
domingo, 28 de dezembro de 2008
O exemplo de uma capa verdadeiramente bombástica! (arquivo)

O último VIP a ser preso em 2008

Carlos Leitão que já foi Presidente do Padepa, o partido da oposição que mais se destacou pela sua coragem física, termina o ano 2008 atrás das grades, acusado de um crime muito estranho. O de ter falsificado os estatutos de um partido que vai ser extinto dentro dos próximos dias, numa altura em que o seu anterior líder, Luís Cardoso, já abandonou o leme da agremiação, na sequência do desastre eleitoral.
O Padepa, à semelhança do que vai acontecer com um vintena de consortes, vai ser extinto porque não conseguiu obter o mínimo dos votos necessários para se manter à superficie.
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
O caos prepara-se para ceder lugar ao terror (actualizado aos 25/12)

domingo, 21 de dezembro de 2008
Crise financeira: Balzac é que estava cheio de razão

Finalmente, em Portugal, os banqueiros vão se sentar no banco dos réus.
Era bom que os juízes nem permitissem que eles se sentassem.
Era bom que passassem todo o tempo do julgamento de pé, para perceberem quanto é doloroso para os depositantes verem as suas poupanças de dezenas de anos seriamente ameaçadas, por culpa da sua ganância, das suas vigarices e das suas patifarias.
A actual crise veio confirmar a péssima fama que ao longo dos tempos os banqueiros, herdeiros dos agiotas, sempre tiveram.
Definitivamente os banqueiros não são pessoas sérias e muito menos honradas.
Nunca, como nos tempos que correm, Honoré de Balzac teve tanta razão, quando há mais de 300 anos escreveu que "por detrás de todas as grandes fortunas esconde-se sempre um crime".
Quem faz do mundo gato-sapato...

Angola, o MPLA e a Declaração Universal dos Direitos Humanos
sábado, 20 de dezembro de 2008
O dono deste blog foi preso?


Obrigado pela preocupação, mas o dono do blog, contrariamente ao que aconteceu com o Carlos Leitão do futuro ex-PADEPA, continua a gozar de todos os direitos fundamentais previstos na Constituição angolana.
A vida e a liberdade são, sem dúvida, os mais importantes.
A não actualização do blog tem apenas a ver com as festas e com alguma preguiça (qb) do seu proprietário.
Ao Carlos Leitão, onde quer que ele se encontre, só lhe podemos desejar coragem (muita) para enfrentar mais este teste do Estado de Direito que estamos com ele.
Tendo em conta o seu preocupante estado de saúde, de acordo com as notícias postas a circular, esperemos que não lhe aconteça pior.
Independentemente de tudo quanto possa ter estado na origem desta detenção, não há nada em nosso entender que justifique esta retirada do Carlos Leitão da livre circulação de pessoas e bens.
A não ser, que Leitão já esteja a pagar o preço por ter alinhado com a UNITA na recente campanha eleitoral.
Se for assim, estamos conversados. Mal conversados, como é evidente.
sábado, 13 de dezembro de 2008
Grito do Ipiranga na rádio estatal? (actualizado aos 15/12)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Conheça a Declaração Universal dos Direitos Humanos

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
As licenças de comunicação social, o concurso público e a Deputada Tchizé dos Santos

domingo, 7 de dezembro de 2008
As dúvidas do economista Alves da Rocha

Até que ponto o Banco Nacional de Angola, enquanto autoridade cambial e supervisora, conhece, em toda a extensão e profundidade, as aplicações no exterior das reservas externas da Banca?
Há todas as garantias de que não tenham sido aplicadas em derivativos de elevado risco, que nas actuais circunstâncias parecem ser todos?
Existem garantias efectivas de que as nossas reservas internacionais liquidas (cerca de 20 mil milhões de dólares no final de Setembro do corrente ano) não tenham sido envolvidas em aplicações de elevado risco?
Não seria de bom tom explicar-se, publicamente, esta situação?"
(Extracto de um texto de Alves da Rocha publicado esta semana no Novo Jornal)
Quem foi que disse que a economia angolana ia passar ao largo da actual crise?

sábado, 6 de dezembro de 2008
As duas Mutambas: Mais um atentado ao património de Luanda



