segunda-feira, 25 de julho de 2011

Os que gostam de Luanda devem ler esta entrevista. Os outros também...

Antes de mais gostaria que ficasse claro que com esta "promoção" não pretendo "equilibrar" a apreciação menos positiva feita em relação à interminável entrevista com Apolónio Graciano que o SA publicou em duas edições consecutivas.
Nada disso. Não é por aí que devem ir, se me quiserem "apanhar"...
A entrevista com o arquitecto Simões de Carvalho, "o homem que pariu Luanda" dada à estampa pelo SA na sua última edição, chamou a minha atenção por várias razões, todas elas bastante substantivas e legítimas.
A primeira, é porque sou um calú puro, um luandense de gema que tem todo o interesse em saber como é que a sua cidade foi "parida", para depois perceber melhor como é que ela está actualmente a ser "destruída".
Acho que Luanda está de facto a ser diariamente agredida por um conjunto de obras públicas e privadas que estão a pôr em causa o mínimo em matéria de racionalidade, coerência e sustentabilidade, no que toca ao que deve ser a correcta gestão de um espaço urbano com a dimensão de uma cidade que tem uma história própria.
Por isso e por muito mais li com bastante atenção a entrevista do meu conterrâneo Simões de Carvalho. Devo confessar que já tenho bastantes dificuldades em ler algumas "grandes" entrevistas do principio ao fim, pelo que a solução é a sua leitura em diagonal.
Não foi o que aconteceu com esta feita ao homem que "pariu" a minha cidade, apesar de ter notado que a mesma apresentava alguns problemas "técnicos" que não facilitaram muito a compreensão cabal das ideias do entrevistado. Por outro lado, estou convencido que foram muitas as perguntas importantes que ficaram por fazer ao arquitecto Simões de Carvalho, pelo que desde já desafio o jornalista que falou com ele a enviar-lhe por email mais algumas questões, já que o entrevistado não vive em Angola.
Seja como for, vale mesmo a pena ler esta entrevista, que sem ser grande nem pequena é sobretudo esclarecedora ou pelo menos tem o ponto de vista de alguém que de facto conhece a matéria de que fala, tem experiência e, portanto, pode ajudar-nos a resolver ou a evitar alguns problemas que a cidade enfrenta. Lamentavelmente muita borrada já foi definitivamente feita em Luanda em nome de interesses pessoais dos detentores do poder político.
Depois de ter lido a entrevista (como não tem direito a 2ª parte, vou voltar a lê-la), cheguei a conclusão que Luanda está a correr mais riscos no que toca à sua própria sobrevivência, do que muitos de nós imaginavam.
Percebi por exemplo porque é que os apartamentos dos prédios que estão a ser feitos na baixa de Luanda são tão caros, ou pelo menos qual é uma das razões que ajuda a explicar os seus preços milionários.
Percebi muito mais sobre o que se está a passar em Luanda de errado, o que quer dizer que depois de ter lido a entrevista tenho certamente mais argumentos para defender a minha dama dos ataques que está a ser vítima. Sei que é quase impossível parar a fúria que vai por aí, mas...
Mas o quê?
(In http://www.semanario-angolense.com/home/)