quarta-feira, 31 de março de 2010
Quando este país já nem uma merenda escolar consegue garantir...
Carolina Cerqueira apresenta o seu (arejado) pensamento

Constatamos com preocupação que a qualidade jornalística e obviamente a qualidade editorial da nossa comunicação social, tanto pública como privada carece de mais inovação em termos de pesquisa, de isenção, de respeito pela verdade dos factos, de investigação, de divulgação de conhecimentos, de valores culturais e de princípios de identidade, suportes essenciais para o desenvolvimento socioeconómico sustentado do futuro. O profissionalismo jornalístico, expresso na pretensão da veracidade deve expressar na sua objectividade.
(...)
A regulamentação do vasto pacote legislativo que irá traçar o figurino de actuação da comunicação social à luz dos desafios e propósitos da III República é uma tarefa que envolve já os representantes da classe de todos os órgãos da Comunicação Social públicos e privados, de forma a que os direitos da classe sejam legalmente protegidos mas que os seus deveres não permitam a proliferação de informações caluniosa que atentam muitas vezes contra a moral pública, a integridade e a dignidade das pessoas, o desrespeito pelos titulares dos órgãos de soberania a própria soberania do Estado e a unidade Nacional.
(...)
A Comunicação Social tanto pública como privada não podem estar alheias ao processo de moralização da sociedade e a cultura de prestação de contas e de respeito pelo erário público.
A promiscuidade que verificamos na gestão financeira e na gestão de recursos humanos terá que ser saneada para iniciarmos uma nova era de responsabilização e de probidade administrativa. A falta de rigor organizacional é outra lacuna que torna vulnerável actos de injustiça e instabilidade social.
Os média podem e devem promover a cultura de responsabilização e de prestação de contas, ajudar a cultivar o espírito de cidadania, de inclusão e de participação, estimular a auto estima e acarinhar a criatividade dos angolanos.
Todos estamos conscientes que os média são cada vez mais um elemento incontornável na formação das culturas, de socialização e na constituição de personalidades assumindo uma responsabilidade importante no estabelecimento da força coesiva que garante a integração social, independentemente da participação dos agentes sociais.
(...)
Os média dispõem de uma capacidade que pode despoletar dinâmicas sociais alternativas tendentes a aprofundar o exercício da democracia e é nesse sentido que apelo a todos para uma cultura nova na conduta dos jornalistas, cultura que promova a inclusão e a participação de todos na construção da nova Angola, cultura que promova e acarinhe o esforço de todos os angolanos, desde o mais humilde aos esforços de desenvolvimento nacional, atitude que reprove os actos de violência, em todas as suas dimensões e que seja capaz atraves de exemplos positivos de contribuir para a educação civica das populações, complementando o papel da familia, da Escola e da Igreja, enquanto mecanismos que tambem asseguram a regularidade nas dinâmicas sociais.
O que torna a Comunicação Social mais forte e pluralista é garantir uma comunicação que previlegie uma relação dinamica com o público, aberta à critica e à partilha de saberes, ao confronto de opiniões e de argumentos e à pluralidade de discursos, numa base de segurança, confiança e respeito pela diversidade.
(...)
Enquanto espaço público, os media deverão desempenhar um papel importante como espaços de aprofundamento de cidadania, interagindo com a sociedade civil como instância de mediação entre o público e o privado, contribuindo para uma globalização de cultura, expondo-se aos ventos das mudanças que auxilia o aprofundamento da democracia, o reforço das instituições de forma a responder inteligentemente a fluidez das dinamicas sociais.
A relação local/global resultante da articulação entre comunidades e espaços públicos, e uma cultura politica global informado pelos papeis da diversidade, do respeito pelos actos humanos e na universalidade no reconhecimento das pretensões legitimas não será realidade sem reconhecimento de uma dimensão cívica na actividade dos media, que assegurem o pluralismo e a equidade, o aprofundamento de uma reflexão acerca do modo como o próprio jornalismo pode influenciar positivamente a vida pública.
(...)
Por exemplo verificamos que as noticias do trabalho jornalístico, na abordagem das questões da violência estão mais orientadas para a cobertura e tratamento do que é pontual e episódico do que para o contexto em que os acontecimentos ocorrem.
As poucas tentativas de descrever um tema com mais profundidade são geralmente desprovidas de sistematicidade e pouco incisivas.
Aquilo que geralmente é transmitido ao público é a localização dos acontecimentos, os indivíduos que nele estão envolvidos e pormenores, com frequência, estes elementos ocupam, automaticamente o 1º lugar na memoria dos destinatários enquanto que a causa dos acontecimentos permanece em fundo.
O que dai resulta é uma memória fragmentada , cheia de pormenores isolados e a que falta o contexto. Cai-se assim num ciclo vicioso e normalmente a abordagem dos temas sobre a violência são mais sensacionalistas do que educativos, suscitando mais curiosidade do que repulsa.
Sensibilizar e consciencializar a população assim como potenciar acções de apoio social que contribuam para superar o impacto de uma situação de violência, é o desafio que lançamos a cada um de vós, conscientes de que será possível assim fazer uma informação mais humana e mais adequada a actual conjuntura nacional.
(Extractos da intervenção pronunciada pela Ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira, no encerramento do Seminário sobre Violência na Sociedade que decorreu sob o lema :" Informar, Prevenir e Intervir".)