O governo em mais uma das suas equivocadas intervenções ao nível da gestão urbana da cidade de Luanda, decidiu destruir os sólidos, inquebrantáveis e já históricos bancos da nossa velha Mutamba.
Quantos anos terão eles?
Mais de 50, provavelmente.
Quantos e quantos angolanos já não repousaram naqueles bancos o seu traseiro à espera do machimbombo para a Terra Nova ou para o Bairro Popular?
Em seu lugar foram colocadas umas “coisas descartáveis” com um ar bastante modernaço, mas cuja vida útil tem desde logo os seus dias contados pela fragilidade do material usado.
A questão que se coloca, uma vez mais, diante de tanta cegueira e falta de consideração pela memória desta cidade que é de todos nós, tem a ver com a necessidade de se destruírem os velhos e já simbólicos bancos.
Quanto a nós, o projecto de revitalização daquele local da nossa cidade, não tinha qualquer necessidade de substituir os velhos bancos e toda a restante estrutura de apoio, que estavam em perfeitas condições de aguentar firmes mais 50 anos.
Uma boa limpeza e uma boa pintura seria o recomendável e o necessário, a dispensar a entrada em cena do camartelo.
Como os bancos deste lado da Fazenda (actualmente é a sede do Ministério das Finanças) ainda não conheceram o mesmo trágico destino dos seus parentes da frente, deixamos aqui o nosso apelo desesperado: Não os destruam, deixem-nos agora coabitar e concorrer com as novas estruturas lá colocadas para ver quem é que vai ganhar a corrida do tempo e do desgaste.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
O Presidente da República só pode ser eleito por sufrágio directo, secreto e universal

É uma tranca que foi colocada na porta principal do país para impedir o regressso ao passado totalitário da nossa história.
No “pacote” o seu ponto 4 não deixa qualquer margem para dúvidas, nem permite nenhuma interpretação que possa alimentar de jure a tal corrente, citada por José Eduardo dos Santos, que defende o sufrágio indirecto.
Por outras palavras, em Angola o próximo Presidente da República só pode ser eleito de uma forma.
Nenhuma revisão do actual texto constitucional pode passar ao lado do sufrágio universal, directo secreto e periódico na designação dos titulares electivos dos órgãos de soberania e do poder local. É o que está escrito. É a lei!
Não há como ultrapassar esta barreira.
O grande teste da democratização será pois a aprovação da primeira Constituição para Angola.
Depois de ter aprovado todos os textos constitucionais que já figuraram no nosso ordenamento jurídico desde 1975, o MPLA volta a estar sozinho em pleno regime democrático, desta feita por ausência de qualquer oposição, com a grande responsabilidade de fazer aprovar uma constituição que nos dignifique a todos.
Do que “sobrou”, como divergência de peso da fracassada constituinte da segunda República, quando a oposição ainda tinha alguma capacidade de negociação, está claro que o grande desafio do MPLA é desenhar um sistema de governação assente num modelo democrático já testado internacionalmente e não tentar “descobrir” novamente uma solução angolana apenas para resolver problemas de conjuntura.
Os homens passam, os países ficam.
Mais claramente do que isso talvez fosse necessário dizer que, praticamente, já não há nada para inventar em matéria de modelos constitucionais.
Ou é ou não é.
Agora tentar querer ser tudo e depois, na hora da prestação de contas, não ser nada é que não dá.
Não é, certamente, um modelo democrático.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Poligamia, direitos humanos, Igreja Católica e celibato

