quinta-feira, 24 de março de 2011

Igreja diz que a pobreza é a grande ameaça da paz

A Igreja Católica associou-se ao debate sobre a paz em Angola, nove anos depois das armas se terem calado, com a promoção em Luanda de uma Conferência Internacional, depois da sua hierarquia ter realizado a primeira Assembleia Anual da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST). D.Gabriel Bilingue, o "boss" da CEAST fez, quanto a nós, a melhor equação que se poderia ter feito em relação às reais ameaças/perigos que pesam sobre a paz. "A paz está, portanto, em perigo, quando ao homem não se lhe é reconhecido o que é devido, uma paz que não consista apenas no calar das armas mas também na produção de bens serviços, na criação de condições essenciais para uma vida digna.
(...)
A paz supõe o fim da indigência social, o fim do capitalismo selvagem que aumenta a distância entre ricos e pobres, o fim da repressão social, da violação dos direitos fundamentais das pessoas".
Quem não perceber esta mensagem, só pode estar com graves problemas auditivos, o que não é, certamente, o caso da maior parte dos angolanos, que têm outros conhecidos problemas de saúde pública, curiosamente todos eles resultantes da preocupante situação social em que se encontram.
Mas o problema não é só perceber.
O problema é agir em conformidade com este entendimento.
As últimas "movimentações tácticas" do Governo nesta "frente de guerra" chamada combate à probreza/miséria/exclusão social, tendo como alvo o municipio/comuna e na liderança a sua nova estrela da companhia, que é a Dra. Rosa Pacavira, apontam (ainda) muito tímidamente na direcção do referido entendimento.
A questão mais complexa desta abordagem está, entretanto, localizada à montante, ou seja, na gestão dos fundos públicos, na distribuição do rendimento nacional e na transparência dos actos de governação. É aqui que está a maka da persistência/aumento da pobreza e dos modestos resultados sociais das políticas públicas.
Enquanto não se conseguir parar com a sangria do tesouro nacional a favor dos "gasoseiros", de muito pouco ou quase nada adiantará a estratégia da municipalização, que não passará apenas de uma mera distribuição de migalhas aos lázaros deste país.
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