Junho 2001
terça-feira, 22 de junho de 2010
(Flashback/Junho-2001) O marketing como solução para os problemas nacionais
Num esforço apontado para o melhoramento da sua imagem que tem, contudo, implicado o dispêndio de vários milhões de dólares, o Governo angolano descobriu nos últimos tempos, com a sua assessoria brasileira, o “paraíso” do marketing político, com que volta e meia se produz junto da opinião pública com campanhas de embelezamento entre permanentes e pontuais.
A Televisão tem sido o veículo principal desta nova aposta governamental, com que se pretende contrariar o tom, tido como demasiado catastrofista das apreciações sobre a situação global do país, feitas pela oposição mas não só.
A imprensa privada e os seus jornalistas são igualmente responsabilizados pelos círculos oficiais de contribuírem decisivamente com as suas informações, comentários e análises, onde o destaque é dado apenas aos aspectos negativos da governação.
Este “esforço” na área do marketing político, corresponde em principio a uma “legítima defesa” do regime de José Eduardo dos Santos, que deste modo tenta contrariar a onda de “catastrofismo” que grassa pelo país real com doses industriais de “positivismo mediático”.
Até dizer basta!
Definitivamente, segundo os adversários políticos do MPLA, não é envernizando as unhas ou pintando os lábios com sorrisos televisivos que Angola vai vencer.
Enquanto o país não melhora, o que parece tardar, a receita tem de ser para já virtual, embora seja bastante real, como já se disse, a fatia do orçamento destinada a este tipo de tratamento cosmético altamente sofisticado, a ter em conta os valores disponibilizados.
Presume-se que com o dispêndio de tão elevadas somas do OGE o tratamento seja altamente eficaz, embora até agora os resultados práticos não demonstrem exactamente isso.
Antes pelo contrário.
Alguns partidários deste tratamento cosmético, discordam contudo da forma como ele tem estado a ser implementado, numa alusão a presença neste novo segmento do mercado de uma conhecida agência publicitária brasileira.
Eles acham que seria antes de mais para o reforço das capacidades nacionais na área da comunicação social, que as milionárias verbas actualmente destinadas ao exterior, deveriam ser canalizadas.
Eles não compreendem, por exemplo, como é que a principal estação de rádio governamental não esteja ainda devidamente informatizada, o que em seu entender melhoraria bastante a prestação dos seus quadros, quando chamados a desenvolver outras intervenções em defesa da imagem do regime que tão pouca atenção lhes presta na hora da divisão do bolo.
Espera-se que com a recente aprovação do Código de Publicidade a balança venha a pender um pouco mais para os publicistas locais na distribuição dos envelopes governamentais.
Acontece que a nova lei parece ser omissa em relação ao tratamento especifico da propaganda política, pelo que ainda haverá possivelmente necessidade, um dia destes, se calhar, de elaborar um Código da Propaganda Política.