Orquestra Lunar/ Mulheres da música
A música é delas. Na Orquestra Lunar todas as integrantes são mulheres. Mulheres dos instrumentos, mulheres da voz e, claro, mulher como tema das canções. O primeiro CD do grupo formado em 2005 sai pelo selo da Rádio Mec em parceria com a Rob Digital. A Orquestra já é campeã desde a formação.
O vozeirão de Áurea Martins é patrimônio cultural do carioca que deveria ser mais valorizado. Só por cooperar nessa doce tarefa, a Orquestra Lunar já marca muitos pontos. Grande cantora da noite com 40 anos de carreira, Áurea tem vários trabalhos, mas seu mais recente CD independente foi reeditado pela Biscoito Fino, aumentando sua possibilidade de ser ouvida. Tomara que seja apenas o início, já que a cantora tem talento de sobra para ter maior destaque no cenário musical.
A prova está nessa brilhante participação no grupo.
Além de Áurea, a Orquestra Lunar soma com a voz de Vika Barcellos e o acompanhamento de Sheila Zagury (piano), Mônica Ávila (sax e flauta), Kátia Preta Nascimento (trombone de vara), Sueli Faria (sax e flauta), Manoela Marinho (violão e cavaquinho), Geórgia Câmara (bateria e pandeiro), Luciana Requião (baixo) e Samantha Renno (percussão). Fátima Guedes presenteia a Orquestra com “Garrafas ao mar”. E a pianista Delia Fischer presenteia o grupo e participa da sua “Das plantas”, parceria com Thiago Picchi. Única composição de uma integrante da Orquestra, “Sete neguinhos” ganhou arranjo da própria autora, Mônica Ávila. Em um disco de teor feminino não podia faltar Sueli Costa, que está presente em “Voz de mulher”, com letra de Abel Silva. A contemporânea Marina Lima é lembrada com uma surpreendente versão para o hit “Grávida” enquanto a precursora Chiquinha Gonzaga encerra o cd com seu clássico “Corta jaca”.Dos melhores momentos do disco, o samba “Quem sou eu pra perdoar” tem participação especial de Ana Costa dividindo a linha de frente com Vika. Delicioso resgate, a parceria de Carolina Cardoso de Menezes e Armando Fernandes foi lançada originalmente em 1952 pelo grupo Quatro Ases e um Coringa. O lançamento em cd coroa a história de um grupo que nasceu nos palcos. Nessa saudável nova onda de retomar a formação das orquestras de dança, um grupo formado somente por mulheres faz a diferença. Esse toque feminino da Orquestra Lunar vem a somar, com muitas histórias paralelas e talento de sobra.