quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Por força do voto secreto:JES já tem oposição interna

Pouco mais de um por cento (1,3%) dos delegados ao VIºCongresso (26 no total), votou contra a continuação de José Eduardo dos Santos como Presidente do MPLA, cargo que ocupa desde 1979.
Aparentemente, a percentagem é insignificante.
O MPLA diz, contudo, que já tem 4 milhões de militantes nas suas fileiras.
Os 1930 delegados que estiveram presentes no 6º Congresso manifestaram-se em principio de acordo com essa massa militante.
Um por cento de 4 milhões representa a vontade de 40.000 militantes, se a lógica aritmética fosse transportada linearmente para o território incerto da política.
Pode, contudo, representar menos, mas também pode representar muito mais.
Com um estranho e "defeituoso" boletim de voto que não admitia a abstenção, nem o voto contra, o MPLA acabou por fazer o primeiro exercício eleitoral interno realmente democrático da sua atribulada e musculada história que já leva mais de 50 anos.
Outras leituras, seguem-se dentro de momentos. É caso para dizer:custou, mas foi!
Finalmente, o VOTO SECRETO entrou para a história do MPLA, com resultados bastante animadores, quer para os que foram reeleitos por esmagadora maioria, quer para a minoria do contra que, em nehuma das votações, conseguiu chegar à fasquia dos 100 delegados.
Para quem conhece o MPLA, onde existem algumas pessoas que têm receio até da sua própria sombra, mesmo assim foi uma boa estreia da oposição interna. Os próximos tempos o dirão, certamente.
Para além da confiança, o problema de qualquer sistema democrático é a sua implementação, o que só é possível fazê-lo com um pontapé de saída, que acaba de ser dado agora no VIº Congresso, marcando assim o início do processo de democratização interna do MPLA.
De facto só agora é possível falar deste processo com alguma propriedade.
A mão no ar, mais uma tralha do seu passado ideológico, foi assim atirada para o caixote de lixo da história do MPLA.
Um passado que, em muitos aspectos, ainda se mantém bem presente.
Esperemos que o VIº Congresso para além do que já é visível, venha a representar algo de mais profundo e sustentável em matéria de renovação de procedimentos, alteração das mentalidades e adopção de outras posturas.
4 comentários: Anónimo disse... Apenas uma correcçãozinha, 1% de 4 milhões representa 40.000 e não 400.As declarções do JES deram a entender que ele sabe da falta de unanimidade quanto à sua figura, mesmo dentro do próprio MPLA.Eu quero felicitar eses 26 militantes do MPLA pela coragem que tiveram!!!!!!! 10 de Dezembro de 2009 08:32 savageclown disse... Foi verdadeiramente 'voto secreto', ou secreto apesar dos bufos que estavam vigiando de perto?! 10 de Dezembro de 2009 10:51 Luiz Araújo disse... os votos não foram conseguidos nesse momento mas nos actos preparatórios que determinaram quem participaria no congresso. Como é que foi esse processo de selecção? Depois de explicado isso tudinho então podem ser avaliados esses votos em todos os seus aspectos.É que se nesses momentos anteriores não funcionaram critérios pluralistas mesmo que os adoptem no fim, no Congresso, o resultado está préviamente fabricado 10 de Dezembro de 2009 15:23 Assídua disse... Estes 26 delegados o que fizeram foi arranjar um trabalhozinho extra para o SINFO!!!! Mas por correrem o risco de serem identificados e votados ao "ostracismo". Estão de parabéns pela coragem. 10 de Dezembro de 2009 15:51