A sugestão da campanha cívica dirigida ao pessoal do M com o propósito de resgatar e fazer respeitar valores como a tolerância, a diferença, a liberdade de pensar e de criticar, deveria ser quanto a nós, numa primeira etapa, especialmente dirigida aos jornalistas do M que integram o grande Comité da Especialidade, para além da activa militância que cada um destes colegas desenvolve nos CAPs das suas zonas residênciais.
A ideia desta orientação estratégica da campanha tem a ver com a grande responsabilidade que alguns destes "camaradas" desempenham nos órgãos públicos de comunicação social onde diariamente decidem os conteúdos, os formatos e as arrumações de toda a informação divulgada pela rádio, a televisão, a agência e o jornal.
Como se sabe, nada se faz nem neste e nem noutros países sem o apoio da comunicação social.
Muito menos se poderá ainda fazer em oposição a ela, ou tendo-a como adversária.
Antes de mais é bom que se diga, os jornalistas afectos ao M ou, para não sermos injustos, uma boa parte deles , entre todos os mais de 4 milhões de membros do partido governante, são os elementos mais resistentes à mudança de mentalidade e aqueles que possuem um maior grau de entrega e "fanatismo" na observância das orientações superiores.
Esta postura, note-se, nem sempre é autêntica do ponto de vista das convicções pessoais de cada um, sendo mais o resultado do seu calculismo/oportunismo, num país onde a promoção social ainda depende fortemente dos "favores do regime".
Este nível de "fidelidade" é reflectido nas práticas censórias que assumem, na promoção da auto-censura no seio das redacções e na utilização de todo o género de manipulações, sempre com o mesmo propósito, que tem a ver com a "defesa da dama".
Percebe-se que assim seja devido a "lucidez perversa" deste sector, embora esta postura "religiosa" não seja nada aceitável, sobretudo quando ela tem um impacto directo negativo na qualidade da informação/propaganda produzida pelos MDMs, fortemente penalizadora do outro país que não se identifica (e critica) com a governação rubro-negra.
Se algum sucesso fosse possível com esta reeducação preliminar dos jornalistas do M, estamos absolutamente convencidos que tudo seria mais fácil, tendo em vista a prossecução das outras etapas da campanha de disseminação da mensagem do 4º Congresso Extraordinário do MPLA.
Custa-me dizer isto, mas a percepção que tenho da colocação de alguns dos jornalistas do M no xadrez interno é que eles acabam por ser os mais radicais entre a chamada ala dura/conservadora, os que mais se opõem a existência de uma imprensa realmente livre e democrática.
São de facto uns autênticos guardiões do templo...