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3 comentários:
Anónimo disse...
DISCURSO BONITO tal e qual o camarada Eduardo dos Santos. Das palavras à realidade, ha uma distância entre Marte e a Terra.
31 de Março de 2010 09:23
Anónimo disse...
É DESSA VEZ QUE A Dr.CAROLINA CERQUEIRA TEM DE PROVAR O QUANTO VALEM AS MULHERES. se fracassar no Ministério, passa-se o CERTIFICADO DE INCOMPETÊNCIA A TODAS AS MULHERES ANGOLANAS. Tem tambem a missao de equilibrio do género nas Empresas públicas do sector, ate nos telejornais e noticiários da RNA tem d haver vozes femininas. Queremos mulheres a participar nos debates aos sábados, mulheres a fazerem relatos de jogos de futebol, basquetebol, andebol, voleibol, etc.
31 de Março de 2010 12:03
Assídua disse...
Devia comentar o post, mas vou "comentar" o que escreveu o anónimo das 12:03. Se a competência das mulheres angolanas será "avaliada" pelo desempenho de uma Ministra, menos mal. No entantanto o "CERTIFICADO DE INCOMPETÊNCIA DOS HOMENS ANGOLANOS" já foi passado há mais de trinta anos, e é carimbado todos os "Santos dias"(para actualização). O mais recente carimbo foi o comportamento face a possível manifestação em Benguela!!!!!
31 de Março de 2010 14:49
segunda-feira, 29 de março de 2010
Parabéns Folhinha!

Para quê mais um porta-voz?
O esmerado serviço que neste domínio os MDMS (RNA, TPA, JA e ANGOP) prestam ao Governo é absolutamente extraordinário e dificilmente encontra paralelo no nosso planeta.
O atendimento das necessidades comunicacionais do Governo chega ao ponto das declarações menos bem conseguidas dos seus titulares serem retocadas através de truncagens e colagens, como aconteceu agora muito recentemente com Higino Carneiro no Lubango.
Chegamos a esta conclusão depois de termos confrontado as declarações feitas na mesma ocasião por Higino Carneiro e transmitidas pela RNA e a TV/Zimbo.
O resultado não foi o mesmo, porque a RNA, por via da edição do material gravado, fez deslocar uma frase do deputado de um local para o outro, o que permitiu alterar o sentido da sua declaração, dando mais força ao apoio concedido ao Governador da Huíla.
Este é apenas um pequeno exemplo da grande utilidade que os MDMs possuem como auxiliares directos do Governo na sua função de comunicar.
Será este o conceito que se tem do previsto serviço público de rádio e televisão independente e qualitativamente competitivo que o Estado, ao abrigo da nova Constituição, se comprometeu a assegurar?
De facto, com tanta assessoria, para quê mais um porta-voz?
É claro que com uma tal oferta e entrega (fidelidade) dos MDMs à causa do regime, o Governo de JES não sente qualquer necessidade de ter alguém com esta função mais específica.
Seria puro desperdício e até poderia complicar ainda mais a manobra de bastidores do governo, pois a curiosidade legítima dos jornalistas através das perguntas que colocam aos porta-vozes é sempre um problema para qualquer entidade pública.
Imaginem para as nossas?
Contrariamente ao que era nosso entendimento e depois de Aldemiro Vaz da Conceição ter sido nomeado para a chefia do novo Gabinete dos Quadros da Presidência, Mena Abrantes não o vai substituir na sua anterior função de Porta-Voz, onde o desempenho do nosso Tininho também já era muito pouco visível, se tivermos como paradigma a actuação de alguns dos seus homólogos em outros países por este mundo.
Mena Abrantes, pelos vistos, vai fazer muita coisa na área da comunicação institucional e do relacionamento com a imprensa, menos ser porta-voz do Presidente da República.
O governo JES vai continuar assim "mudo" como até agora.
Os MDMs estão aí para o que der e vier...
sábado, 27 de março de 2010
(Flashback-Março 2008) Em memória dos milhares de jovens tombados no Kuito Kwanavale

Muitos deles, se calhar, ainda nem sequer tinham atingido a maioridade.
Sem falar dos mutilados, as contas não oficiais admitem que o número de baixas mortais das FAPLA tenha ultrapassado as quatro mil. De fonte oficial apenas e muito vagamente, se ouviu dizer que a brigada 47 foi completamente destroçada.
Na evocação oficial da batalha do Kuito-Kuanavale que dominou os noticiários da semana passada, estes milhares de jovens angolanos foram os grandes esquecidos o que não é aceitável, nem compreensível. Chega a ser revoltante, a trazer-nos de volta um conceito amargo chamado “carne para canhão”.
Antes de mais, seria em homenagem da sua memória e da sua morte sem glória que qualquer monumento ao Kuito Kuanavale, ou a outra batalha qualquer travada por estas inóspitas paragens, deveria ser dedicado com a inscrição na lápide fria de todos os seus nomes, à semelhança de outros memoriais que já vimos por este por mundo fora.
Para nós o mais expressivo é aquele que está em Washington, onde constam os nomes, por ordem alfabética, dos 50 mil norte-americanos tombados em combate no Vietname no quadro da mais desastrosa aventura internacional patrocinada (promovida) pelos governantes dos EUA.
