Angola é um país de difíceis consensos, não importa o que esteja em causa.
Pela positiva, muito dificilmente conseguimos ter uma unanimidade nacional, pelo que as poucas existentes são de valorizar duplamente e homenagear sempre que haja oportunidade para tal.
A dificuldade de atingir este patamar, só pode resultar do mérito próprio de quem o alcança, o que só é possível com muito trabalho, espírito de entrega, sacrifício e abnegação e muita paixão qb.
Jerónimo Belo (JB) é uma dessas raras unanimidades nacionais, quando se trata de falar, discutir, criticar, promover, ouvir e ver jazz em Angola.
O que seria do jazz em Angola, se não tivéssemos tido por cá o Jerónimo, se o JB não nos tivesse feito o favor de ser angolano, de gostar tanto desta manifestação artística e de tudo fazer para partilhar com todos nós esta sua paixão?
Nesta matéria de facto não conheço ninguém que no pós-independência, tenha feito mais pelo Jazz que o Jerónimo Belo, ao ponto de já não ser possível desligar as duas coisas ou mesmo de admitir um outro cenário, que passaria pela sua ausência.
Estou convencido que esta avaliação será partilhada por inteiro por todos quantos, muito poucos ainda, integram as hostes jazzísticas locais em permanente crescimento com todos os fluxos e refluxos que se conhecem.
Se estiver enganado, agradeço, naturalmente, que me corrijam.
É esta a percepção que tenho do papel central do JB no desenvolvimento das diferentes etapas que o fenómeno jazzístico tem conhecido em Angola, desde os tempos mais cinzentos da República Popular, até chegarmos aos dias de hoje, com o concurso, certamente, de outros valiosos protagonistas e contributos.
Luanda já tem direito a um festival internacional que se quer afirmar como uma aposta regular e que nestes últimos três anos já trouxe até à nossa capital algumas das mais renomadas figuras do jazz mundial.
Acredito que sem a paixão que o Jerónimo Belo tem dedicado ao longo de todos estes anos à divulgação e promoção do jazz em Angola, também muito dificilmente chegaríamos a este nível de realização.
Como se sabe em termos de mercado, o jazz ainda não é um produto aliciante para a indústria local do show business.
Ao JB só tenho que lhe agradecer o que tem sabido fazer pela sobrevivência do jazz em Angola, numa aposta que apesar de ainda não estar ganha, hoje já não está ameaçada de morte, graças ao seu amor por esta grande música afro-americana que hoje já é património universal.
Saravá JB!