terça-feira, 2 de dezembro de 2008
O "GURN" de Barack Obama

Há qualquer coisa de estranho ou de pouco compreensível nas actuais movimentações de Barack Obama visando a constituição do próximo executivo norte-americano que entrará em funções na última semana de Janeiro de 2009.
Para quem tanto falou em mudança (Change! Change! We Can! We Can!) começa de facto a fazer pouco sentido as suas opções pelo passado, com o regresso à ribalta de algumas figuras dos democratas que já tinham passado pela administração Clinton e que se preparavam para ir para a reforma.
Sem termos nada contra a senhora, a sua escolha de Hillary Clinton para a chefia da diplomacia dos EUA (Departamento de Estado) é igualmente bastante questionável do ponto de vista da tão apregoada mudança.
Com a mulher vem certamente um “quiducho” muito especial, que já foi Presidente dos Estados Unidos e que por pouco não quebrava uma das limitações fundamentais da Constituição escrita por George Washington e seus companheiros há mais de 200 anos.
Esta limitação tem a ver com a impossibilidade de algum cidadão norte-americano, eleito presidente dos States, vir a ocupar a Casa Branca por mais de oito anos.
Ora se Hillary não fosse derrotada por Obama, Bill Clinton teria certamente a possibilidade de voltar a ser inquilino da Casa Branca e a exercer um novo mandato, desta vez através do controlo remoto e das conversas horizontais com a sua “quiducha” na hora do bem bom, onde a “malandragem” é quem mais ordena.
Já estão, certamente, a pensar na Mónica Lewinsky e nos charutos do “nosso” Bill, que, mal ou bem, já foi considerado o “primeiro presidente negro” que chegou ao poder nos EUA.
Não é nada disso, pois o que lá vai, lá vai…
Para além da “tralha” democrata, onde Obama está a ir buscar muitos dos seus colaboradores, o que mais nos surpreendeu (a nós e a muito boa gente) foi, entretanto, a manutenção no cargo do actual Secretário da Defesa, Robert Gates, até a conclusão da retirada das tropas invasoras do Iraque.
Aí é que o “caldo da mudança” entornou completamente, pois por mais que o “nosso” Obama nos explique não vamos entender mesmo nada de nada, a levantar desde logo sérias dúvidas em relação à consistência do seu inovador projecto.
Dúvidas e interrogações que os seus adversários mais à esquerda já transformaram em certezas e em duras críticas de quem está convencido que o poder na América nem sequer vai conseguir escurecer o suficiente para ser diferente do anterior.
Obama está, claramente, a trilhar os caminhos que o levarão a criar um estranho, incoerente e inconsistente “GURN” lá nos States.
Sinceramente, espero estar redondamente enganado nesta avaliação tão pouco simpática sobre a estratégia do nosso "meio conterrâneo".
Depois de já ter conversado com Maccain, resta agora saber se ainda não lhe passou pela cabeça falar igualmente com o “deposto” George W. Bush.
Se por acaso for essa a sua intenção, sugerimos-lhe que convide Bush filho a ocupar uma nova pasta a criar (outra sugestão da nossa lavra) e que seria o Departamento do Perdão.
À frente deste novo pelouro, o trabalho de GB seria andar, durante os próximos quatro anos, por todas as capitais do mundo (sem nunca regressar a Washington) a pedir perdão e desculpas por todas as maldades internacionais que os Estados Unidos cometeram durante a sua administração e do seu pai, mas não só.
Nesta peregrina função, a primeira capital que George Bush deveria visitar seria Bagdad, no Iraque.
Ele sabe muito bem onde é que fica.
Até sabia onde é que o enforcado do Saddam Hussein tinha escondido as tais armas de destruição massiva, que nunca foram encontradas, mas que serviram de pretexto para justificar uma das mais vergonhosas e destruidoras invasões que já fomos testemunhas nos dois séculos em que temos estado a viver.
domingo, 30 de novembro de 2008
Revista de imprensa em manchetes (4)

1- Semanário Angolense
MPLA ÀS VOLTAS COM DOIS "MILITANTES REBELDES"
- O partido do Governo pretende que os manos Vicente e Justino Pinto de Andrade esclareçam definitivamente a situação: se estão fora da cerca devem deixar de falar em nome da organização. Se ainda se sentem parte da "grande família" então devem fazer o que todo o "rebanho" faz, isto é, obedecer a voz do pastor sem reclamar
2-Novo Jornal
CENSURADO
[Na-Em referência ao facto da projecção de um documentário sobre a presença dos cubanos em Africa e muito particularmente em Angola ter tido vários precalços no decorrer do Festival Internacional de Cinema de Luanda]
3- Angolense
UNITA PUBLICA RELATÓRIO DEMOLIDOR SOBRE AS ELEIÇÕES
4-O País
MANÁ: CULTOS SECRETOS
- Tadeu. ManáSat. Aviões. Fuga de capitais. Deserções. Desobediência: Igreja ou máfia?
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Luanda tem uma nova FM