Um novo memorial do género já deverá estar, entretanto, em preparação para “acolher” os quatro mil soldados norte-americanos que tombaram no Iraque e no Afeganistão em cinco anos de invasão que se assinalaram esta semana.
Como de facto a guerra ainda não terminou, nem se sabe quando é que “gringos” vão voltar para casa, o memorial em perspectiva vai ter de aguardar mais algum tempo até ser inaugurado.
Um tempo certamente dramático para todas as famílias norte-americanas que têm soldados no Iraque e no Afeganistão.
Em Angola, contudo, mesmo que a ideia do memorial nominal extensivo fosse aceite, muito dificilmente a mesma poderia ser executada pois ninguém acredita que os registos militares das FAPLA tenham sobrevivido a todas as transformações que o país tem vindo a conhecer.
Aliás, o problema dos arquivos neste país é gravíssimo sendo extensivo a todas as instituições oficiais, uma vez que a maior parte delas não tem a sua memória devidamente organizada como deveria ser e muito menos disponível para qualquer tipo de consulta mais pública.
Nunca como em Angola a imagem do soldado desconhecido foi tão necessária e adequada para cobrir (resolver) este vazio dos arquivos de guerra.
Um vazio preenchido por milhares de jovens esquecidos, que os políticos e os generais não querem recordar como deveria ser, chamando-lhes pelos seus próprios nomes, porque já não sabem exactamente quem e quantos eram e de onde é que vieram.
Só sabem que estão definitivamente mortos.
E isto será importante para se comemorar o aniversário do 20º aniversário do Kuito Kuanavale?
A resposta vai certamente depender do conceito que cada um de nós tem do herói enquanto figura humana e protagonista de algum feito digno de realce.
Quem é o verdadeiro herói?
Exaltados e ufanos, os nossos políticos a caminho da terceira idade preferem fazer brindes e falar de vitórias e mais vitórias. De alterações profundas na geopolítica, mesmo que depois tenhamos passado mais quatros anos em guerra até a assinatura dos fracassados acordos de Bicesse. Mesmo que depois das eleições de 92 e do Protocolo de Lusaka em 94 o país não tenha parado de se autodestruir até ao dia 4 de Abril de 2002, com todas as terríveis consequências sociais que se conhecem e que se fazem sentir até aos dias de hoje, numa altura em que já se fala de uma nova guerra imposta ao Governo pela pobreza e a miséria.
Depois de tudo isto, já se passaram mais seis anos desde que as armas se calaram.
O país está em paz, mas não se pode esquecer dos milhares de jovens que tombaram em todos os “kuitoskwanavais” da nossa atormentada trajectória.
É efectivamente para eles que o grande monumento deste país, em nome da reconciliação, deveria ser erguido.
Primeiro bem no fundo do coração de todos nós para não voltarmos mais a pensar na guerra como solução, seja para o que for.
Depois, bem no centro oficial deste país para comprometer os seus políticos com o futuro de paz de todos nós, porque o passado, por mais que queiramos dourar a pílula ou puxar a brasa para a nossa sardinha, é mesmo para esquecer.
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3 comentários:
Anónimo disse...
Um abraço para si, sr. Reginaldo.Grande reflexao.Que se faça o enterro digno dos q tombaram nessa batalha. Que se divulguem os nomes dos q morreram nessa batalha para os familiares realizarm o seu komba. Ha muitos militares que morreram nessa batalha, e hoje dizem que estao desaparecidos.
27 de Março de 2010 13:09
Camilo disse...
Concordo consigo.Acompanhei o facto de perto.Só "saí" de Luanda em fins de... 1992.Um Abraço.
27 de Março de 2010 23:46
Anónimo disse...
Sr. Reginaldo,
Obrigada por ter levantado a questão dos "anónimos" - que para nós esposas, mães, irmãs, não são anónimos...
Quantas de nós não temos uma certidão de óbito, não temos um local aonde levar filhos - que nem o pai conheceram e que hoje são adultos,para falar sobre o pai.Foi Kuito Kuanavale... foi Canjala - e tantos outos locais de combate até ao rio Keve, aquando da invasão Sul Africana.
Do grupo que pereceu na Canjala, os únicos que se importaram com eles, foi o grupo de voluntários reunido e liderado pelo Comandante Kassange - e pagaram com a vida,para os tentar salvar.
Quem foram esses "anónimos"??? Mais uma vez obrigado. É um lenitivo e um bálsamo, saber que os "anónimos" não foram esquecidos. Temos que (re)escrever a história desse período. Eles têm que sair da bruma para nosso convívio. Ainda há pessoas que participaram e sobreviveram, que podem falar, podem citar nomes. A maior parte dessas pessoas vivas nem estão nas listas oficiais, para as pensões dos antigos combatentes...enfimMais uma vez obrigada, não imagina - não faz a minima idéia, da catarse que esta sua reflexão desencadeou no seio da nossa família.
sexta-feira, 26 de março de 2010
A demolidora estreia do "novo" Higino Carneiro
Foi uma estreia desastrosa, como se pode comprovar pelas suas declarações no Lubango, no âmbito da operação de salvação do Governador Isac dos Anjos. Também não estavamos a espera de uma outra actuação da sua parte, tendo em conta o seu recente passado institucional.
