Estas imagens recolhidas pela TV/Zimbo, com os rostos demasiados tensos, falam bem das legítimas preocupações que neste momento assaltam os moradores da Praia do Bispo, diante da possibilidade de virem a ser as próximas vitimas do Camartelo ou do esbulho do GPL.
Conhecedores do modus operandi do dito cujo, os moradores da Praia do Bispo organizaram-se e contra-atacaram, com base no Estado de Direito. Não podia ser de outra forma.
Pediram explicações. Exigiram direitos. Querem ser ouvidos.
Afinal Angola já é uma democracia, com a particularidade de estarmos a viver o inicio da 3ª República, com uma Constiuição nova, que garante ao cidadão o direito à habitação e à qualidade de vida (art 85º).*
É caso para dizer que os moradores do P.Bispo não querem morrer na Praia que os viu nascer e crescer. Há mais de meio século.
Querem continuar a viver lá porque acham que têm esse direito.
Nós também achamos que sim.
Só de imaginarem a serem desterrados para um dos zangos ficaram com cólicas e urticária em simultâneo e decidiram não ficar mais em casa a espera do dia D para subirem nos caminhões da humilhação suprema rumo ao cativeiro.
Decidiram lutar pelos seus direitos e tornar públicas as suas preocupações pela forma nada transparente como o processo está a ser conduzido.
É o mínimo que os cidadãos podem e devem fazer.
Através do mediático "Doutor Arquitecto", o GPL surgiu em cena, de forma algo atabalhoada, para não variar, dizendo que o tal decreto da expropriação não vai ser aplicado como está no papel.
Afinal em quê que ficamos?
Estará o "Doutor Arquitecto" a dar o escrito pelo não dito ou foi ler melhor o artigo 37º da Constituição?
E o que é isso de preço justo numa economia de mercado?
Quem é que o fixa?
Cá estaremos para acompanhar os próximos capítulos desta emocionante e dramática primeira novela angolana (reality show) da 3ª República, que tem como protagonistas um conjunto vasto de figurantes que fazem o papel de cidadãos comuns, mas que decidiram ser os artistas principais na luta contra um destino cruel que lhes está a ser imposto a partir de um gabinete especial.
[*Estranhamente este artigo surge no texto final da Constituição que foi publicado em Diário da República amputado em relação à sua versão inicial dada à estampa pelo Jornal de Angola (20/01/10). Nesta versão o referido artigo que foi aprovado por consenso tinha dois pontos. No segundo ponto que "desapareceu" do texto final, o Estado está incumbido de promover as condições sociais e económicas para assegurar o direito à habitação e à qualidade de vida.
Aqui fica o reparo.]
7 comentários:
Anónimo disse...
votaram o mpla, agora aguentem.
23 de Fevereiro de 2010 16:09
Anónimo disse...
Na próxima eleição votem novamente no 10."mudar com segurança"
24 de Fevereiro de 2010 04:25
Anónimo disse...
Governo prepotente.
24 de Fevereiro de 2010 10:23
Anónimo disse...
Eu, Muleka, digo: Preciso mesmo ser malcriada? Mostrem "os tomates", camaradas! Com tanto espaco, tanto terreno para construir, deixem em paz Luanda "a velha". Arquitectem Luanda "a nova". Praia do Bispo devia continuar como estah. As novidades a acrescentar seriam somente ter a sua bonita marginal com calcadao para jogging, skates, patins, bikes, caminhadas, barcos-gaivotas com pedalinhos,etc. Eh preciso estragar como fizeram com o "largo da Biker" e a Fortaleza de Luanda? Nao ha mais ideias, mais projectos? Somos tao "especiais" de incapazes para fazer algo realmente verdadeiramente novo que mostre que conquistamos a Independencia? Ou serah que se continua a embarcar em projectos do compadre eng. Klink? E teremos tambem de continuar a ouvir os colonos dizer que preto soh consegue destruir o que o branco inventa e constroi? Vao maze a m***da! Deixem os cidadaos em paz.
24 de Fevereiro de 2010 15:28
Anónimo disse...
OS terrenos da Praia do Bispo servem para q o Senhor todo poderoso possa observar o mausoleu do tio Agostinho
25 de Fevereiro de 2010 01:44
A.M. Fernandes disse...
É demais!Essa gente inventa com cada coisa. A Praia do Bispo precisa de ser requalificada (como o resto de Luanda) mas para servir não só os seus moradores como eventuais visitantes. As construções antigas devem ser preservadas e novos espaços devem ser criados. Nada impede a dita zona administrativa de conviver com as pessoas que lá vivem, porquê que têm que deitar tudo abaixo?Essa mania que os políticos são d'outro mundo enoja. Andam com batidores em estradas engarrafadas por causa da sua (deles) incompetência, inventam luagres vipíssimos para não se misturarem com o povo e quando o outro sai à rua, vem acompanhado do exército que dá-se ao luxo de fechar vias importantes porque o hiper-importante tem que passar.
25 de Fevereiro de 2010 12:09
Walnandes disse...
As políticas e planos directores urbanístico devem ter por fim principal e orietador o equilibrio e a integração entre as suas gentes; o que passa necessriamete pelo acolhimento das diversas classes e realidades sociais, contempladas no mesmo meio social… Com oportunidades e serviços sociais prestados a todos, ainda que a níveis e qualidades diferentes entre si.Se for utopia tal equilibrio e integração, também o será a efectiva “marginalização” mecânica da sociedade.Cá, em Angola, o fundamento para essa “marginalização” tem sido a inquestionável UTILIDADE PÚBLICA, em nome da qual se têm perpetrado desalojamentos irregulares, injustificados e desumanos que ficam por isso mesmo.
25 de Fevereiro de 2010 16:34