força- A greve armada vamos vencer- Na Matola, Malhazine, Magoanine pelo chapa pelo arroz e pelo pão- Nós morremos por ti Moçambique, nem o Guebuza nos irá escravizar"Reacções às declarações da Frelimo.Via mensagem telefónica, está a circular também a reacção às declarações que a Frelimo fez há minutos: ' Camaradas para o nosso bem vamos continuar a greve até dia 3, sexta-feira, porque pelos vistos o governos não quer dar-nos resposta. Até nos chamam confusos, vamos paralisar tudo, ninguém vai trabalhar, se Cahora Bassa é nosso porque aumenta o preço da energia?'Desconhece-se, no entanto, a origem desta mensagem". In http://noticias.sapo.mz/info/artigo/1089338.html