Carneiro conseguiu fazer um verdadeiro milagre com as palavras que então utilizou para tentar contornar o óbvio.
Diante das desoladoras imagens da Tchavola, para onde o Anjos demolidor despachou milhares de angolanos, depois de lhes ter partido as casas, Carneiro viu condições criadas de realojamento, só que... não eram suficientes.
Mesmo que no local houvesse uma só tenda, Carneiro diria o mesmo, com a mesma lógica "realojadora".
Carneiro emprestou-nos assim a sua "valiosa" e muito pessoal interpretação da resolução 37 da Assembleia Nacional, que pode vir a fazer jurisprudência.
Será que a partir de agora basta haver uma tenda e umas chapas no local do realojamento, que o problema das condições fica resolvido, só que... de forma insuficiente?
E será que assim sendo não há qualquer violação da soberana resolução?
A ver vamos....
Até lá...Saravá!
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Capola deixou um novo comentário na sua mensagem "A demolidora estreia do "novo" Higino Carneiro":
Caro WD de que estavas à espera?
Fazer mudanças de politicas e de praticas com as mesmas velhas pessoas, dá nisso.
Também isso de o MPLA ser executor, fiscalizador e juiz dá no mesmo.
Tudo acaba entre comadres e compadres. Claro que tinhamde sair em defesa do Cda Isaac.
O Virgilio Tchowa é que se vai lixar porque não é da nata do MPLA nem tem compadres que o defendam.
Salvar o cda Isac é preciso!
“O processo de requalificação das urbanidades do país deve ser feito, sem prejuízo da observação da dignidade da pessoa humana e dos valores de solidariedade e da justiça social”.
(...)
"As autoridades competentes do Estado, além de fazer respeitar a Lei, devem informar e dialogar com os cidadãos, de maneira a minimizar os inevitáveis constrangimentos resultantes das acções de requalificação urbana, incluindo as demolições legais, os despejos e reassentamento condigno de cidadãos em Luanda ou nas suas localidades de origem.”
(...)
"Os órgãos competentes da Administração Pública devem agilizar os processos que permitam a célere aquisição do direito fundiário, de alvarás para construção e de todos os meios e instrumentos que permitam a rápida e condigna reinstalação da população e aquisição de terrenos para construção."
(...)
(In Resolução 37 da Assembleia Nacional)
A resolução da Assembleia Nacional aconselha os órgãos da Administração Pública a desenvolver as suas acções de gestão e ordenamento do território urbano nacional, respeitando sempre as regras e normas procedimentais previstas nas leis internas e nas convenções internacionais para que sejam acautelados os direitos fundamentais dos cidadãos e os interesses legítimos de terceiros, de boa fé.
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JCRC deixou um novo comentário na sua mensagem "Salvar o cda Isac é preciso!":
Meu caro,
Eu penso que não existe um verdadeiro plano nacional de habitação.
O que existe é uma espécie de "to do list".
A meu ver, deveriamos estabelecer o mais rápido possível um procedimento padrão referente aos desalojamentos (prefiro não acreditar que o "parte-casa-atira-p'ra-tenda" seja o procedimento oficial) que para mim passava por:
1. Definir em cada província um plano de desenvolvimento urbano e formar um plano nacional.
2. Identificar e notificar as populações em zona de risco/zona reservada pelo Estado
3. Construir bairros urbanizados para realojar as populações, que poderiam inclusive pagar suaves prestações para abater o valor da casa (desincentivando as construções em zona de risco para obtenção de casas a borla)
4. Destruir as habitações precárias e investir nos espaços no sentido do plano provincial/nacionalO Estado podia financiar este programa por via de ajustamentos na política fiscal como tinha dito antes.
Outra opção seria a venda de terrenos para exploração comercial junto das zonas novas.
A meu ver, falar em urbanização e incentivar a "auto-construção" dirigida é um erro porque o padeiro não é pedreiro, apesar de existir esta mania por cá, os angolanos não são todos pedreiros e construir casas sem a intervenção de engenheiros e arquitectos (no fundo é o que se passa com a auto-construção) é fomentar novos musseques.
Obrigado e bom fds.
Publicada por JCRC em morrodamaianga a 26 de Março de 2010 11:38
quinta-feira, 25 de março de 2010
Biocombustíveis em Angola: Mais um negócio da nomenklatura?
Cerca de 500 mil hectares poderão ser destinados à produção de biocombustíveis em Angola, no período compreendido entre 2009 e 2012. O país tem perto de 35 milhões de hectares de terras potencialmente aráveis. A informação foi avançada por José Eduardo dos Santos, a 9 de Maio, na abertura da 3ª Conferência Nacional do MPLA, que discutiu a estratégia e o programa para as eleições legislativas marcadas para Setembro. Segundo o Presidente, a aposta nos biocombustíveis poderá gerar mais de um milhão de empregos.
(29/Maio/2008)
quarta-feira, 24 de março de 2010
Isac dos Anjos agora virou humorista
terça-feira, 23 de março de 2010
Jacques dos Santos promove abaixo-assinado em nome da dignidade e da cidadania
segunda-feira, 22 de março de 2010
Huíla a caminho da Dipanda?
domingo, 21 de março de 2010
Jornal de Angola só vê UNITA entre os críticos
O Governador Isac dos Anjos violou ainda o principio constitucional que proibe a censura em Angola, ao interditar a presença da imprensa no "local do crime", quando ele estava a comandar directamente as demolidoras operações.