A emissora integra o mesmo projecto mediático (Média Nova) que está na origem do semanário "O País" e se prepara para lançar em Janeiro o primeiro canal televisivo privado denominado TV-Zimbo.
O grupo é igualmente proprietário de uma modernissima gráfica com uma capacidade instalada (quantidade/qualidade) que ultrapassa (de longe) tudo quanto é oferta nesta altura ao nível do parque local.
A nova rádio apresenta-se como sendo uma estação do tipo generalista, constituíndo nota de destaque ao nível da informação a parceria com a BBC entre as 20 e as 21, no espaço Grande Informação.
Em principio e no âmbito deste intercâmbio, o serviço português da BBC, no quadro da sua estratégia de "rebroadcasting", vai conseguir finalmente ser ouvido no FM angolano na integra, que era um objectivo que a estação britânica há muito perseguia sem grande sucesso.
O que até agora a BBC conseguira, foi apenas a transmissão pela Rádio Nacional de uma ou duas peças nos seus noticiários principais e pouco mais.
Seja como for, nesta altura ainda não se sabe muito bem como é que a parceria Rádio Mais/BBC se vai traduzir, em termos mais concretos, na programação de 24 horas da nova emissora luandense.
Com a Rádio Mais, o projecto Média Nova volta a ser notícia, estando a curiosidade dos observadores voltada, de algum modo, para os bastidores desta movimentação do capital privado pelos corredores da comunicação social, onde, apesar do que se especula, ainda não se sabe muito bem quais são os interesses mais especificos que, do ponto de vista político, falam mais alto.
A outra questão que se coloca tem a ver com o facto de, uma vez mais, o licenciamento de uma rádio não ter obedecido ao principio do concurso público, que é aquele que está inscrito como sendo uma exigência da própria legislação em vigôr.
domingo, 23 de novembro de 2008
António Jaime foi brutalmente assassinado há um ano

Alguém decidiu que António Jaime estava a mais na nossa cidade de Luanda e por isso achou que ele tinha de ir morar noutro sítio, tinha de mudar de endereço, definitivamente.
Esse alguém que impávido, sereno e completamente imune e impune, continua escondido nas trevas da nossa cidade, não foi capaz de executar sozinho o seu ardente desejo.
Esse alguém, convocou um grupo de pessoas igualmente desconhecidas e organizou uma emboscada mortal ao carro onde seguia António Jaime.
Chamar emboscada aquilo é complicado pela ideia que temos da palavra quando aplicada à tácticas de guerrilha.
Os termos brasileiros tocaia ou arapuca talvez se apliquem mais ao estratagema utilizado pelos seus carrascos, que não eram assim tão desconhecidos pois em momento algum do assalto fizeram questão de esconder os seus rostos, diante de alguns curiosos que presenciaram o crime, numa zona que já conhecia algum movimento de pessoas aquela hora da madrugada.
Já crivado de balas, o António Jaime ainda teve "direito" ao chamado tiro de misericórdia com que se abatem os cavalos moribundos.
O novo endereço de António Jaime está agora localizado no nº 49 do Cemitério Velho, onde pode ser visitado sem vida.
O António Jaime não era só meu amigo. Eu também era amigo dele.
Com ele aprendi um pouco mais sobre o valor da amizade para além dos interesses, das conjunturas e dos jogos de cintura, no país real chamado Angola.
Naquela madrugada também morri um bocado com ele, para além do risco físico que corri e que, se calhar, ainda continuo a correr, pelo menos enquanto o crime não for esclarecido, apesar de já se ter passado um ano.
Mais um caso a caminho do esquecimento?
Tudo leva a crer que sim.
Naquela madrugada de sábado morri um bocado, sobretudo, na fé que era suposto ter na bondade dos homens e muito particularmente dos angolanos.
Em contrapartida a minha consideração pelos animais, particularmente os considerados selvagens, aumentou ainda mais.
A minha confusão em relação a localização exacta da selva passou a ser total.
Estávamos juntos e os nossos destinos foram separados por alguns minutos, graças aos percursos distintos que, à saída do Mayombe, as nossas viaturas seguiram em direcção ao Alcobaça onde deveríamos ter tomado um reparador muzongué.
Até hoje não sei o quê que se passou e porquê que se passou daquela forma.
Sei, no entanto, que se estivesse no mesmo carro ou se as nossas viaturas tivessem seguido a mesma rota, não estaria aqui a escrever esta crónica da saudade.
Sei também que o António Jaime tem agora uma campa raza no Alto das Cruzes.
sábado, 22 de novembro de 2008
Revista de imprensa em manchetes (3)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Nova vida na Procuradoria-Geral da República?




