Estas duas matérias tituladas de forma quase diametralmente oposta (nos antípodas), têm a ver com o mesmo discurso, pronunciado na mesma ocasião (11/03) e na mesma cidade, Benguela, pelo Líder da UNITA, Isaías Samakuva (IS).
Claramente e depois de termos tido acesso ao conteúdo do discurso, não temos qualquer dúvida em concluir que a matéria do JA esterilizou o discurso de IS, esventrando-o, retirando-lhe tudo e mais alguma coisa, ao ponto de transformar Samakuva, aos olhos da opinião pública, num quase apoiante entusiástico do Governo de JES.
É de facto o cúmulo da manipulação!
Samkavua, para quem eventualmente não o conheça, é só o Líder do maior partido da oposição em Angola.
A oposição política, estamos todos de acordo ou parecemos estar, é essencial a qualquer projecto de sociedade que se pretenda democrático.
Estar de acordo com este postulado e depois, com pinças, retirar do discurso da oposição todas as referências críticas à governação, esterilizando-o, é que não faz qualquer sentido, sendo exactamente isto o que está a acontecer nesta altura, como demonstra o tratamento dispensado pelo JA ao discurso de Isaías Samakuva em Benguela.
O SA, note-se, esteve mais de acordo com a letra e o espírito da intervenção de IS, tendo conseguido com o seu sintético e demolidor título transmitir de forma integral a posição do Presidente da UNITA durante o debate promovido em Benguela pela OMUNGA.
No âmbito da manipulação permanente de toda a informação menos simpática ao regime, a esterilização do discurso da oposição é um método que está agora a ser muito utilizado pelos "MDMs", depois dos seus comissários políticos terem chegado à conclusão que não era possível manter indefinidamente a lei da rolha no seu estado mais puro e duro.
Com tal recurso, a comunicação social estatal, aparentemente, contorna a crítica do silenciamento, que equivale à censura, conseguindo até melhores resultados do ponto de vista estratégico, pois "vende" a ideia que existe em Angola uma oposição completamente domesticada, o que não corresponde à verdade dos factos, constituíndo por isso um violento atentado à ética jornalística mais elementar.
Para não variar.