Estranhamente na sua coluna, o Director do Jornal de Angola resumiu, neste domingo, este imenso, abrangente, diversificado e mais do que legítimo coro de protestos, numa só voz: a da UNITA.
Como é Man Ribas?
O teu "daltonismo" está a ficar muito complicado.
Uma coisa, é seres um dos mais entusiásticos fans da Turma do Camarelo ou da Marreta.
É uma opção. É a tua.
Devo-te confessar que apesar de defender a tua liberdade de sustentares esta postura, a mesma não me merece qualquer tipo de respeito, porque antes de mais eu respeito os direitos humanos em Angola, que é o grande compromisso da Constituição acabada de aprovar.
Espero, entretanto, que nunca te confrontes com uma situação do género. A de teres de ficar na rua com a família, em tempo de chuva, sem um tecto para te abrigares.
A outra coisa que já não me parece nada ética, sobretudo para quem é jornalista de profissão, é ignorar os factos e com base nesta "esquindiva", chegar ou transmitir, subrepticiamente, determinadas conclusões.
Enquanto "fazedores de opinião" e por mais polémicos que possamos ser, é importante saber evitar sempre o beco da mentira.
É de facto um beco sem saída!
Isto agora só vai à martelada
"É que não estamos só a falar de populações indefesas. O processo atingiu a classe média, bem como cidadãos brancos, mulatos e pretos. Isto naturalmente gera rumores maiores porque alguns se consideravam intocáveis. O que não é verdade"- Isac dos Anjos ao Novo Jornal.
Diante desta "pérola", não fosse o nosso dever de contenção verbal, teríamos certamente de pedir ao Governador da Huíla, com o maior dos respeitos, para ir-se catar, que é o que ele bem merece e precisa.
Nesta meia dúzia de linhas da sua "brilhante tese", estamos confrontados com uma muito estranha e insustentável divisão dos cidadãos que vivem neste país.
Neste país, caso o Governador não saiba, apenas existem cidadãos que são iguais perante a lei e não podem ser discriminados em circunstância alguma.
Para começar temos as "populações indefesas".
São integradas por quem estas populações?
Por pretos? Por mulatos? Por brancos? Por autóctones mumuílas? Por mukubais? Por bailundos?
Depois segue-se "a classe média", para logo depois desfilarem, no levantamento feito por IA, os "pretos, mulatos e brancos".
Não contente com tanta compartimentação, o "sociólogo" Isac dos Anjos ainda tem algum tempo para avançar com os "intocáveis", que não são todos, mas apenas alguns.
Estamos de facto diante de um preocupante "alto momento de forma intelectual" do Governador da Huíla, para quem também o céu já deve ser o limite, atingido depois de ter, com o seu camartelo, mandado para o sofrimento brutal, milhares de cidadãos.
Se é assim que se tratam as pessoas neste país, então estamos conversados...
Como não foi a primeira vez e pelos vistos não será a última, só nos resta desejar a IA "boa sorte" nesta sua caminhada muito pessoal rumo à construção de uma nova Angola.
Se, entretanto, políticamente IA não conseguir sobreviver às consequências da sua governação, vamos estar aqui novamente para lhe fazer um "funeral" a altura da sua arrogância, brutalidade e insensibilidade para com o sofrimento dos outros.
Deus queira que tal aconteça e o mais rapidamente possível!
sábado, 20 de março de 2010
Convoca-se (com alguma urgência) o jornalismo de investigação!
[O jornalismo investigativo, para muitos jornalistas e pesquisadores da área, é uma modalidade especializada de jornalismo, calcada em características específicas. Diferencia-se da rotina habitual das redacções pelos seguintes aspectos: a investigação minuciosa dos factos, pelo tempo que for necessário, até elucidar todos os meandros, possíveis ângulos, pontos de vista e personagens envolvidos em determinado assunto; a disponibilidade de recursos específicos: tempo, dinheiro, paciência, talento e sorte; a precisão das informações (o jornalismo investigativo é também conhecido como jornalismo de precisão), implicando a exactidão dos termos utilizados, e a ausência de distorções ou citações fora de contexto. FONTE: Jornalismo Investigativo, de Leandro Fortes. Ed. Contexto, São Paulo, 20.]
sexta-feira, 19 de março de 2010
(Flashback/Março 2001) Obras cosméticas numa cidade que se afoga
As últimas chuvadas que se têm abatido sobre a cidade de Luanda vieram uma vez mais chamar a atenção das autoridades locais para algumas prioridades em termos de obras públicas.
Tais prioridades, ao que parece, não estão a ser tidas em devida conta, ou pelo menos com a devida urgência, no âmbito da resolução dos principais problemas que afectam esta imensa urbe. Luanda é bom que se note, já alberga nas suas rebentadas costuras mais de dois milhões de almas vivas (?) com uma parte importante delas a sobreviver em condições particularmente desesperadas sobretudo no que toca à habitação e a qualidade do seu meio ambiente.