Aqui fica a nossa sugestão para a revisão constitucional que se avizinha e da qual vai em principio resultar um sistema político ligeiramente diferente do actual, com a adopção de um modelo marcadamente presidencialista, sendo certo que em nenhuma das variavéis a adoptar, o (actual) Presidente terá a responsabilidade de prestar contas directamente ao Parlamento. A actual figura do "apagado" Primeiro-Ministro deverá ser substituída pela do Vice-Presidente com as mesmas funções de coadjutor.
Não sei qual é o tratamento dado pelas outras constituições ao capítulo dos partidos, pelo que deixamos o assunto em aberto, sendo certo que o mesmo deverá merece um tratamento mais detalhado no próximo texto constitucional, para se evitarem depois os equívocos das leis ordinárias.
Mas voltemos ao tema em epígrafe para destacar que o mais importante nesta movimentação parece-nos ser, entretanto, o papel da própria PGR, enquanto defensora e promotora da legalidade.
Habitualmente a PGR tem sido notícia mais pelo que não faz ou não deixa fazer, do que pelo que faz ou permite que se faça.
Habitualmente o que se ouvem são reclamações, sobretudo de organizações ligadas a sociedade civil, pelo facto da PGR pautar a sua conduta por uma permanente omissão, quando em causa estão violações da legalidade por parte de agentes conotados com o Estado.
Algumas dessas violações são consideradas graves.
Num país que vive uma situação de corrupção institucional endémica, raríssimos são os casos que chegam aos tribunais, envolvendo figuras de proa da administração e não só.
Da parte de vozes mais críticas em relaçao ao desempenho da PGR já ouvimos "elogios" como este: "O mais adequado talvez fosse substituir nas suas iniciais, o R de República por um R de Regime" (sic).
A iniciativa da PGR de propôr a extinção dos partidos chama a atenção, uma vez mais, para o desempenho de uma instituição fundamental para o Estado de Direito, como garante desse mesmo estado.
Mais do que nenhuma outra, a PGR é daquelas instituições que só pode estar acima de qualquer suspeita. Não tem outro lugar.
Lamentavelmente, na avaliação e na consideração de muito boa gente, a PGR ainda não alcançou este recomendável e respeitável patamar.
Da nossa parte, o que desejamos é que a PGR caminhe exactamente em direcção aos cidadãos que colocam dúvidas em relação ao seu desempenho, não com discursos, mas com actos concretos que traduzam a sua adesão efectiva aos postulados do Estado de Direito, onde não pode haver pessoas que são mais iguais que as outras.
Espera-se pois que a PGR nesta terceira República e tendo como referência esta iniciativa recente, venha a pautar a sua intervenção por uma outra dinâmica, mais abrangente, mais de acordo com a defesa do interesse público e da legalidade sem outros receios, nem fronteiras.
Uma actuação mais de acordo com a igualdade e a justiça social.
Em abono da verdade não é o que tem acontecido, pois as atenções da PGR nem sempre têm em conta o país no seu todo e o sagrado princípio, segundo o qual, ninguém está acima da Lei.
O País tem muitos direitos e deveres.
Em nenhuma das duas categorias existem os intocáveis.
Como é evidente a PGR sabe disso, só que…
(As quatro fotografias que ilustram este texto retratam os quatro "PGRs" que Angola já teve ao longo da sua história como país independente. São eles, por ordem cronológica, Antero de Abreu, Domingos Culolo, Augusto da Costa Carneiro e o actual, João Maria de Sousa. Os dois últimos são generais das FAA. Penso que foram apenas estes. Caso achem que a lista não está completa agradeço que me façam chegar a informação.)
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Angola na nova lista negra da União Europeia

Todas as transportadoras aéreas certificadas pelas autoridades de Angola responsáveis pela supervisão regulamentar, entenda-se INAVIC, estão a partir deste mês proibidas de operar no espaço aéreo da União Europeia.
A última esperança que era a SONAIR, a companhia aérea da toda poderosa Sonangol, também ficou em terra.
Os voos executivos muito usados pelos membros da nomenklatura local para resolverem os mais distintos problemas, incluíndo os de saúde, estão igualmente comprometidos.
Tudo agora vai ter que ser feito com base na contratação de aviões estrangeiros, quando os destinos forem europeus.
O problema é que depois desta "pancada", as coisas ainda podem ficar pior, numa altura em que se aguarda pela decisão da IATA, que pode retirar os aviões angolanos do espaço aéreo global.
Ao que nós chegamos...
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Mea Culpa por ter defendido a Taag

