O "Semanário Angolense" e "A Capital" poderão já na próxima semana sair para rua com novas direcções editoriais, na sequência de uma negociação que terá ocorrido nos últimos dias, ao abrigo da qual os dois conhecidos semanários da capital foram comprados pela mesma empresa, cujo nome ainda não nos foi possível confirmar.
Este desenvolvimento, algo espectacular, vai apanhar muito boa gente de supresa, pois as atenções estavam voltadas para o "Novo Jornal", onde, ao que consta, também está em curso uma negociação idêntica, já anunciada várias vezes pela imprensa e nunca desmentida pelo NJ.
O Director de "A Capital", Tandala Francisco (TF), antecipou este sábado a mudança que o semanário vai conhecer ao escrever, num tom visivelmente dramático, o que ele considerou ser o seu último editorial.
"Este é o último editorial que assino, enquanto Tandala Francisco no semanário A Capital. Vou supender, pelo menos nesse veículo, essa assinatura com a qual construí uma carreira de uma década, manchada por alguns fracassos, mas sobretudo coroada de muitos êxitos.
Razões de força superior-que o tempo saberá esclarecer levam-me a abdicar desta prosa semanal que poderá surgir, quem sabe, num outro formato e com outra assinatura, mas nunca como Tandala Francisco. É assim a vida.
Por vezes, por menos que queiramos, temos mesmo que abdicar daquilo que mais amamos."
Tandala não nos diz para onde vai, mas fica claro que "A Capital" não será mais o seu endereço de agora em diante, pelo menos como Director, enquanto aguardamos que o"tempo" nos diga quais foram as "razões de força superior" que levaram que o TF abandonasse o grande amor da sua vida.
Abandonasse ou trocasse?
Por ocasião do oitavo aniversário da publicação assinalado no passado dia 4 Abril e a convite do próprio TF escrevi um texto de opinião sobre o desempenho editorial do seu jornal o que fiz com muito gosto, tendo para o feito tecido os mais distintos encómios à independência editorial e à qualidade do projecto.
Depois desta alteração, cujas consequências editoriais ainda são desconhecidas, receio ter falhado redondamente.
Na altura escrevi o seguinte:
Oito anos depois, “A Capital” está aí bem “vivinha da silva” e ao que tudo indica disposta e com forças suficientes (que é o mais importante) para enfrentar a nova etapa da concorrência que, a este nível, devia ser balizada pelo próprio Estado.
É ponto assente que até agora o Governo não tem sabido (ou não tem querido?) assumir as suas responsabilidades constitucionais, com o propósito de impedir o monopólio/oligopólio que no horizonte já começa a ameaçar o mercado da liberdade de imprensa com os seus asfixiantes tentáculos.
Esta etapa, note-se, está a ser “imposta” ao mercado dos jornais e das revistas, pela entrada em cena e com alguma força, do capital privado, que, ao que parece, nem sempre é tão privado assim, pelo menos na sua origem, o que tem estado a alimentar algumas sérias e legítimas dúvidas quanto às suas reais motivações estratégicas.
Vamos pois ter de aguardar pelos próximos tempos para esclarecer muitas dúvidas, mas já com algumas certezas, quanto à natureza tentacular do nosso "polvo".
Salvaguardadas as devidas distâncias, estamos diante daquilo que nos mercados bolsistas se designa por "OPA hostil".