Por incrível que pareça a grande obra que o Governo fez em Luanda, estamos a falar do novo sistema de tratamento e adução de água, já se transformou na maior dor de cabeças dos habitantes do Popular e da Terra Nova.
O projecto em causa, é bom que se diga, está a agravar terrivelmente as suas condições de vida, com as monumentais fugas que se registam na canalização, se é que ainda se pode falar da existência de um sistema de distribuição de água naquelas zonas.
São fugas que estão a transformar as duas zonas residenciais, e não só, em verdadeiros pântanos, com toda a sua conhecida fauna, onde os mosquitos transportando o paludismo e outras maleitas, são os que voam mais alto em direcção ao interior das casas “ribeirinhas”.
O governo defende-se dizendo que era necessário injectar água na rede, para ver onde é que estavam os furos, após mais de vinte anos de inactividade.
Depois do “desastre” verificado com tal injecção, resta-nos agora saber como é que o governo pensa recuperar uma rede que parece ter mais quilómetros de furos do que de tubagens funcionais.
Um verdadeiro queijo suíço.
Resta-nos aguardar com bastante angustia, pois já há quem receie pelo passar do tempo, colocando no ar a hipótese do governo poder vir a precisar, para reparar a canalização furada, dos mesmos anos que necessitou para construir a estação do Golfe. Mais exactamente de vinte.
Posto isto, é caso para dizer que o investimento feito ainda não resultou, pelo menos para a “malta” do Popular e da Terra Nova, estando aí a generalizar-se um “sentimento de saudade” em relação aos “velhos” tempos dos baldes, das cisternas e dos chafarizes. Depois ainda há quem duvide daquela história onde o camponês diz que está tudo bem, só lhe faltando saber mesmo quando é que a independência vai terminar.
Prioridade para a drenagem
A observação sobre as prioridades e as oportunidades ganha nos dias que passam uma visibilidade ainda maior devido ao facto do Governo provincial de Luanda estar empenhado nesta altura na concretização de um conjunto de várias e “arreliadoras” obras públicas destinadas a resolver algumas situações de estrangulamento, sobretudo ao nível da circulação rodoviária.
Ora como se sabe os grandes problemas da cidade de Luanda estão antes de mais localizados ao nível do saneamento básico e da drenagem das águas residuais e pluviais.
Centenas de milhares de luandenses vivem hoje em condições que constituem um verdadeiro atentado à saúde pública. Estas condições agravam-se terrivelmente com a chegada da época das chuvas que de facto vêm por a nú todas as grandes fragilidades de Luanda de uma forma assustadora para quem tem sob sua responsabilidade a gestão da urbe.
Como resultado de uma importante obra de drenagem das águas pluviais e residuais, que é a vala do Senado da Câmara, que nunca mais é agendada com a prioridade que ela requer- que é a prioridade máxima- está neste momento ameaçada a sobrevivência do único estádio nacional de futebol que a capital possui, que é o estádio da Cidadela.
O referido estádio que ficou completamente alagado com uma das últimas chuvadas, tem igualmente parte das estruturas das suas bancadas gravemente afectadas a tal ponto que o governo já se viu forçado a interditar o segundo anel, devido às fissuras que começaram a surgir no betão armado.
Devido ao bloqueamento existente na vala do Senado da Câmara, os prejuízos para todos quantos vivem nas suas imediações são de facto enormes, quando as chuvas surgem com a impetuosidade que tem marcado as suas recentes visitas.
A situação desta Vala é apenas mais uma entre várias outras que actualmente infernizam a vida dos luandenses e de Luanda. A resolução da questão do saneamento básico é a grande prioridade, se a intenção for efectivamente melhorar a vida das pessoas e não apenas exibir mais umas obras com impacto visual, que acabam por ser “cosméticas”, tendo em conta as reais prioridades em termos de afectação de recursos.
As obras que se fazem hoje em Luanda acabam por trazer à tona a problemática da superfície e da profundidade. É na superfície que o governo está para já a trabalhar, enquanto se aguarda por um conjunto de outras intervenções que parecem tardar pela sua grande urgência.
Se Luanda continuar a registar novas cargas de água semelhantes as dos últimos dias, que é previsível que venha a acontecer, pois ainda se tem pela frente o mês de Abril, que é o famoso das chuvas mil, a capital vai certamente viver momentos muito dramáticos.
quinta-feira, 18 de março de 2010
A tristeza de uma Valente
1 comentários:
JCRC disse...
Está triste a kota. É duro ser economista/académico e político do partido no poder neste país.Os economistas académicos debatem-se pela coerência e seriedade, nas nossas bandas é só atropelos à ciência. Esta senhora é professora de economia e obrigada a engolir actos de governação que são um atentado à "economia elementar". Ainda neste blogue li que o Cerqueira disse que "o FMI precisa mais de Angola do que o contrário" (!) Meu Deus, a mania da grandeza dos angolanos não precisa de chegar a tanto, um país cujo PIB é inferior ao de Manhattan sozinha vai pôr medo ao FMI? (só o Volume de Negócios da Exxon Mobil supera o PIB Angolano...), o ex-MINFIN Zé Pedro Morais Jr. já disse algo mais escanadoloso mas na mesma linha há um par de anos quando afirmou que "Se o petróleo acabar amanhã, Angola continuará a prosperar" (!) Façam-me rir...
