sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Flashback (Novembro 2007 )/TAAG: Estaremos diante de mais uma crónica de uma morte anunciada?

Depois de tudo o que lhe aconteceu com os “chatos” dos franceses, que como se sabe, conseguiram convencer a União Europeia a colocar a transportadora nacional no seu Índex, a Taag acaba de fazer o seu primeiro exame internacional patrocinado pela Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA). Pelo que julgamos saber terá sido, depois do exercício preliminar realizado em Maio último, a primeira vez que a transportadora angolana foi devidamente avaliada por uma instância internacional com capacidade e legitimidade para tal. Este exame feito por um júri constituído ao abrigo do Programa IOSA( Auditoria da IATA para a Segurança Operacional) apesar de ter sido satisfatório em matéria de resultados, não foi conclusivo, a fazer fé nas informações oficiais avançadas pela Taag. É ainda a mesma Taag quem deu a conhecer que ao abrigo do referido programa são necessárias duas auditorias do género para se obter uma certificação IOSA válida apenas por dois anos.
Depois, volta tudo ao princípio com a necessidade de se efectuarem novos exames para se renovar a licença IOSA, uma iniciativa muito recente lançada em 2003 em resposta aos crescentes problemas que a segurança dos voos tem vindo a colocar na sequência de vários e catastróficos acidentes registados um pouco por todo o mundo. Com a excepção muito recente de Mbanza Congo, a Taag, felizmente, não tem participado desta sinistra estatística, um facto que, estranhamente, os seus críticos e detractores não dão muita importância. Enquanto se aguarda pela próxima visita dos auditores contratados pela IATA, a Taag depois de se ter “regozijado com os resultados alcançados, comprometeu-se a empenhar-se cada vez mais na execução do programa existente, de modo a atingir os objectivos preconizados”. Pouco mais se sabe deste teste que abrange 908 normas e práticas porque os seus resultados são confidenciais, sendo por isso difícil tirar outras conclusões sobre qual será nesta altura o efectivo estado operacional da companhia de bandeira de um ponto de vista mais global. Mas mesmo assim, a Taag fez o que poderia ser considerado na gíria jornalística uma “fuga de informação” para dizer baixinho à opinião pública que se “constatou uma grande evolução na implementação das normas e práticas recomendadas pelo IOSA”. É evidente que todos nós pelo contacto que temos (os que têm) com a Taag, somos possuidores de uma ideia sobre este estado que já não é de “graça” há muito tempo, com todas as “desgraças” pontuais que se conhecem de um desempenho menos conseguido. Por tudo quanto é do domínio público vivemos num país onde os padrões de qualidade e de exigência são, de uma forma geral, muito baixos a afectar a prestação de serviços em todos os sectores da vida nacional e a projectar o país real na tela gigante de um espectáculo que ainda não é aquele que gostaríamos de assistir. A Taag não tem conseguido ficar de fora deste dramático “show”, num sector onde qualquer falha pode, entretanto, ser fatal para a segurança de centenas de passageiros, resultando daí o rigor com que a aviação civil passou a ser abordada pela IATA e não só. Também a nível internacional só há pouco tempo é que se começou a olhar com outros olhos mais atentos e exigentes para as questões operacionais de todas as companhias que sulcam diariamente os céus do planeta terra e que por sinal já se contam na casa dos milhares. Um verdadeiro enxame de abelhas potencialmente perigosas para o homem, apesar de toda a sua grande e insuperável utilidade. É uma movimentação que a Taag decidiu abraçar por ser a única opção recomendável para quem opera neste segmento de mercado onde a soberania pertence a todos, sendo por isso tutelada por organizações multilaterais como a IATA. Trata-se, contudo, de uma opção que não se concretiza apenas com discursos, com promessas ou com outras falinhas mansas para adormecer bois. Esperemos pois que os resultados (ainda confidenciais) deste primeiro teste sirvam para a Taag enterrar o seu passado menos bom e que não alimentem outras intenções e projectos liquidacionistas que se movimentam nos bastidores da nossa governação, onde já não sabe quem é quem e o quê que realmente pretende. Aqui vamos ter de aguardar com bastante expectativa pelos resultados da Comissão (mais uma) criada pelo Presidente da República para se pronunciar sobre o futuro do sector. Como se sabe o Grupo Técnico de Trabalho para a Redefinição da Política do Estado para o Transporte Aéreo, coordenado pelo Secretário de Estado para o Sector Empresarial Público, Augusto da Silva Tomás, tem mandato específico para estudar a situação concreta “das duas principais empresas do estado no Mercado Nacional e Internacional (TAAG e SONAIR) e avaliar a necessidade da sua manutenção, fusão ou extinção”. É ponto assente que no quadro da chamada “sonangolização” do país existe há já algum tempo um “plano de liquidação” da Taag que terá estado, aliás, na origem da ida para a direcção da transportadora de bandeira de dois importantes quadros da SONAIR. As pessoas em causa foram recambiadas no final de um mandato mal sucedido cujos resultados (parciais) menos positivos já foram tornados públicos pelo IGAE sem outras consequências de imediato. Com a criação da Comissão Tomás é de admitir que o referido “plano” ganhe um novo alento, o que na opinião de algumas fontes deste colunista parece já estar a acontecer. Segundo as nossas fontes este relançamento é visível, nomeadamente, na campanha de desgaste que a imagem da Taag é actualmente alvo com a divulgação de todas as informações (confirmadas ou não) que possam prejudicar a sua credibilidade. (Flashback/Novembro2007)