quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Lavagem de roupa (muito) suja na RNA

A Ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira, esteve esta quinta-feira reunida com os trabalhadores da RNA de quem ouviu as suas preocupações em relação ao funcionamento da maior empresa pública do sector, com um número de trabalhadores desconhecido, pois o seu actual e interino responsável nem esse dado tinha em mãos para fornecer à titular, como seria de esperar.
Durante todo o dia, Carolina Cerqueira ouviu de tudo e mais alguma coisa, onde os elogios foram os grandes ausentes de uma maratona que se traduziu numa verdadeira descida aos infernos de uma gestão que desarticulou completamente o património da RNA, tendo como uma das referências mais preocupantes a privatização de todas as suas soberbas instalações sociais.
Estamos a falar do campo desportivo/bar, creche/colégio, refeitório/restaurante, posto médico/clínica.
Podemos igualmente incluir nestas estranhas alienações, a cedência do único auditório da RNA ao grupo privado que faz actualmente a gestão do Canal 2 da TPA, tendo deste modo a referida estação passado a produzir os seus programas e a transmitir as suas emissões a partir das instalações da Rádio Nacional de Angola.
Nesta altura muitos poucos saberão em que condições tais instalações foram retiradas da gestão directa da RNA e como é que passaram a ser geridas pelos novos "parceiros".
Não há, contudo, muitas dúvidas quanto ao facto da Rádio ser nesta altura um dos territórios estatais onde a promiscuidade entre o público e o privado ultrapassou já todos os limites da decência e do decôro.
É o verdadeiro sexo explícito em matéria de gestão da coisa pública.
A transparência atingiu assim o grau zero, com todas as consequências negativas que se adivinham para os interesses de uma empresa que é de todos nós, que é pública, mas que, em abono da verdade, passou a ser gerida por interesses particulares.
A Ministra ouviu igualmente nesta jornada as já recorrentes críticas ligadas à gestão editorial da RNA, à cargo de Eduardo Magalhães, que pessoalmente e com mão de ferro, evocando permanentemente a muleta intimidatória das "ordens superiores", mantém a sua aposta numa política informativa absurda e violadora da própria constituição no que diz respeito à prática sistemática da censura.
O copo de água terá transbordado quando uma trabalhadora com mais de 20 anos de casa disse que em matéria de descontos para a reforma e outras prestações previstas na lei, não tinha encontrado nada na Segurança Social (INSS), onde esteve a verificar a sua situação, não vá o diabo tecê-las mais tarde.
Ou seja, a sua conta estava deserta.
Voltaremos a este sensível assunto, pois a RNA não é a primeira empresa pública onde se registam situações de dívida com a Segurança Social, muito dificeis de explicar e mais ainda de aceitar para quem, mensalmente, faz o desconto na fonte.
O mais complicado de tudo isto é que o MAPESS e os seus fiscais sabem destes incumprimentos, mas não fazem nada.
Preferem ir chatear os privados...
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4 comentários:
Anónimo disse... ja vais tarde wilson dadá. tavas aí preocupado com a unita e os oito anos desde a morte do savimbi, quando a RNA está ser arrombada pelo E.Magalhaes. aliás de RNA so restaram as paredes e os microfones. Tudo tem dono desde as canecas de plástico à creche, passando pelo refeitório e posto médico. Que vergonha! Privatizar até o Refeitório!? 26 de Fevereiro de 2010 00:06 Anónimo disse... A pergunta que não quer calar:SERÁ QUE PRIVATIZAÇÕES ILEGAIS SÃO REVERSÍVEIS?É uma boa pergunta para fazer ao "corruption fighter" Rafael Marques.Mas kota Dadá, fora essas makas de kumbú, o que mais me preocupa na RNA é a linha editorial "partidária" vergonhosa.Angola tem grandes ambições a nível continental e mundial, mas depois existem pequenos detalhes que nos reduzem à mediocridade: em 2010, um único jornal generalista diário, nenhum jornal tem distribuição nacional regular, nenhuma rádio privada tem emissões nacionais (ok, tem a rádio Mais, mas...), eleições legislativas sem um único debate televisivo entre os principais concorrentes... 26 de Fevereiro de 2010 11:55 Anónimo disse... É que são tantos anos a ver o que é feito desta terra, que todo mundo aprendeu a lição direitinho! Qualquer pessoa, que tenha a mínima chance de encher os seus ricos bolsinhos, assim o faz...E como não há controlo nem coisa com que se pareça... fica tudo assim mesmo! Agora até já privatizam.... aprenderam mesmo bem!!!E ainda me vêm falar em "tolerância zero"! Quem teve essa rica ideia, deve repensar bem no tema do próximo anúncio publicitário... Eu cá ja tenho uma ideia "Sejamos tolerantes para quem rouba... coitadinhos, não têm nada!"É esse o tal país... 26 de Fevereiro de 2010 17:22 Anónimo disse... acho que deveria ser feita uma conferencia tecnica sobre a comunicação social publica. A maka do Rabelais, Magalhaes e outros é um caso de policia e ponto final. Devereiamos poder discutir o futuro. Que radio e TV publicas queremos? Não falo de uma dessas conferencias cheias de Cdas do Partido. É uma conferencia tecnica mesmo, com tecnicos, gente que saiba o minimo do que é fazer rádio. Na televisao a mesma coisa. É preciso fazer um saneamento geral. Infelizmente não sou das pessoas que acredita que a nova ministra tenha coragem de fazer a vassourada que se precisa ou que lhe deixem fazer. Estamos paiados! 26 de Fevereiro de 2010 21:05