19 de Março de 2010 15:39
Aníbal Rocha volta ao "local do crime"

(Terça-feira, o grupo de deputados dirigidos por Aníbal Rocha manteve encontro com o governador de Cabinda, Mawete João Baptista, que serviu para cumprimentos protocolares e apresentação do programa de trabalho do núcleo da assembleia na província, referente ao presente ano de 2010.
Mawete João Baptista louvou o programa de acção dos deputados referentes ao ano de 2010, realçando que o mesmo contem intens que sustentam e norteam os interesses do governo para em conjunto obter informações e procurar respostas sobre os problemas que se prendem como o bem-estar social das populações.- ANGOP)
quarta-feira, 17 de março de 2010
Primeiro bilo* da 3ª República

Acabou por ser uma mexida estrutural que implica algo mais sério, pois na calha podem estar outras rectificações do género.
Ainda sem qualquer explicação para o sucedido, o dito foi dado pelo não dito.
Ou seja: O novíssimo Ministério do Comércio, Turismo e Hotelaria deixou de existir, sem nunca ter funcionado, por obra e graça de uma "rebelião" que se instalou no seu regaço.
Pelo que se sabe, Mutindi não aceitou a despromoção para Secretário de Estado na dependência da nova ministra e bateu com o pé e com as mãos.
Foi ouvido lá em cima.
Está provado que em Angola é cada vez mais verdadeiro o conceito do quem não chora não mama.
Na sequência desta mexida tudo volta à primeira forma.
A "camarada Idalina" regressa ao seu ministério e o "camarada Mutindi" faz igual percurso.
Fica tudo na mesma.
Temos assim novamente os dois ministérios separados.
O meu amigo Carlos Cunha, o Oca, que estava a assessorar Pedro Mutindi como Ministro é que respirou de alívio, tendo sido o primeiro a saudar vivamente este recuo do Maestro, considerando que é preferível rectificar em tempo útil os erros cometidos, do que permanecer com eles o resto da vida.
Afinal de contas, e para além do Maestro, quem foi o responsável directo (estratega) pela formataçao deste Governo?
Sabe-se que foi uma comissão coordenada por Carlos Feijó, o novo homem forte da administração, que trabalhou no dossier.
Enquanto aguardamos por outras informações, acreditamos piamente que Idalina Valente não tenha tido nada a ver com a fusão que agora acaba de ser desfeita de forma tão aparatosa.
Seja como for, será a sua imagem, quem mais sairá chamuscada desta rocambolesca reviravolta.
Falar de mais uma trapalhada, já não resolve o problema.
Haja paciência!
* Bilo- calão luandense que significa luta, combate.
terça-feira, 16 de março de 2010
Importação do carapau gera polémica
Mas sabemos que já há muita gente no sector preocupada com a possibilidade do Governo apenas autorizar que uma empresa faça essa importação, que já está em curso.
Sabemos também que não é boa política uma tal concentração, nem se justifica, pois há outros operadores com capacidade para tal, que já o demonstraram noutras ocasiões.
Sabemos que em abstracto o Governo é uma pessoa de bem, mas já não acreditamos na boa-fé dos governantes.
Mais do que isso e depois de ter sido detectado o vírus da promiscuidade entre o público e o privado, desconfiamos de tudo e de mais alguma coisa.
Esta do carapau, caso de facto se confirme o monopólio da sua importação, só nos pode cheirar a esturro.
Só nos falta agora saber quem será a tal empresa sortuda, para depois tirarmos outras ilações.
4 comentários:
Anónimo disse...
Caso para se dizer que "cada um puxa o carapau ao seu mufete"
16 de Março de 2010 02:32
Anónimo disse...
Oi, Gente.Tenho estado a tentar enviar um e-mail ao semanario angolense com o contra ataque chines ao relatorio americano sobre direitos humanos. estah dificil enviar... Nao chega ah caixa postal deles. Anyway, vale a pena ler. Todos paises teem rabos de palha, ninguem tem nada que se armar em policia. O contra ataque eh um must. Estah em http://www.xinhuane.com/
Depois procurem lingua inglesa, o arquivo do dia 12 de marco. Sds da Muleka
16 de Março de 2010 03:24
Anónimo disse...
A lógica monopolista parece fazer parte do manual de "como construir uma economia" do governo angolano. O mesmo governo que promove a criação de um sistema financeiro dominado por uma única empresa, a Sonangol, pode promover a venda do carapau dominada por um único agente económico.Eu começo a achar que Angola só vai melhorar quando certas pessoas esvaziarem as cadeiras...
16 de Março de 2010 10:29
Armado em Polícia disse...
Se ninguém tem nada que se armar em Polícia, então fiquemos apenas com os bandidos, que é o que já estamos com eles.
Muleka, Muleka, Muleka...
Lamentavelmente, alguém tem mesmo que se armar em Polícia.
De outra forma o panorama seria ainda mais aterrador do que já é.
Sorry Muleka.
Anónimo disse...
Meu caro Armado em Polícia…
Também acho que precisamos de polícias. Plenamente de acordo. Mas que não seja ninguém que tenha rabos de palha ou se julga mais inteligente só porque tem armas mais poderosas. Que tal combatermos com as mesmas armas, por exemplo a soco e a pontapés? Ou Karate? Se ainda o tal Polícia armado fosse Sueco, Finlandes...Sds da Muleka
16 de Março de 2010 17:26
"Armado em Polícia" disse...
