quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Bilo constitucional entre F.Macedo e F.Amaral

Com uma expressiva vitória do contendor angolano, que acabou por encostar o português às boxes, Fernando Macedo (FM) e Diogo Freitas do Amaral (FA) travaram esta semana na Universidade Lusíada um pequeno "bilo"* à volta do carácter democrático ou não da constituição angolana, um assunto que, pelos vistos, ainda não está resolvido. Os autores da carta magna angolana continuam a ter necessidade de reforçar os seus argumentos com o concurso de renomadas personalidades estrangeiras, o mesmo acontecendo com a oposição em sentido contrário.
O mercado dos mestres portugueses é aquele que está mais a mão para este tipo de contratação. A crise não poupa ninguém e os angolanos (?!) até são muito generosos a pagar este tipo de pareceres, sem incluir as já habituais e descomunais sobrefacturações, do tipo carrega aí mais 100%, ou nada feito, não há "mingócio" para ninguém. Depois ainda dizem que não estamos a fazer bem a distribuição do rendimento nacional. Ingratos...
Como é evidente, o Kota Amaral não tem nada a ver com estas nossas "malambas", pois ao que sabemos não lhe foi encomendado nenhum estudo, como se verá mais adiante.
Freitas do Amaral esteve em Luanda a fazer várias coisas, tendo a "média" governamental destacado as suas repetidas declarações políticas muito favoráveis ao carácter democrático da constituição angolana, do tipo cheque em branco.
De facto, e aqui o Professor que me perdoe, mas parecia mesmo encomenda.
O catedrático FA que não é constitucionalista (é administrativista) chocou assim frontalmente com as anteriores apreciações negativas de colegas seus mais familiarizados com esta matéria, onde o destaque vai, certamente, para o demolidor parecer que foi encomendado pela UNITA ao Professor Jorge Miranda, ao que poderíamos acrescentar o devastador artigo de opinião escrito a propósito por Vital Moreira que considerou o modelo angolano como sendo um "hiperpresidencialismo".
No "bilo" que chegou ao nosso conhecimento e que teve por "ringue" o anfi-teatro da Lusíada, o angolano Fernando Macedo, que é professor daquela instituição, depois de ter ouvido as elogiosas considerações de Freitas do Amaral com as quais não podia estar de acordo, considerando a sua posição a respeito do assunto (que já é sobejamente conhecida da opinião pública), começou por questionar o prelector português sobre o seu nível de conhecimento do texto fundamental angolano.
Sem ter dado o dito pelo não dito (também não precisava), Freitas do Amaral pediu desculpas aos presentes, ao admitir que ainda não tinha feito nenhum estudo sobre a constituição angolana,
o que prometeu fazê-lo proximamente para se poder pronunciar com mais propriedade sobre uma matéria que é efectivamente complexa e "complicosa", tendo em conta a intensa polémica que o novo modelo constitucional despoletou e continua a alimentar.
Em abono da verdade, como também o admitiu, Freitas do Amaral pensava que o assunto já estava arrumado numa prateleira qualquer.
Enganou-se redondamente, mas manteve em público as suas apologéticas declarações políticas, que estão a ser capitalizadas até à exaustão pela média governamental.
Assim é que é trabalhar!
E que viva a Academia!
* Bilo- Calão luandense. Significa luta, disputa, confronto.
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Comentários
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JCRC disse... Já estou a ficar habituado a ver figuras lusas defenderem ideias em Angola que em Portugal abominam. É deprimente ver a forma que algumas destas figuras rebaixam-se em nome de não-sei-quem.Caríssimo WD, o trabalho da nossa comunicação social é sufocante. O país está perigosamente a caminhar para mediocridade. Não há debates, não há pluralidade. Ao sábado não consigo mais encontrar interesse suficiente para comprar jornais como antes. O meu refúgio é o morro. Obrigado! 9 de Dezembro de 2010 08:19 Wilson Dadá disse... Muito obrigado JCRC pelas extraordinárias contribuições que tens dado ao enriquecimento deste morro.Espero poder continuar a contar contigo, não só como "refugiado", mas sobretudo como um activo "contribuinte fiscal" deste "projecto orçamental" que é de todos nós em nome do interesse público. 9 de Dezembro de 2010 08:50