sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Segundo a PGR, a censura ainda não é crime...

A Procuradoria-Geral da República (PGR) considera que houve violação da Constituição no caso que resultou na proibição da publicação de uma entrevista concedida em Setembro pelo Dr. Vicente Pinto de Andrade ao semanário “A Capital”, na sequência de uma intervenção da administração daquela publicação.
Num despacho datado de 8 de Dezembro de 2011, assinado pelo seu titular, Dr. João Maria Moreira de Sousa, a PGR faz saber, em resposta a uma denúncia feita a 6 de Outubro de 2011 pelo Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) contra a empresa MEDIVISION SA, a proprietária do semanário “A Capital”, que foi violado o direito de informar e ser informado previsto nº2 do artigo 40 e o exercício da liberdade de imprensa consagrado no artigo nº 44, ambos da Constituição da República de Angola.
A PGR considera que a Administração do semanário “A Capital” não podia, nos termos constitucionais e legais, impedir a publicação da referida entrevista, o que a faz incorrer em responsabilidade disciplinar, civil e criminal, nos termos da lei.
Na leitura que fez da Lei de Imprensa, designadamente dos artigos 69 e subsequentes, o Procurador-Geral da República chegou, entretanto, à conclusão, que a censura, pelo facto de não constituir um tipo legal de crime, não poderá ter consequências criminais.
Em todo o caso e de acordo com o seu entendimento, a empresa MEDIVISION SA sempre poderá ser responsabilizada administrativamente pela sua conduta omissiva e civilmente pelos danos causados.
Nesta conformidade, o Dr. João Maria de Sousa considera no seu despacho que existe toda a legitimidade para o Sindicato dos Jornalistas Angolanos e o Colectivo de Jornalistas do semanário “A Capital” apresentarem as suas denúncias ao Conselho Nacional de Comunicação Social (CNCS), a quem incumbe analisar e decidir sobre as medidas disciplinares que achar mais adequadas.
Quanto à responsabilidade civil, o PGR aconselha os que se julgarem lesados a recorrer ao Tribunal Cível, se assim o entenderem.