Este tipo de relatório, por mais que possa ser questionado, tem sempre uma grande utilidade e serve objectivamente a causa dos direitos humanos.
Que eu saiba, os EUA nunca bombardearam ninguém que os tenha acusado de serem igualmente violadores dos direitos humanos, nomeadamente com a maka da sua pena de morte,mas não só.
Muleka,
O ideal seria mesmo que todos os países tivessem capacidade de produzir anualmente um report à escala global.
Infelizmente ainda estamos muito longe desse patamar.Acho, contudo, que países como a China e a Rússia já têm essa capacidade.
Porque não convidá-los a entrarem neste "jogo" mundial dos direitos humanos, em vez de andarem sempre atrás do prejuízo.
Por todas estas e outras razões, acho que os EUA, por quem estou muito longe de morrer de amores, devem continuar a produzir o seu relatório anual elaborado pelo Departamento de Estado.
É muito bem vindo!
Os outros que sigam o seu exemplo e deixem-se de estar a fazer o papel de virgens ofendidas, porque não são.
Na China, na Rússia e em Angola a vida do ser humano continua a valer uma pevide.
16 de Março de 2010 20:47
segunda-feira, 15 de março de 2010
Como a média estatal esteriliza o discurso da oposição
Claramente e depois de termos tido acesso ao conteúdo do discurso, não temos qualquer dúvida em concluir que a matéria do JA esterilizou o discurso de IS, esventrando-o, retirando-lhe tudo e mais alguma coisa, ao ponto de transformar Samakuva, aos olhos da opinião pública, num quase apoiante entusiástico do Governo de JES.
É de facto o cúmulo da manipulação!
Samkavua, para quem eventualmente não o conheça, é só o Líder do maior partido da oposição em Angola.
A oposição política, estamos todos de acordo ou parecemos estar, é essencial a qualquer projecto de sociedade que se pretenda democrático.
Estar de acordo com este postulado e depois, com pinças, retirar do discurso da oposição todas as referências críticas à governação, esterilizando-o, é que não faz qualquer sentido, sendo exactamente isto o que está a acontecer nesta altura, como demonstra o tratamento dispensado pelo JA ao discurso de Isaías Samakuva em Benguela.
O SA, note-se, esteve mais de acordo com a letra e o espírito da intervenção de IS, tendo conseguido com o seu sintético e demolidor título transmitir de forma integral a posição do Presidente da UNITA durante o debate promovido em Benguela pela OMUNGA.
No âmbito da manipulação permanente de toda a informação menos simpática ao regime, a esterilização do discurso da oposição é um método que está agora a ser muito utilizado pelos "MDMs", depois dos seus comissários políticos terem chegado à conclusão que não era possível manter indefinidamente a lei da rolha no seu estado mais puro e duro.
Com tal recurso, a comunicação social estatal, aparentemente, contorna a crítica do silenciamento, que equivale à censura, conseguindo até melhores resultados do ponto de vista estratégico, pois "vende" a ideia que existe em Angola uma oposição completamente domesticada, o que não corresponde à verdade dos factos, constituíndo por isso um violento atentado à ética jornalística mais elementar.
Para não variar.
domingo, 14 de março de 2010
Média estatal vai ser passada a pente fino?
Consta que em perspectiva está a realização de várias sindicâncias.
A confirmar-se esta "dica" nada simpática, as direcções da RNA, TPA, ANGOP e JA vão ter os próximos dias marcados por alguma agitação e muitos suores frios, pois sabe-se, de uma forma geral, que a prestação de contas ainda está muito longe de ser o forte dos nossos gestores públicos, que continuam a lidar muito mal com o rigôr, a transparência e a parcimónia.
No caso concreto desta "ofensiva", que se enquadra perfeitamente no espirito da "tolerância zero", ela só pode estar relacionada com a recente mudança que se operou no Ministério da Comunicação Social, com o aparatoso afastamento de Manuel Rabelais (MR), cuja gestão tem alimentado as mais diferentes informações postas a circular na imprensa e na internet, todas elas bastante desfavoráveis ao anterior titular, com recortes muito complicados para a sua imagem, tendo em conta os robustos valores em jogo e algumas decisões tomadas particularmente ao nível do património estatal.
Carolina Cerqueira (CC), a nova "patroa" do MCS, terá, pelos vistos, optado por querer saber qual foi exactamente a "herança" deixada por MR, antes de pegar a sério no sector, que deverá começar com a nomeação de novas direcções para a TPA e a RNA, os dois gigantes da média governamental e governamentalizada, onde estão localizados os principais problemas da área.
Depois de ter concluído as visitas aos principais médias estatais, Carolina Cerqueira terá já uma ideia do conjunto da "herança" deixada por MR.
Por todas as evidências só pode ser uma "pesada herança", no pior sentido.
CC terá igualmente também nesta altura uma ideia da estratégia a ser implementada no âmbito do relançamento da comunicação social estatal, sendo com alguma expectativa que todos nós aguardamos pelos próximos passos da Ministra, que até agora tem sido muito cautelosa nas declarações em público sobre o consulado de MR, o que se compreende facilmente.
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