sexta-feira, 18 de junho de 2010

Mukanda para um simpático provocador anónimo

"Anónimo disse... Sr. Wilson Dada, deixa de estar a defender e a congratular algo que ainda não se realizou...Nós sabemos que a Carolina Cerqueira é sua COMADRE...E que todos comentários, matérias, rubricas, etc que você tecer de maneira positiva terá impacto positivo em algum lado na sua vida pessoal...Deixe de materialismo...Continue sempre firme, como sempre foi!!! O anónimo!!!Um abraço. 17 de Junho de 2010 10:16"
Apresentada a provocação que nos foi gentilmente (?!?) enviada na última quarta-feira, passemos à anunciada mukanda da nossa epígrafe.
Caro Anónimo(a),
As melhores saudações e votos de que se encontre a gozar a melhor das saúdes deste mundo, (onde se inclui necessariamente e sobretudo a financeira) ao lado de todos os anónimos entes queridos que o/a rodeiam, a quem também quero endereçar colectivos e sinceros votos de prosperidade e felicidade.
A distribuição do rendimento nacional numa base minimamente racional seria mais do que suficiente para nenhum angolano ter preocupações com a sua saúde financeira. Infelizmente a justiça social ainda não faz morada entre nós e pelos vistos não vai fazer tão cedo.
Antes de mais devo confessar-lhe que não é nada fácil trocar "galhardetes" com um provocador anónimo, por razões que me/lhe parecem ser demasiado óbvias.
Decidi, entretanto, responder-lhe de forma tão aberta e destacada por me parecer ser (sétimo sentido!?!) uma pessoa bem intencionada, que em principio não terá nada a ver com (des)conhecidos patrulheiros que, de quando em vez, fazem a sua intervenção no "nosso Pravda", com as armas apontadas para os alvos de sempre. Agora as armas são as outras. Agora o dinheiro resolve de outra forma (mais higiénica) os problemas criados pela liberdade de expressão.
Como o anonimato é um instituto que a lei protege em nome da própria liberdade de imprensa, não estaria a ser coerente comigo mesmo, se questionasse a sua legitimidade em "alvejar-me" a partir da sua desconhecida trincheira.
Aqui chegados, começaria por agradecer-lhe o elogio vísivel na referência à "firmeza", como sendo um elemento estruturante da minha própria personalidade.
Partindo do principio que me conhece razoavelmente bem, esta alusão parece fazer algum sentido.
Devo, contudo, reconhecer que às vezes sou mais teimoso do que firme, pelo que talvez possamos estar apenas diante de um defeito, que, por sinal, não me tem "facilitado" muito a vida num país esquemático (real) chamado Angola, o que poder ser rapidamente confirmado pela minha trajectória profissional e pessoal.
Passemos agora ao "compadrio" com a Ministra e os benefícios pessoais que espero retirar deste relacionamento pessoal. Aqui reside claramente o cerne da sua provocação que eu dividiria em duas partes. Uma parece-me ser salutar, mas a outra é demasiado rasteira e bem poderia ter ficado na sua algibeira.
De facto somos compadres e amigos há mais de 25 anos. Está pois de "parabéns" por ter acertado em cheio. No chamado jornalismo tabloide (sensacionalista), isto até poderia ser transformado num grande "furo" com direito à manchete e tudo. Só espero é que não me acuse de ter convidado a CC para ser minha comadre já com o palpite em relação à possibilidade de ela vir a ser 25 anos depois MCS.
Se por acaso tem prestado alguma atenção ao que escrevo e digo sobre o desempenho da nossa comunicação social e dos seus protagonistas, o que já faço há mesmo muitos anos, como colunista, mas não só, deveria reparar que, quando o anterior titular (MR) foi nomeado, eu fui uma das pessoas a encorajá-lo a mudar de rumo ao mesmo tempo que crticava duramente a anterior gestão de VN. Não poderia ser de outra forma, tendo em conta o seu asfixiante desempenho.
E fí-lo numa perspectiva optimista, contrariando de algum modo o meu pessimismo genético, que acaba por ser o meu melhor e mais objectivo conselheiro.
Sempre que me afasto dele em Angola, normalmente tenho-me dado mal com os meus prognósticos e as minhas apostas, o que voltou a acontecer com o consulado de MR, que acabou por "parir" um rato demasiado pequeno e decepcionante para as elevadas expectativas iniciais que eu alimentava em relação à tão ansiada mudança. As ingenuidades pagam-se caro.
O balanço da gestão MR ainda está por fazer, mas já não tenho a mínima dúvida quanto ao tamanho descomunalmente pequeno do ratinho parido pelas suas opções.
Diante do novo quadro que resultou do inesperado afastamento de MR e do surpreendente surgimento de CC, uma vez mais a minha postura tem sido apenas de encorajamento e não de elogio ou de "congratulação" para usar a sua expressão, pelo que não concordo muito com o meu anónimo provocador.
Em relação à suposta "defesa", o pouco ou quase nada que eu tenho escrito (denunciado) sobre o assunto, prende-se com a existência de uma "conspiração" contra a pessoa de CC que está a ser urdida por elementos descontentes com os novos rumos do MCS e que estão sobretudo entrincheirados na RNA e na TPA.
Se isto constitui uma "defesa da minha dama", assim seja, pois tem toda a liberdade de chegar a uma tal conclusão. Eu também tenho a mesma liberdade de denunciar o que de menos transparente acho se está a passar actualmente nos bastidores, depois de CC ter sido nomeada.
Seja como for, agradeço-lhe o "reparo", estando perfeitamente de acordo com todos aqueles que acham que os prognósticos só se devem fazer mesmo no fim dos jogos para reduzirmos a margem do erro a zero.
É o que eu vou continuar a fazer.
É o que, mal ou bem, tenho feito, pelo que a única coisa que lhe peço é que não confunda a árvore com a floresta e sobretudo não faça acusações/insinuações gratuitas.
O encorajamento não é um cheque em branco, documento que há mais de 30 anos deixei de passar seja a quem fôr neste país.
Sou daqueles que, em definitivo, acredita no papel altamente estruturante da crítica e do debate em qualquer dimensão da vida, como condição indispensável do progresso e da procura das melhores soluções para os problemas nacionais, que continuam a ser mais do que muitos.
A sua ausência explica em grande medida a desastrosa trajectória que a Nação angolana tem conhecido.
Atenciosamente,
RS/TA/WD