Eu fui uma dessas pessoas, possivelmente até aquela que nas colunas da imprensa mais se destacou na defesa da Taag do "ataque" europeu que resultou de uma iniciativa dos franceses.
Pesssoalmente não gosto muito da forma (paternalista e arrogante) como os franceses, de uma forma geral, se relacionam com os africanos. Estando o mundo cheio de preconceitos, eu também devo ter os meus. Esta opinião que tenho dos descendentes contemporâneos do Astérix e do Obélix será, provalvemente, um preconceito. Se for o caso ainda melhor, porque acho que em todos os países deste mundo há malta porreira, há os bons, os maus e os vilões. Os franceses não devem ser excepção.
Não me arrependo, contudo, de ter feito esta defesa, porque na altura sempre deixei bem claro que a Taag estava muito longe de corresponder aos padrões internacionais numa industria em que os erros técnicos se pagam demasiado caro, se pagam, por vezes, com centenas e centenas de vidas humanas, como uma vez mais ficou patente do desastre de Madrid.
Sempre deixei claro que a Taag, como companhia de transporte aéreo, ainda estava muito longe de atingir o patamar da excelência neste negócio altamente sensível que é carregar pessoas e bikuatas por este mundo afora. Para os meus botões sempre disse que a Taag nunca não tinha deixado de ser a DTA do tempo colonial, isto é, que continuava a ser um departamento governamental com excesso de mão de obra, sem uma cultura empresarial definida e a viver permanentemente de subsídios e de injecções do tesouro.
Sendo propriedade de quem é, a Taag dificilmente poderia ter um outro desempenho. Veja-se o caso da falência da Angonave-Unidade Económica Estatal (UEE) e estude-se o processo que conduziu ao descalabro da referia empresa pública com cinco navios de longo curso num país que sempre viveu de importações. Só mesmo o dono da Angonave UEE pode explicar como foi possível uma tal falência.
Achei, entretanto, que a penalização decretada pela UE por iniciativa dos franceses podia ter outras motivações menos transparentes e que era excessiva para os interesses da empresa-país, numa altura em que largos milhões de dólares tinham saído dos nossos bolsos para a renovação da sua frota.
Disse na altura que muito dificilmente a Taag voltaria um dia destes a sulcar os céus europeus, que no fundo a estratégia era "limpar" o espaço aéreo continental e internacional da presença de companhias africanas, o que tem vindo a acontecer, mais por culpa da incompetência dos nossos parentes do que propriamente por força dos desígnios europeus. A Taag foi uma das últimas a resistir a esta "limpeza étnica" ao sul do Sahara.
Aqui fica pois o meu mea culpa por ter defendido a Taag, com a consciência tranquila de quem achou que na altura era a posição mais acertada em defesa dos interesses nacionais (não confundir com interesses governamentais).
Não mudei muito as minhas convicções, mas hoje reconheço que a Taag tem de ser submetida a um verdadeiro tratamento de choque, o que só será possível se o seu proprietário estiver realmente de acordo e interessado, para além das intenções e das comissões que se criam e depois desaparecem "misteriosamente" sem nunca terem apresentado o resultado do seu trabalho.
Este é, certamente, o caso da Comissão que há um ano atrás foi encarregada de estudar e propor a melhor estratégia para o desenvolvimento do sector público do transporte aéreo (Taag e Sonair).
Está mais claro do que nunca que os problemas são profundamente estruturais e muito mais abrangentes do que se pensava , com o dedo apontado a entidade supervisora que nesta altura é o INAVIC.
Foi a ausência de uma efectiva regulação do sector que permitiu que a aviação civil angolana chegasse ao ponto que chegou, depois da IATA ter aberto a porta à interdição de todas as companhias angolanas.
Um mea culpa com a consciência ainda mais tranquila por ninguém me ter encomendado o sermão, que saíu deste "laboratório", numa iniciativa da nossa exclusiva responsabilidade e competência.
Um mea culpa sem culpa formada.
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