Luanda viveu nesta quarta-feira, 25 de Maio, Dia de África, uma jornada particularmente agitada, com destaque para a manifestação de protesto contra a extrema pobreza e a falta de liberdade de expressão que decorreu no Largo da Independência.
Foi, entretanto, posto a circular um violento panfleto atribuído aos manifestantes que cheira claramente a manipulação, com o claro propósito de os acusar de comportamento criminoso e anti-constitucional.
Fonte afecta aos manifestantes já desmentiu que o panfleto tivesse sido produzido pelo grupo, tendo adiantado que o mesmo só pode ser obra da "máfia da administração do Rangel", numa altura em que o seu responsável máximo está a ser acusado de conduzir uma acção directa de intimidação contra os jovens que mais se têm destacado neste tipo de protesto.
Existe de facto um panfleto que os organizadores produziram de mobilização para a manifestação, mas com uma linguagem que não tem nada a ver com aquela que consta do "documento" que foi apresentado pela TPA.
Tem-se como agravante o facto do reporter ter dado como provado, com base no mesmo, que o grupo é efectivamente violento.
Nada pior para quem faz jornalismo, pois não houve o necessário contraditório, uma vez que o reporter não procurou contactar os responsáveis pela manifestação, tendo-se apenas ficado pela "prova" apresentada pelo GPL.
O Presidente José Eduardo dos Santos também escolheu esta quarta-feira para realizar mais uma das suas habituais jornadas de campo, tendo deslocado-se ao Cazenga e ao Zango para verificar o andamento de projectos sociais.
Uma deslocação que acabou por ser uma resposta política ao clima de algum descontentamento/ tensão popular prevalecente nos guettos luandenses, com destaque para o próprio Cazenga, onde já houve várias tentativas de manifestação diante da administração. No Cazenga os "artistas do sistema" foram convovcados para animar um show e terá havido certamente mais uma interminável "maratona/bebedeira".
No local onde funcionou o mercado do Roque Santeiro, no Sambizanga, foram vários os antigos vendedores que se concentraram depois de terem ouvido dizer que o mercado iria reabrir hoje.
O responsável da administração comunal desmentiu a informação, atribuíndo-a vagamente a "forças ocultas" com propósitos politicos que não especificou.
Alguns dos presentes que falaram aos reporteres disseram que a reabertura do Roque Santeiro é uma necessidade imperiosa para a população mais carente, pois a alternativa construída no Panguila revelou-se um estrondoso fracasso das autoridades, com todas as consequências que se conhecem e que agravaram ainda mais os profundos desiquilibrios sócio-económicos que caracterizam o quotidiano dos luandenses.
Importa recordar que até agora em todos os locais onde existiam mercados populares e que foram arrasados pelas autoridades, os terrenos continuam devolutos.
Desde a Calemba até a Estalagem, passando agora pelo Roque...