segunda-feira, 29 de março de 2010

Para quê mais um porta-voz?

De facto, se no mundo há governos bem servidos e a "custo zero" em matéria "portavólica", o nosso será certamente um deles e bem na linha da frente.
O esmerado serviço que neste domínio os MDMS (RNA, TPA, JA e ANGOP) prestam ao Governo é absolutamente extraordinário e dificilmente encontra paralelo no nosso planeta.
O atendimento das necessidades comunicacionais do Governo chega ao ponto das declarações menos bem conseguidas dos seus titulares serem retocadas através de truncagens e colagens, como aconteceu agora muito recentemente com Higino Carneiro no Lubango.
Chegamos a esta conclusão depois de termos confrontado as declarações feitas na mesma ocasião por Higino Carneiro e transmitidas pela RNA e a TV/Zimbo.
O resultado não foi o mesmo, porque a RNA, por via da edição do material gravado, fez deslocar uma frase do deputado de um local para o outro, o que permitiu alterar o sentido da sua declaração, dando mais força ao apoio concedido ao Governador da Huíla.
Este é apenas um pequeno exemplo da grande utilidade que os MDMs possuem como auxiliares directos do Governo na sua função de comunicar.
Será este o conceito que se tem do previsto serviço público de rádio e televisão independente e qualitativamente competitivo que o Estado, ao abrigo da nova Constituição, se comprometeu a assegurar?
De facto, com tanta assessoria, para quê mais um porta-voz?
É claro que com uma tal oferta e entrega (fidelidade) dos MDMs à causa do regime, o Governo de JES não sente qualquer necessidade de ter alguém com esta função mais específica.
Seria puro desperdício e até poderia complicar ainda mais a manobra de bastidores do governo, pois a curiosidade legítima dos jornalistas através das perguntas que colocam aos porta-vozes é sempre um problema para qualquer entidade pública.
Imaginem para as nossas?
Contrariamente ao que era nosso entendimento e depois de Aldemiro Vaz da Conceição ter sido nomeado para a chefia do novo Gabinete dos Quadros da Presidência, Mena Abrantes não o vai substituir na sua anterior função de Porta-Voz, onde o desempenho do nosso Tininho também já era muito pouco visível, se tivermos como paradigma a actuação de alguns dos seus homólogos em outros países por este mundo.
Mena Abrantes, pelos vistos, vai fazer muita coisa na área da comunicação institucional e do relacionamento com a imprensa, menos ser porta-voz do Presidente da República.
O governo JES vai continuar assim "mudo" como até agora.
Os MDMs estão aí para o que der e vier...